segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Reconhecer vida é inato.

A discussão entre o que é inato e adquirido é um antigo debate filosófico que está a cair a passos largos no domínio da ciência. Processos de imagiologia por  ressonância magnética funcional (fMRI) ou a tomografia por emissão de positrões (Pet scan), são capazes de mostrar com relativa precisão que area do cerebro esta a funcionar em cada momento. 

Num artigo mais ou menos recente, mas que não vi ainda mencionado na blogosfera em português, investigadores de várias universidades, incluindo Harvard e Cambridge, concluiem que a capacidade para distinguir entre seres vivos e inanimados é inata. Ou seja, não depende de aprendizagem, já nascemos a saber faze-lo. 

Press release aqui:

http://www.eurekalert.org/pub_releases/2009-08/cp-ner080709.php

Para além das implicações no já referido debate "inato vs adquirido" -(em que sugere que "haja partes significativas do cérebro humano que estão inatamente estruturadas em volta de nucleos de conhecimento que foram importantes durante o processo evolutivo) -  mas há outras coisas onde esta decoberta permite considerações interessantes.

É bem plausível considerar  que este sistema neurológico esteja implicado em ilusões de aparições subrenaturais. Coisas que parecem vivas, se despoletarem a resposta positiva deste processo, vão ser indentificadas como tal, sem que qualquer duvida seja colocada nessa interpretação. Sombras, manchas, padrões acidentais, etc. Muito duende e extraterrestre pode ter surgido assim. 

Que o cerebro humano funciona identificando padrões, ja tinha aqui escrito. Como o cérebro se pode enganar ao avaliar esses padrões tambem já tinha explicado, sobretudo porque tende a tentar encontra-los (padrões) em todo o lado. E como preenche as falhas da imagem que reconstroi a partir da realidade, (sem que nós tenhamos consciência), acabamos por ver coisas que não existem nas nuvens, nos nós da madeira, nas manchas de muros, etc. Tinha escrito sobre isto quando escrivi sobre o desígnio inteligente.

O que há de novo, e que vem dar ainda mais força a esta explicação,  é que existe um mecanismo que serve para identificar como "vivo" certos padrões. 

Eu diria, que o argumento do desígnio inteligente se apoia fortemente neste processo antigo do cérebro humano. Leva-nos a crer que, aquilo que sentimos quando vemos vida, a identificação expontanea e imediata do que é vivo, é nada mais que a prova imediata de que estes seres vivos têm um criador inteligente.

Mas talvez também por isso, quando aparecem as comparações de seres vivos com relógios e com outros objectos artificiais, não possamos deixar de considerar que apesar de tudo, nunca confundiriamos uns com os outros. Mesmo sem pensar muito, a diferença é imediata. Sabemos identificar o padrão orgânico em apenas alguns instantes. A tentativa de fazer confundior isso com desígnio inteligente é uma esperteza.

Saloia, claro.

Via Neurologica do Steven Novella:

http://www.theness.com/neurologicablog/?p=768

Sobre o reconhecimento de um padrão orgânico como sendo o argumento de desígnio inteligente tinha escrito isto:

http://cronicadaciencia.blogspot.com/2009/06/designio-inteligente-e-o-cunho-pessoal.html

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