segunda-feira, 29 de março de 2010

Teorias da conspiração

Ver intencionalidade em objectos inanimados - a atribuição de características sobrenaturais ao natural - como desenvolvido no "post"sobre o "fine-tuning", parece ser uma herança evolutiva.

Mas mais que confundir determinados padrões com intencionalidade, podemos ver intencionalidade muito complexa onde ela já existe em menor dimensão - as teorias da conspiração - eventuais orquestrações de várias pessoas ou agentes poderosos que referem grandes planos complexos e maquiavélicos para explicar coisas que seriam mais simplesmente descritas de outro modo.

No entanto o "disparar" da conclusão de que é uma conspiração, geralmente parece passar por cima de qualquer outra explicação. O sujeito entra num nível de alerta que é muito primário e rejeita outrsa explicações.

Provavelmente a conspiração era tão frequente durante o nosso desenvolvimento, que um tipo que não fosse sobre-desconfiado de certos pormenores não durava muito. Conspirações há muitas e mais valia errar por excesso do que por defeito e ficar a leste dos acontecimentos.

Porque conspirações existem. O que não é correcto é considerar que afirmar que é uma conspiração serve para explicar alguma coisa, quando sem factos e argumentos não se explica nada.

Uma autor chamou-lhe "aparato de detenção de agencia supersensivel" (1). ("Agencia como atributo de agentes -i.e. que agem.)

E conclusão, ver este sentido de agência onde ela não há está provavelmente relacionado com ver intenção onde ela não há. Serão questões semelhantes.

Congetura-se que seja também uma predisposição nesseçária para se acreditar em deus, que será o "agente ultimo".


(1)http://users.ox.ac.uk/~theo0038/pdf%20files/HADD.rtf.pdf

via Neurologica do Dr. Novella:

http://www.theness.com/neurologicablog/?p=1762#more-1762


E o meu post sobre a aparente existencia de uma afinação do universo para que nós existamos aqui:

http://cronicadaciencia.blogspot.com/2010/03/o-argumento-do-fine-tuning.html



domingo, 28 de março de 2010

Acerca das lacunas e explicações "ad-hoc"

Entretido a pensar sobre a questão dos "níveis de realidade", tal como são propostos na Carta da Transdisciplinariedade assinada na Arrábida por Lima de Freitas e Basarab Nicolesco entre outros, vim a verificar outra coisa importante que também é comum com outras pseudociências.

Se procuramos criar buracos para abrir a realidade a explicações ad-hoc, intencionalmente ou não, por esses buracos vão passar uma data de outras coisas que certamente não estavam previstas aquando do postulado que criou esse buraco.

Se criamos buracos para passar uma explicação a gosto, então vamos abrir um buraco por onde caibam uma quantidade incrível outras coisas. Como os criacionistas de resto têm demonstrado
ao propor uma tecnologia superior à contemporânea à cerca de 7000 anos atrás ou genuínos dragões contra os quais humanos lutaram (ver o blogue do Marcus Sabino a este respeito. Eles acreditam tanto nas lacunas que criam que não se importam em muitos casos de chamar a atenção para que espécie de coisas que por lá passam - ou precisam para tapar outros buracos que abriram sem querer.

Quanto maior a lacuna, mais tretas por lá vão passar. Tretas que depois iniciam uma espiral de inconsistências que requer uma verdadeira cegueira intelectual para não ver. Se o buraco é gigantesco, e a metáfora do tamanho do buraco é ironicamente funcional, a treta é gigantesca. Se criamos um buraco para passar algo maior que o universo, a treta que passa nesse buraco é apenas limitada pela nossa capacidade de fantasiar.

Por poucas palavras, criar lacunas por onde passem Deuses omnipotentes, omnipotentes, omnipresentes e etc, dá lugar não a lacunas mas a majestosos buracos por onde passam todas as coisas mais pequenas que deuses - e sem o mínimo de dificuldade.

A minha crença de que os teólogos do momento não estejam a par do problema é forte. Isto tem-lhes sido atirado à cara quer em metáforas cómicas, quer em explicações sérias.

O facto de preferirem ignorar o problema de abrir para Deus dar abertura para todas as tretas, remetendo isso para que "tal é a vontade deus "( ou isso não é verdade porque deus não quer), diz muito sobre a questão. Não tem solução lógica.

E a saída é a fuga para a frente. Cá vai de atacar o Naturalismo e defender que há consistência num tal sistema lógico. Não há. Por muito completo que seja, porque em potencia explica tudo dizendo que é milagre não permite depois discernir a verdade ao nível mais básico.

Que é propor a um ser consciente que quando a fantasia e a realidade se podem confundir, um meio de resolver o dilema. E não me refiro apenas a deuses. Porque pelo buraco de onde passa um Deus passa tudo. Duendes, fadas, Reikis, etc.

Porque a fantasia, o palpite ou mesmo a "fezada" ficam indistintos da realidade do ponto de vista de validação do que é real. Considerando que uma coisa que é real porque existe na nossa mente, não é necessariamente real fora da nossa mente. Como o Elefante cor-de-rosa que neste momento estou a pensar.

Depois fica o apelo à credulidade para justificar. Porque a nossa é que é a real. E nós é que somos os tais que sabem reconhecer a palavra de deus ou são auto-revelados com o que deus quer.




quinta-feira, 25 de março de 2010

A vida começou num buraco microscópico?

Já ando para escrever este "post" há meses e como hoje veio a propósito de uma conversa no "Que treta", vou pelo menos fazer um curto comentário e deixar o link para o post do Ludwig no blog acima citado.

É sobre a peculiaridade química dada pela forma física de um poro numa rocha porosa numa fonte termal. E que pode explicar porque todos os seres vivos usam ATP para moeda energética.

Lembrei-me deste "post", porque sendo esta hipótese ser verdadeira isso sugere que algures houve o "cruzamento de um buraco com uma molécula de RNA".

Porque provavelmente não houve um "LUCA" ou Last Universal Comon Ancestor, mas sim vários diferentes a trocarem informação e a competirem entre si.

Espero ter aberto a curiosidade para o "post", é só seguir o link:

Níveis de realidade e a transdisciplinariedade mística

Através do Miguel Oliveira Panão (1) vim a tomar conhecimento de um movimento intelectual auto-denominado Transdiciplinaridade (2) que se fundamenta na existência de níveis de realidade.

A Transdiciplinaridade refere-se no entanto a mais que a intersecção de areas de conhecimento. Isso é banal e frequente em ciência e entre a ciência e a filosofia.

Na minha opinião, a dita Transdisciplinaridade, procura mais encontrar uma maneira de tornar todas as áreas de conhecimento relevantes para um problema ( e chamar deus ao barulho) do que encontrar que áreas de conhecimento são de facto relevantes para um problema ou que soluções são pertinentes. Como eles dizem:

" A visão transdisciplinar está resolutamente aberta na medida em que ela ultrapassa o domínio das ciências exatas por seu diálogo e sua reconciliação não somente com as ciências humanas mas também com a arte, a literatura, a poesia e a experiência espiritual." (2) ou

"A transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta com respeito aos mitos, às religiões e àqueles que os respeitam em um espírito transdisciplinar" (2)

E tal como esta interdisciplinaridade ou transdisciplinaridade não é um mero confluir de conhecimentos sobre o universo, tal como proporcionado por equipas académicas multidisciplinares - aqui vale tudo (menos reduzir a realidade a uma única teoria que explique tudo )(3) , até mitos - também os níveis de realidade de que eles falam são mais que níveis de realidade.

Enquanto que pode ser conveniente para o cientista explicar a realidade por níveis de complexidade ou quantidade, e dizer coisas como " ao nível microscópico" ou "ao nivel não do individuo mas sim da sociedade", por exemplo, para conseguir uma abordagem mais clara e explicar mais precisamente o assunto em questão, ele não sugere que estes niveis da realidade tenham realidade própria fora do seu cerebro. A realidade é toda a mesma. E os niveis são niveis apenas para nos podermos por as coisas em gavetas e pensar sobre elas. Nem para as separar serve porque o cientista sabe que não há uma linha limite entre os ditos níveis. Eles são mapa e não território. Servem para ajudar a compreender e não são eles próprios reais fora do nosso cérebro. Tal como a mitologia. Nem muito menos têm um Terceiro escondido como diz o Miguel Panão. (4)

A Transdiciplinaridade é felizmente clara acerca de a realidade ser apenas uma e de os diversos níveis serem níveis da mesma realidade - não de varias realidades. Não é aí que está o problema. O problema está em querer dividir a realidade em níveis (em numero infinito) e pensar que estes níveis estão mesmo lá. Isso é de um reducionismo para além do ingénuo. Nem o reducionismo da ciência vai tão longe.

Os níveis da realidade correspondem abordagens diferentes, a sistemas de conhecimento com poder explicativo diferente, isso tudo. Mas não são da realidade para além do nosso cérebro. São relativas a nós e não ao universo.

Tenho este trabalho todo a falar sobre estes níveis de realidade da transdisciplinaridade , porque eles encaixam noutro padrão que se tornou típico nos agressores do naturalismo. Que é a procura de lacunas no conhecimento cientifico para introduzir as suas ideologias.

E aqui nos níveis de realidade temos o principio do Terceiro escondido - que é a logica da passagem entre níveis - dizem eles - e que serve para... O melhor é fazer copy-paste:

" Por outras palavras, a acção da lógica do ‘meio incluído’ nos diferentes níveis da Realidade é capaz de explorar a estrutura aberta da unidade entre os níveis da Realidade."

Ou seja para enfiar tretas "ad-hoc", uma vez que:

"Esta simplicidade [que é a interdependência universal que por sua vez é a complexidade e que por sua vez é a união entre os niveis de realidade onde está o Terceiro escondido que é a lógica incluída no meio] (5) não pode ser apreendida pela lógica matemática, mas apenas pela linguagem simbólica."

Estes níveis de realidade, que são por estes senhores propostos, têm ainda a particularidade de servirem de prova que deus existe (6).

Mas em conclusão, sejam reais enquanto atributos do universo ou reais enquanto atributos do conhecimento, eles não têm nada na sua propriedade que justifique diminuir a resistência à intuição como fonte de conhecimento . Que é o que a abertura total que eles propõem explicitamente indica (4) .

Porque a intuição é como o palpite. Há para todos os gostos. E como eles dizem, nisso estamos de acordo, a realidade é só uma. Algumas coisas têm de estar erradas.

(1)http://www.blogger.com/profile/13740664307917072565

(2)http://www.redebrasileiradetransdisciplinaridade.net/file.php/1/Documentos_da_Transdisciplinaridade/Carta_da_Transdisciplinaridade_1994_-_I_Congresso_Mundial_da_TransD.doc

(3) Na carta da Transdiciplinaridade referida em (2) pode ler-se no artigo 2º: " Qualquer tentativa de reduzir a realidade a um único nível regido por uma única lógica não se situa no campo da transdisciplinaridade."

(4)http://cienciareligiao.blogspot.com/2009/02/idea-de-niveis-de-realidade-para-com-as_16.html

(5) parece confuso? Não, esta tudo aqui na referencia (4) mas eu ajudo:

Ele diz que: " O axioma lógico: a passagem de um nível da Realidade para outro é assegurada pela lógica incluida no meio."

e depois diz:

"Todos os níveis da Realidade estão interconectados através da complexidade. De um ponto de vista transdisciplinar, a complexidade é a forma moderna do princípio antigo da interdependência universal. O princípio da interdependência universal encerra a máxima simplicidade possível que a mente humana pode imaginar, a simplicidade da interacção entre todos os níveis da realidade. Esta simplicidade não pode ser apreendida pela lógica matemática, mas apenas pela linguagem simbólica."

(6) http://cienciareligiao.blogspot.com/2009/03/como-pode-deus-agir-sem-intervir.html onde diz " Que sinais podemos então ver nos avanços mais recentes do conhecimento científico que possamos interpretar como marcas de Deus-Trindade na criação? Existem três: a complexidade e auto-organização; o conceito de informação; a teoria de níveis da Realidade."

terça-feira, 23 de março de 2010

Urgências de homeopatia

That Mitchell and Webb Look... Homeopathy.

Traduzido e tudo, aqui:


Para ver, rir e aprender (não pensei que se pudesse ridicularizar o ridículo, mas eles conseguem e sem inventar).

Via blog "Cultura Cientifica"


Modelos sobre a consciência - o Espaço de Trabalho Global

Um dos modelos que propõe a tarefa árdua de explicar como funciona o cérebro a nível da consciencia é o modelo denominado "Global Workspace"proposto por Bernard Baars em 1983.

Durante cerca de 15 anos, não houve nada que o destacasse de outros modelos do ponto de vista cientifico, mas recentemente alguns estudos foram publicados (1) que suportam as suas previsões.

O modelo descreve o cérebro como tendo uma rede global de neurónios, unindo diversas áreas do cérebro que corresponde à consciência. Neste modelo, o processamento cerebral pré-consciente tem lugar em sítios localizados no cérebro, como por exemplo o córtex visual, olfactivo, etc, e a união destas áreas seria então a base da consciência, ao ser capaz de integrar devidamente esta informação.

Não haveria portanto um lugar no cérebro único que fosse a base da consciência, mas sim por todo o cérebro haveria uma estrutura neuronal que funcionasse sincronamente para proporcionar a sensação de ter consciência do que se sabe.

Essa rede, ou uma candidata forte foi entretanto detectada com um grau de certeza muito elevado. Assim como uma série previsões da teoria forma confirmadas, como por exemplo um atraso entre a visualização de um estimulo e a sua tomada de consciência.

Os locais por onde esta rede anda dentro do cérebro estão também identificados em relação a algumas regiões como por exemplo a D.M.N. (default mode network), o que era crucial para poder estudar o modelo.

Os neurónios dessa rede disparam quando se toma consciência de algo, mas permanecem num estado inativo se a percepção não chega ao nível consciente.

Ainda existe muito por explicar, mas a sustentação empírica deste modelo abre muitas portas e novas questões. Mesmo depois de explicada a base neurológica completa do "espaço de trabalho global" - que me parece ser tão real como o córtex olfactivo por exemplo - fica ainda por explicar o que é que é a sensação de nós próprios. E o que produz a consciência de se ter consciência. Que é onde reside o problema mais árduo.

Mesmo que a sensação de nós próprios seja a integração do imagem interna do nosso organismo com o que vem da imagem do ambiente (algo crucial para se ter uma sensação de estar dentro do corpo (2)), este modelo não sugere como isso se faça exactamente. Mesmo que venha mostra-lo durante o seu aperfeiçoamento (estas coisas acontecem em ciência).

Apenas sugere onde isso acontece. Que é numa rede que une locais afastados do cérebro, por todo o cérebro e anatomicamente bem localizada de tal modo que já sabemos como a encontrar.

O que quero dizer é que de forma alguma o modelo, por mais atraente que seja ( e realmente, é) sugere que as coisas acabem por aqui, pois esta "área de trabalho global" parece-me quetem ela própria quase tudo por explicar.

No entanto é mais uma dor de cabeça para os dualistas que querem explicar a mente com algo mais do que o cérebro.

(1) Este "post" veio quase integralmente de um excelente artigo da New Scientist que tem os links para os estudos mencionados:http://www.newscientist.com/article/mg20527520.400-firing-on-all-neurons-where-consciousness-comes-from.html


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sexta-feira, 12 de março de 2010

O argumento do "Fine Tuning" desmistificado

O "Fine Tuning" é um argumento de intencionalidade baseado na aparente organização e "afinação precisa" do universo. Chamo argumento de intencionalidade porque é a atribuição de intenção ao facto de o universo ser regido por leis e constantes que se não fossem exactamente estas, o universo era muito diferente.
Se as leis fossem apenas ligeiramente diferentes, e as constantes conhecidas apenas ligeiramente alteradas, uma qualquer, o universo teria uma aparência absolutamente diferente. Podia ser tudo só protões por exemplo. E no entanto é de tal forma que parece desenhado especificamente para a existência humana - é o chamado principio antrópico.
O facto de este universo ser como é e não de outra maneira, dizem os crentes, é a prova que ele foi criado com um intenção. O céptico responde que se o universo fosse de outra maneira, nenhum de nós estava aqui para fazer a pergunta, pelo que não deveria ser motivo de espanto o universo ser de modo que permita a existência de vida inteligente.
E eu naturalmente, estou de acordo com o céptico. Chama-se a isto o princípio antrópico fraco. E se assim não fosse teríamos de concluir que o universo foi desenhado não para existir o homem mas sim para existirem parasitas. De facto, um ténia poderia gabar-se que o intestino humano parece especialmente concebido para que ela exista e o universo concebido especialmente para que existam intestinos humanos. Isto se levar-mos a sério a questão da intencionalidade.
Por outro lado, a situação é um bocado análoga a perguntar porque é que pi tem o valor que tem. É porque não podia ter outro. Se não, não era uma esfera. O crente argumentará que existem outras constantes que parecem ter uma origem mais arbitrária e portanto poderiam ser de outra forma. Para além de eu não saber se podiam ou não ter outra forma, uma vez que tenho de dizer que em alguns casos não posso provar que podiam, apenas posso dizer que é tão legitimo dizer que podiam como não podiam.
Mas nem é este o meu argumento principal. O meu argumento principal é que essa intencionalidade tem origem na mesma tendência humana de atribuir intenção a outros fenómenos naturais, e que não há nada de racional acerca disso. E que sendo esta a explicação mais simples e plausível, não devemos partir para outra sem provas.
A atribuição de intencionalidade a fenómenos naturais esta bem documentada. Para além do "fine tuning" que é dos últimos redutos, podemos ver como o vento, os trovões, a chuva, a vida, a sorte, a doença, etc, foram todos em dada altura explicados por vontades de deuses, duendes ou demónios. Conforme fomos compreendendo melhor estes fenómenos e os fomos capazes de explicar de uma forma mais precisa, fomos empurrando a intencionalidade para outras coisas que ainda não podíamos explicar.
Provavelmente a atribuição de intencionalidade à natureza foi muito útil. Durante milénios foi a melhor explicação possível, o que terá proporcionado alguma sensação de controle. Por outro lado, identificar intenção num fenómeno desconhecido, deverá ter salvo muitas vidas. Porque mais valia elevar o nível de alerta para um fenómeno natural, estar enganado mas sobreviver, do que considerar que determinado fenómeno era devido ao acaso e perecer nas garras de um predador com intenções homicidas (1). Ter medo do escuro, ver formas nas sombras ao luar, atribuir intenção a sons e barulhos, terá salvo muitas vidas e terá sido por esta razão seleccionado positivamente ao longo da evolução. E terá sido o inicio da crença no sobrenatural, que não é mais do que ver intenção onde ela não existe. Isso provavelmente nasce connosco (2).
Resta-me agora terminar, depois de ter adiantado uma explicação simples, verificável na história e ciência para o argumento da intenção ou do desenho inteligente concluir que fazê-lo não é sequer lógico.
Pois se consideramos o "Fine Tuning" como argumento directo para intencionalidade, ao postularmos um criador para que seja a origem dessa intencionalidade passamos a ter de explicar em deus essa mesma intencionalidade. Porque tudo em deus parece ser ainda mais perfeitamente organizado para que possa criar um universo.
Na realidade, o argumento do "Fine Tuning" é só uma variante do argumento de S. Agostinho que diz que o universo é tão organizado que só pode ter tido um criador mais organizado que ele próprio. E que da origem sempre a termos de ter criadores para o criador até ao infinito.
A questão está em que explicar complexidade de uma entidade postulando uma entidade acima só "empurra para cima" a solução do problema. Se o universo é tão complexo que "aparenta Fine Tuning", como é que postular algo ainda mais complexo e inexplicável resolve o problema da origem da complexidade e "Fine Tuning"? Se o universo é tão complexo e afinado que parece ter sido concebido inteligentemente para um fim, como é que postular uma entidade ainda mais complexa e afinada resolve o problema?
Afinal o que é mais provável que surja do acaso, a entidade mais complexa ou a menos complexa? É que se é a primeira, não implica que deus existe, porque a complexidade não é um problema para explicar por si, teríamos de provar primeiro que deus existe então para presumindo que deus é mais complexo, explicar a segunda. Se é a segunda voltamos a não precisar de deuses porque aceitamos que o mais provável é o universo ter aparecido primeiro.
E agora a explicação do titulo, para quem não tiver ficado convencido. Eu não disse que era a refutação do argumento do "fine tuning". Essa só o conhecimento profundo do universo trará, conforme for mostrando porque é que as constantes têm o valor que têm, se o universo só pode ser este ou não, etc.
Isto é mostrar que o argumento do "Fine Tuning" é fraco e que há outras abordagens não só muito plausíveis, como mais consistentes com o que se sabe e pode saber. É desmistificar. Tornar mais claro e não tornar mais confuso.
Se o universo podia ser de outra maneira que não albergasse vida, é óbvio que não teria ninguém a questionar-se sobre esse problema. Se não podia então o problema nem se põe.
E para aqueles que estão a pensar na sorte deste universo ter aparecido pensem na sorte que foi entre milhares de espermatozóides e de óvolos que existem no universo se terem juntado logo os que davam origem a si. Fantastico, não? Há, e parabéns. Mas não esqueça que o universo não foi criado para a ténia e pela mesma razão, nem para si. Podia ter sido outro espermatozóide, ou outra constante...


(1) ler mais aqui e na bibliografia deste post:
http://cronicadaciencia.blogspot.com/2010/03/porque-e-que-os-liberais-e-ateus-sao.html


(2) : Neste post refiro um estudo pertinente para o assunto onde se sugere que a capacidade de reconhecer vida seja inata e possa por vezes dar falsos positivos:
http://cronicadaciencia.blogspot.com/2009/09/reconhecer-vida-e-inato.html


Nota: Há de facto evidencia cientifica que mostra que estruturas organizadas não precisam de ter origem numa mais organizada ainda. A entropia pode, raramente, andar para trás:
http://cronicadaciencia.blogspot.com/2010/02/consumo-de-entropia.html

Update: desde que escrevi este post foram publicados estes dois livros com interesse para o tema:

1 - Do Stephen Hawking, "O grande Designio", minha "review" aqui: http://cronicadaciencia.blogspot.com/2011/02/stephen-hawkings-and-leonard-mlodinow.html

2 - Do Victor Stenger, "A Falácia Do Fine-Tuning" aqui: http://cronicadaciencia.blogspot.com/2011/07/fallacy-of-fine-tuning-por-victor.html

segunda-feira, 8 de março de 2010

Porque é que os liberais e ateus são tendencialmente mais inteligêntes?


A Hipotese QI-Savana, uma possivel teoria sobre a inteligência geral
"Porque os liberais e ateus são mais inteligentes" é o nome de um extenso artigo de Satoshi Kanazawa da London School of Economics and Political Science e publicado na revista da Associação Americana de Sociologia, a Social Psychology Quaterly.
O artigo é sobre o teste experimental de uma hipótese abrangente sobre a origem da inteligência, gostos e valores. Diz a hipótese que a inteligência geral é o produto evolutivo da exposição a novas situações. Novas, mas não do ponto de vista da experiencia particular pessoal mas sim relativa à experiencia evolutiva total como espécie.
Ou seja, será a capacidade adaptativa a condições tão novas que não poderá ser procurada a solução entre as coisas que como espécie já não são novidade.
Esta hipótese, denominada "Hipótese da Interacção QI-Savana" é uma implicação do Principio da Savana.
Que diz o seguinte: "O cérebro humano tem dificuldade em compreender e lidar com situações e entidades que não existiram no seu ambiente ancestral."
Então ele propõe o seguinte: "Se a inteligência geral evoluiu para lidar com problemas evolucionariamente novos, então a dificuldade do cérebro humano de lidar com entidades e situações que não existiram no seu ambiente ancestral [a savana] deve interactuar com a inteligência geral de modo que o principio da savana aparece mais forte entre indivíduos menos inteligentes que entre indivíduos mais inteligentes."
Ou seja: "Indivíduos mais inteligentes devem ser capazes de compreender e lidar com entidades e situações de novidade evolutiva (mas não evolutivamente familiar) do que os menos inteligentes."
O que já explica:
Como todas as boas hipóteses cientificas deve explicar o que já se sabe e o autor nomeia entre os factos conhecidos que suportam a sua hipótese quatro constatações estatísticas conhecidas:
1 - A tendência para responder a personagens de televisão fictícias como se fossem realmente amigos conhecidos está correlacionada mais fortemente com inteligências mais baixas. Que ver na televisão um mundo parecido com o real mas que não é real é novidade para a espécie humana não precisa justificações.
2- Pessoas menos inteligentes têm mais crianças que pessoas mais inteligentes, mesmo quando não o querem, explicado pela hipótese com a novidade que é a capacidade de planeamento familiar do ponto de vista evolutivo.
3 - Indivíduos mais inteligentes mantém-se mais saudáveis e vivem mais tempo. Provavelmente porque são capazes de reconhecer os novos perigos da sociedade moderna para a saúde e de lidar com eles. Consistente com esta hipótese é o facto de esta correlação não ser verdadeira em África onde a maioria das ameaças são evolutivamente familiares.
4 - Criminosos têm um QI abaixo da média, pois a intervenção de terceiros para impor justiça é algo relativamente novo para a humanidade. Antes a justiça era feita pelo próprio ou pelos aliados e familiares. Na melhor das hipóteses a interferência de terceiros seria uma punição informal como ostracismo, nada como os mecanismos complexos e mais eficazes dos dias de hoje como policia, detectives, tribunais, etc. Diz o autor que "muito do que chamamos crime interpessoal nos dias de hoje, como violação, assassinato, assalto e roubo foram provavelmente rotina no ambiente ancestral". (Pelo que sei nem é preciso ir até aos dias da Savana...)
As condições testáveis que suportam a hipótese. Capacidade de fazer previsões:
O autor estabeleceu então uma base e uma hipótese a partir da qual deve fazer previsões. Conclui neste aspecto que deve procurar mais variáveis que sejam novas do ponto de vista evolutivo e não pessoal para criar condições em que a teoria é posta à prova. Depois de uma investigação antropológica encontrou 3 parâmetros que serviam para o caso: O grau de liberalismo, ateísmo e monogamia. Porque são experiencias novas do ponto de vista da espécie humana, e é de prever que estejam fortemente correlacionadas com a inteligência. Se a hipótese QI-savana for verdadeira.
1 - Houve algum problema com a questão do liberalismo, pois este parece querer dizer várias coisas para várias pessoas e em vários contextos, mas o autor notou que as pessoas que se identificavam como mais liberais eram também aquelas que mais se preocupavam com o bem estar daqueles que estavam muito afastados da sua esfera de actividade, para lá dos laços de família amigos, aliados e conhecidos. O altruísmo geneticamente herdado é aquele que é relativo aos seres humanos mais próximos. A vida interactiva de grandes cidades numa comunidade global é algo de muito novo.
2 - O ateísmo. É aceite que a atribuição de intencionalidade a fenómenos naturais terá levado a uma crença no sobrenatural. Muito resumidamente, o autor explica que mais vale acreditar que o barulho do vento nos vem comer que ignorar o dito barulho e acabar na boca de um predador porque afinal não era o vento. Ou seja, identificar positivamente intenção salvou mais vidas que considerar como devido ao acaso determinado fenómeno. O medo do escuro aposto que salvou milhares de vidas, digo eu.
3 - Monogamia. A monogamia como existe hoje também é algo de novo na espécie humana, apesar de haver espécies onde a monogamia existe evolutivamente falando há muito tempo. E é a ultima das caracteristicas testadas com sucesso para suportar a hipotese da interação QI-Savana. E curiosamente a única cujo resultado apareceu em varias revistas de divulgação geral. Os homens mais inteligentes, mas não as mulheres, tendem a ser mais monogamicos.
Conclusão:
Todas estas três características mostraram uma correlação forte com a inteligência, como era previsto na hipótese. A análise estatística foi feita em dois estudos de grandes amostras e durante vários anos. Apesar de ser também extremamente interessante, inclusive a discussão sobre o método de medir a inteligência, penso que a grande importância deste artigo não é a metodologia particular.
Ou sequer a constatação do facto de que os ateus e/ou liberais e/ou monogâmicos tendem a ser mais inteligentes.
O interesse do artigo é mesmo, como diz o titulo, propor uma explicação para o facto de os ateus, liberais e monogâmicos serem relativamente mais inteligentes que os crentes, conservadores e religiosos. E uma explicação que é abrangente e que abre terreno a mais investigação.
A minha modesta opinião é que se trata de um trabalho de extrema importância na sociologia e psicologia humana. E um profundamente cientifico. Prevejo um grande debate acerca destas questões - e um que interessaria a toda a sociedade - se formos seres humanos capazes de discutir isto abertos à novidade e longe de preconceitos. Com inteligência.

sábado, 6 de março de 2010

Ora aqui está uma ideia interessante...

Na sua palestra famosa “Cargo Cult Science” Richard Feynman disse: “Details that
could throw doubt on your interpretation must be given if you know them. You
must do the best you can – if you know anything at all wrong or possibly wrong –
to explain it. ... [t]he idea is to give all the information to help others to judge the
value of your contribution”.

Ou seja, quando um cientista torna publico um trabalho deve revelar também todas as questões que podem por em duvida as suas conclusões.

Por outro lado, por exemplo David Goodstein (1) afirma que um cientista tem a obrigação de defender com unhas e dentes o seu trabalho. Deixando o problema da refutação para outros. E que na realidade é o que fazem, por vezes até em face de evidencia oposta.

São contraditórias estas ideias? Eu penso que não. Um cientista honesto, e em grande parte eles são, pelo menos em relação à ciência (1), deve ter a sua interpretação bem avaliada antes de a apresentar e ser capaz de mostrar que conhece possíveis fraquezas e mostrar porque não refutam o coração do trabalho. E defender isso com unhas e dentes... Para termos todos a certeza que se perder a discussão é porque provavelmente tinha mesmo falhas fulcrais.

(1) David Goodstein, How Science Works: http://www.its.caltech.edu/~dg/HowScien.pdf

sexta-feira, 5 de março de 2010

O aquecimento global é quase de certeza causado pelo homem.

É o resultado de mais um estudo de um grupo de cientistas internacional liderado por membros do Met. Office.

Ver a noticia aqui, no The Guardian:

http://www.guardian.co.uk/environment/2010/mar/05/met-office-analysis-climate-change

Citação:

"According to Nasa, the last decade was the warmest on record and 2009 the second warmest year. Temperatures have risen by 0.2C per decade, over the past 30 years and average global temperatures have increased by 0.8C since 1880."

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Existe um bom apanhado da ciência climática na edição da "Science e Vie" deste mês. Para quem não se importa de ler em francês.

Aponta questões como o aquecimento global ser um facto para o momento presente. Pelas perdas das massas de gelo, pelas alterações verificadas na biologia, pela subida no nível das aguas do mar, pelo aumento de CO2 e outros gases na atmosfera. E que a causa mais provavel é a contribuição humana, porque não se encontra outra explicação e esta é esperada desde que o efeito de estufa foi descrito em 1800.

Em resumo, a melhor explicação possível para os fenómenos conhecidos é um aquecimento global antropogénico. Não há nenhuma explicação alternativa com um mínimo de consistência.

Existem falhas nesta teoria, mas é a melhor. E nenhuma falha que sugira que a teoria que diz o oposto ( aquecimento global não é causado pelo homem ou não existe) seja a mais correcta. Isso é algo que podemos compreender. É uma questão de aceitar ou não.

Acerca do Sol e do que este causa há muito para saber. Mas do que se pode saber, não é o Sol que esta a causar este aumento de temperatura. Porque o factor que se sabe ter variado não é esse. É o dos gases de estufa.

Não há maneira de fazer uma fogueira à escala mundial e queimar combustível à grande sem aquecer o planeta. Há que aceitar isso e agir. Já.



Poderes Psiquicos. Um "rant" merecido.

O "discovery channel" publica um interessante artigo sobre pessoas desaparecidas e psíquicos, e onde deixa um juizo importante sobre o assunto. Um que devia ser aplicado a tudo, desde medicinas alternativas a qualquer tipo de feitiçaria.

Se os psíquicos podem enriquecer a alegar encontrar pessoas desaparecidas, e eles dão exemplos desses casos, então deviam pagar pelos casos que disseram que sabiam resolver e não resolvem e que custam tempo e dinheiro à policia de ir confirmar se é verdade ou não. 

Porque não existem casos bem documentados de psíquicos a encontrar pessoas. Claro que a habitual evidencia anedótica abunda, mas evidência anedótica existe para tudo.

Eles dão um concelho giro. Pense em todas as pessoas desaparecidas que *já* ouviu falar, e vá ver quantas foram encontradas devido a psíquicos. Ou faça isso a partir de agora. 

E porque continuam tantas desaparecidas? Onde está a maddie?

É treta e é aldrabice e têm de pagar por isso. Médicos, engenheiros, policias, etc,  são responsáveis pelos seus erros e têm de demonstrar que não estão a agir à toa.

Porque é que este tipo de actividades pode viver no "diz que disse" e "só não funcionou por acaso". 

Porque é que a sociedade permite dois pesos e duas medidas?

Se as probabilidade de encontrar uma pessoa por um determinado psíquico não aumentam, esse psíquico está a mentir. Simples. Errou uma vez porque é humano? Toda a gente erra. Também se tiver de pagar os estragos só ocasionalmente não vai à falência. E se falhou por uns metros, também pode ter direito a justificação. 

Mas errou completamente? E sempre?  Vai para a penúria em vez de enriquecer coleccionando fracassos.

Por isso: Não descobre ninguém? Nem aumenta a taxa de sucesso? Está a enganar ou  enganado.

Tem de pagar pelo menos o que fez gastar para se mostrar que estava errado. Tal como um outro profissional tem de pagar o advogado se fizer uma asneira tão grosseira como fazer o oposto do que prometeu.

Ver aqui:http://news.discovery.com/human/missing-persons-and-abductions-reveal-psychics-failures.html


PS: Nos comentários há leitor que escreve: "Titulo de noticia:  Psiquicos ganham outra vez a lotaria - multidão protesta contra a participação de quem pode prever resultados." e depois pergunta: "porque é que nunca se vêm noticias assim? ". Achei piada.

Quiropraticos sob pressão no Reino Unido. Justiça finalmente?

Depois de a associação britânica dos quiropráticos, BCA, uma pretensa medicina alternativa, ter processado Simon Singh (1) um popular escritor de ciência, a comunidade céptica ficou com os olhos postos no caso.

Descobriu que a própria BCA tinha nos seus regulamentos que os quiropráticos não podiam fazer propaganda para tratamentos para os quais não houvesse evidencia cientifica.

O que resultou num esmiçar severo da cumunidade ceptica da blogosfera às alegações de cada quiropratico. Como a quiropratica não tem evidencia cientifica para nada que não seja o bem estar de uma massagem (2) , a coisa correu muito mal à BCA. Um quarto dos membros da BCA já tem uma queixa de violar esses regulamentos - e alguns são membros da administração.  A BCA teve inclusive de contratar mais seis pessoas só para lidar com a papelada envolvida - e queixa-se de falta de dinheiro.

Não é só na homeopatia que se começa a tornar publico que "o rei vai nú". Na quiropratica também. Quando é que se denuncia a acunpunctura? a urinoterapia? o reiki? etc. Tretas sem o mínimo de provas reais ou teóricas.

Ver mais aqui:

http://www.guardian.co.uk/science/2010/mar/01/simon-singh-libel-case-chiropractors

Notas: 

(1)http://cronicadaciencia.blogspot.com/2009/05/nao-denunciem-ou-nos-processamos.html

(2)http://cronicadaciencia.blogspot.com/2009/06/simon-singh-vs-bca-update-as-evidencias.html


quarta-feira, 3 de março de 2010

A moral objectiva

Para defender que Deus existe agora argumenta-se (outra vez) que a moral é objectiva  e que só pode ser objectiva se deus existir

- e  logo deus tem de existir. 

Mas quando chega à altura de mostrar que a moral é objectiva ficam os defensores desta tese  sem recursos. Porque não têm saída.

Porque: 

Se a moral é objectiva porque há coisas que são consensuais, é falso. Nem tudo é consensual. E o que é consensual é porque é fácil de explicar relativamente a outras opções morais. Istp se for de facto justificável porque senão não passa de um "ad populum".

Se se  justificar a moral objectiva por ser a melhor, é ser redundante. Não acrescenta justificação.

Se determinada regra  moral é objectiva por ser a mais racional, então isso é o que defendem os ateus - que a justificação deve ser baseada na inteligência e no respeito pelos outros. (excepto que não consideram que objectiva seja igual a ser a "melhor possível").

Se a moral é objectiva por ser o que deus quer, então é preciso provar que deus existe e mostrar como sabemos que é o que deus quer.  E não se pode  provar que deus existe porque a moral é  objectiva e que a moral é objectiva porque vem de deus. Ciclo vicioso.

Se se disser que a moral tem de vir de deus porque temos de ter uma moral objectiva - chama-se a isso  "wishfull thinking", uma falácia conhecida.

Mas a moral não é objectiva. É um conceito relativo ao homem - relativo aos agentes morais, ao sujeito. É por isso subjectiva. E deve ser aberta a refutação e critica. E pode ser avaliada apesar de ser relativa, tal como o espaço ou o tempo. 

O facto de se chegarem a consensos mostra como a inteligência e a empatia têm um papel na sua génese. 

Em suma, quando se diz que a moral x é objectiva é preciso mostrar que é de facto objectiva, melhor que as restantes opções e porquê. Se não forem capazes de o fazer, é porque não é objectiva. Se forem capazes de o fazer só mostram que não precisam de deus para o fazer. A não ser que mostrem como sabem que a moral vem de deus. 

Há! E o perigo não é não ter uma moral absoluta. É achar que se a tem. E agir autoritariamente dizendo que se esta a fazer o que deus quer. Sem realmente saber o que deus quer, ou se existe.


PS: Parece que alguém quer definir como objectivo como aquilo sobre o qual se pode pensar. Whatever. Aproveito apenas para lembrar que: Se se chama objectiva à moral por outra razão qualquer que não ser de origem divina, não implica que deus exista. E carece de prova que tenha origem divina. Senão toda a ciência, toda a poesia, até as autoestradas provam a existência de deus.