O que é a ciência?
Parte I - O método.
O método não define a ciência segundo os filósofos da ciência mais actuais. Mas é um ponto de partida óptimo para explicar o que é a ciência. E é historicamente a resposta típica do que é que define a ciência. Por isso começamos por aqui.
Passo a passo:
1- Observação e caracterização do objecto de estudo. - Tentar reunir o máximo possível de informação sobre o assunto que queremos estudar, mantendo de fora o que não pertence a esse assunto. Pode demorar anos. Aliás pode demorar gerações.
2- Formulação de uma hipótese. – depois de reunida a maior quantidade de informação pertinente que nos foi possível, está na altura de por o cérebro a funcionar para imaginar uma solução que explique os dados observados. Podem ser precisos vários cérebros!
3- Experimentação. – Formulámos uma hipótese e agora a pergunta chave. Será que é verdade? Vamos fazer o “reality check”. Vamos ver se as coisas se passam como nós dizemos ou não. Se não, pode ser preciso começar tudo de novo.
4- Teorização.- Se a experiencia foi conclusiva e de acordo com a nossa hipótese essa hipótese começa a estar em condições de se chamar teoria. Essa teoria deverá permitir fazer previsões racionais e explicar o que já se conhece.
Cada um dos passos que eu referi tem os seus próprios sub-passos descritos e tipo de raciocínios implicados (dedução, lamina de occam, etc). Qualquer facto observável é passível de se submeter ao método. Mesmo fenómenos cuja ocorrência é muito baixa, ou seja, que acontecem raramente, são passíveis de se submeter ao método. Neste caso pedimos a ajuda de ferramentas matemáticas como a teoria da probabilidade e a estatística. Se um fenómeno não é observável pelos nossos sentidos podemos usar também outras ferramentas, como por exemplo microscópios, telescópios, aceleradores de partículas com detectores, etc… Adicionalmente o método é versatil. Existem na realidade varios métodos que são adaptações da ciencia à questão particular em estudo.
Sempre presente na ciência, e sem duvida um dos aspectos que também a caracterizam é a sua abertura à refutação. É preciso que tudo seja feito de modo que outros possam compreender e avaliar. E refutar ou sustentar conforme o caso.
5- Peer-review:
Um factor muito importante portanto é deixar escrito e arquivado o modo como colhemos as observações, como funcionam as nossas ferramentas e como as usamos, como foi testada a hipótese, etc. Tudo ao mais pequeno pormenor. Isto é mesmo muito importante porque quando chegamos ao passo 3 ou 4 as coisas ainda estão a começar. Chegou a altura do resto das pessoas que se dedicam ao estudo dos mesmos assuntos que nós - os nossos pares - esmiuçar completamente o nosso trabalho e tentar encontrar erros ou verificar, repetindo muitas vezes a experiencia, se estamos a dizer a verdade. Ou mesmo se fizemos a experiencia adequada!
Na prática as coisas funcionam assim: Se nos parece que esta tudo bem feitinho na nossa pesquisa, vamos tentar publicar na melhor revista da especialidade possível. Nessa altura o texto que descreve o nosso trabalho é submetido ao “peer-review”, a avaliação pelos pares. O "peer-review" faz parte do método. Pode surgir em qualquer fase do processo. Pode-se por exemplo querer publicar apenas observações. Continuando. Um júri da revista vai enviar o trabalho a um grupo de cientistas da nossa área de investigação e eles vão dar o seu melhor para tentarem evitar que o nosso trabalho seja publicado. Como a única maneira que têm de o fazer é encontrando erros, é a isso que se dedicam. Se passarmos no exame, então o texto será publicado. Mas agora toda a gente, em todo o mundo esta a ver o que nós fizémos e vai tentar ver por sua vez se é verdade. Muitos vão mesmo repetir as nossas experiencias, vão pegar na teoria e dizer “se isso é assim então tal deverá ser assado” e desenham novas experiencias para por a teoria que nos deu tanto trabalho a elaborar em causa.
Agora sim, depois disto tudo a nossa teoria terá passado a fazer parte do corpo de conhecimentos que representa a ciência. Uma tarefa difícil como se pode ver.
Outra caracteristica da ciencia é o facto de o corpo do conhecimento científico se poder e dever comportar como um puzzle em que as peças vão sendo apanhadas de varios sitios e se vão encaixando aos poucos. E ter uma nova peça a encaixar neste puzzle é motivo de grande orgulho. E para dizer a verdade uma peça que não encaixe também. Vai por uma data de gente a procurar onde está o problema.
Também se percebe por aqui que qualquer objecto de estudo novo é algo que os cientistas adoram. Não lhes passa pela cabeça deitar para o lixo algo que ainda não se conhece. É difícil ter a oportunidade de fazer uma grande contribuição científica. Nada como ir para onde ainda ninguém foi.
Continua a ser a melhor maneira possível de explicar o universo.
Parte II - Para além do método
A ciência evolui - para além do acumulo de conhecimento.
Talvez o que distingue a ciência da filosofia seja o empirismo sistemático. Enquanto que a filosofia se preocupa com o que é que podemos saber e como podemos saber, a ciência actua como se a resposta para isso fosse dada pelo próprio progresso do conhecimento.
Em alguns casos em que os princípios filosóficos da ciência não eram suficientes para continuar a progredir, a estrutura procedural da ciência alterou-se de modo a conseguir encontrar mais respostas. Um bom exemplo foi a passagem do verficacionismo para o falsificacionismo, notada à posteriori pelos filósofos da ciência. À posteriori porque a ciência já estava a funcionar com a forma de falsificacionismo mais actual quando Popper lançou as linhas mais gerais. Darwin e Einstein foram os verdadeiros revolucionários.
Ambos mostraram como o conhecimento continuava a progredir sem que a ciência se validasse "à moda antiga". Observação directa e verificacionismo ficavam obsoletos ainda antes de ser decretado o seu fim.
O empirismo sistemático e metodológico não foi ultrapassado mas ganhou uma nova dimensão ao admitir-se que se conseguimos prever o futuro além de explicar o passado, em relação a uma determinada questão, é porque provavelmente conhecemos um fenómeno.
A plausibilidade
E "provavelemente" é o melhor que podemos dizer. Porque provavelmente não podemos ter a certeza de nada. E em termos absolutos a ciência não deveria provar ou validar-se a si própria. Daria um problema de auto-referencia sem solução. Mas este é um problema para qualquer forma de conhecimento. Pois se tentamos justificar esse conhecimento com os próprios conhecimentos, seja ele qual for, estamos a cair em auto-referência.
Como é que saímos deste impasse? De modo absoluto não creio que tenha solução. Ou seja, penso que haverá sempre coisas que teremos de assumir como sendo verdadeiras, ainda que apenas provisóriamente. O que se impõe então é saber se o conhecimento que se adquiriu é ou não o melhor que se pode fazer. Qual a plausibilidade relativa do que acreditamos.
A ciência é um integrado complexo
E aqui a ciência tem um comportamento de predador. Se uma solução serve para explicar melhor um fenómeno, venha essa solução de um filosofo ou de um teólogo, ela é aceite. Porque existe uma linha de intersecção larga da ciência com a filosofia. Enquanto que eu comecei este texto por dizer que provavelmente aquilo que distingue a ciência da filosofia, a realidade é que existem muito mais coisas que as unem, pois a ciência não é apenas empirismo.
Parte da ciência, e uma parte considerável e importante é a discussão aberta. Provavelmente é esta discussão aquilo que a valida. Que a valida, não como verdade absoluta, mas como explicação plausível ou como sendo o melhor que se pode. E isto não é muito diferente do que fazem os filósofos. Sobretudo se verificamos que a ciência açambarcou ferramentas como por exemplo o pensamento crítico. Ferramentas essas que vêm da filosofia. Alias muito do que é ciência hoje já foi filosofia no passado. Mas o que quero deixar explicito é que essa diferença, a linha entre a filosofia e a ciência não é clara. Tal como não é fácil distinguir ciência de pseudociência. Em ambos os casos porque uma "canibaliza" conceitos da outra, mas o que se passa nas pseudociencias é que não há respeito pela consistência e os conceitos são escolhidos ad-hoc. Mas isso é outra discussão.
Outra área que importa fazer uma grande menção honrosa é a matemática. Sem matemática não há ciência. É assim tão simples e tão obvio. Enquanto linguagem a matemática providencia à ciência uma base clara de descrever muitos fenómenos. Enquanto processo, a matemática dá à ciência a capacidade de usar os seu metodos para produzir mais conhecimento e analisar informação. Que a matemática prossiga autonomamente, o que acontece quase sempre, não é um problema. É uma vantagem. A titulo de curiosidade, diga-se que há matemáticos que defendem que a matemática é uma área de conhecimento empírica. E eu também penso assim. O que faria dela uma ciência completa.
Plausibilidade pela consistência
Outra linha de validação do conhecimento cientifico e que aumenta não a veracidade absoluta de uma preposição mas acrescenta muito acerca da sua plausibilidade é a consistência interna da ciência. Se conseguimos verificar a mesma teoria por linhas de investigação diferentes, temos aqui um argumento de consistência. E mais importante ainda, se essa nova teoria se consegue integrar lógica e matematicamente num quadro cognitivo maior, com as outras teorias todas que conseguimos descrever antes por origens diferentes e em áreas diferentes, temos que a plausibilidade dessa teoria ou explicação aumenta muito. Porque demonstram consistência. A biologia não pode ser feita de teorias incompatíveis com a química ou com a física por exemplo. Tudo tem de funcionar articuladamente. Se isso não acontece, então temos um problema. Como por exemplo a integração da mecânica quântica com a relatividade. Um grande problema. Mas como tenho dito, mesmo sabendo que há algo errado e por resolver, não é por esse facto que deixam de ser a melhor explicação possível. Isso acontece, obviamente quando aparecer uma teoria que o faça melhor. A teoria das cordas está no bom caminho.
Mas este texto não é sobre casos específicos, é sim sobre a validação da própria ciência enquanto conhecimento. E do que se pode esperar do significado de uma validação do conhecimento. Porque como propus logo ao principio, não podemos de um modo "à prova de bala", justificar um conhecimento com ele próprio. A auto-referencia é um erro de raciocínio. Em ciência e em filosofia. Por outro lado, obviamente, este não é um problema da ciência, mas sim de toda e qualquer forma de conhecimento que se queira fechar em si própria. E é essa a solução que a ciência encontrou. É manter várias vias de validação a funcionar ao mesmo tempo enquanto se assegura que existe consistência ( não haver contradições lógicas formais ou informais) entre essas vias todas e dentro dela própria.
Negacionismos absolutos e afins são auto-refutantes.
Este argumento é à prova de bala? Mostra para alem de qualquer objecção que a ciência se pode validar a ela própria? Não. Até porque podemos estar todos a viver na "Matrix" e não saber. Mas encontrar uma consistência satisfatória no conhecimento gerado enquanto se procura manter uma ancora na realidade através do empirismo metódico e sistemático diz muito acerca da plausibilidade do conhecimento cientifico. Tanto que não sendo possível dizer que a ciência alcança certezas, se pode mostrar, pela integração de todas estas ferramentas, que é o melhor que o ser humano consegue para produzir conhecimento.
A não se que se assuma que a verdade não existe. E que uma crença é tão verdadeira como qualquer outra, independentemente da justificação que tenha.
Mas a ciência é acerca daquilo que se pode saber, não é do que não se pode. Mas o que não se pode saber, nós não sabemos o que é. Não sabemos nada. De momento. Por isso, tentar adivinhar não vale. Porque isso não é nada. E mesmo que esta realidade seja virtual, para já é tudo o que podemos esgravatar para tentar perceber de onde veio. E sem duvida compreender como se comporta. Mesmo que seja virtual, é o mundo que nos afecta. E mesmo que só possamos chegar a verdades incompletas sobre uma realidade virtual, então é melhor que nada.
Usar isto como argumento para colocar o palpite ao nível de uma forma de conhecimento é errado. E quem não acha que pode construir conhecimento então não vale a pena sequer discutir, porque nunca se vai saber o resultado da discussão, nunca vai saber se a cada momento o argumento é valido, não vai saber nada. Para ilustrar esta situação, proponho uma reflexão sobre a frase:
"É verdade que a verdade não existe".
Lakatos - Um campo de investigação progressivo.
O filósofo da ciência Imre Lakatos sugeriu que o falsificacionismo ainda não era suficiente para definir o que é ou não ciência. De facto algumas previsões são apenas testadas indirectamente, outras não podem ser testadas, e ainda outras não têm significado só por serem previsões. Por outro lado uma previsão mal sucedida arruinaria uma boa teoria que poderia ser corrigida com pequenos e pontuais acertos.
Em relação às previsões como demarcação da ciencia e pseudociencia, o esperado é que algumas pseudociências consigam fazer previsões isoladas que por si não as tornam ciencia mas que seriam um motivo de confusão. De entre milhares de previsões que são feitas, algumas têm de acertar. Para passar a ser ciência uma pseudociência apenas teria de tentar muito e propangadear os momentos bem sucedido. Por exemplo a Astrologia tem uma previsão bem sucedida e bem documentada no "efeito Marte".
Lakatos propôs então que era preciso defenir ciência não só em relação à capacidade de fazer previsões, mas também em relação ao tipo de investigação que propõe. Se é um em que temos de estar sempre a arranjar desculpas diferentes para justificar as falhas, ao que ele chama um programa de investigação degenerativo, ou se é um em que as previsões vão acertando e a teoria vai propondo novas abordagens que se vêm confirmadas por seu lado. Ou seja, uma teoria que falhe uma previsão deve poder ser corrigida se isso puder ser feito de maneira simples e pontual, mas não de maneira sistematica. Ou seja, a consistencia está primeiro.
Juntar as peças todas.
Em resumo, o que torna a ciência especial e aquilo que a torna o sistema cognitivo preferido dos cépticos é um conjunto de coisas e a integração destas. A saber, a matemática, a lógica, pensamento crítico, a abertura a refutação e a procura de extrair informação do meio exterior.
Não se pode provar a ela própria, mas nada pode. Pode sim dizer-se que é o melhor que se consegue e que isso já é algo, porque consegue explicações plausíveis. E capazes de prever o futuro. E capazes de fazer evoluir o próprio processo de conhecimento. A própria ciência, como referido acima evolui.
Por ultimo gostava de voltar aqui a referir que usar aquilo que não sabemos para provar algo é uma falácia. Dizer " a ciência não explica tudo" ou "a ciência tem limites" para provar algo não serve. Se queremos provar como conhecimento uma crença qualquer temos de o fazer em relação às preposições resultantes dessa crença e de como elas podem ser validadas.
Se acreditamos que as crenças são todas iguais e que não há nada que possa ser justificável, ainda que parcialmente, então nem vale a pena começar um argumento, porque está perdido à partida.
Notas parte II:
(1) Popper foi refutado ainda em vida acerca do falsificacionismo. Ficou no entanto de pé uma forma menos forte em que o que se testa são condições associadas à teoria, uma vez que a critica que lhe foi feita consistia em que às vezes testar directamente uma teoria em relação ao que ela prevê é impossível. Popper para o fim da vida dedicou-se a tentar determinar quais as características dessas condições associadas que podem e são testadas. De um modo geral, a capacidade de uma teoria fazer previsões que sejam verificadas não foi derrubada. Apenas o modo como é feito. As teorias ainda têm de fazer previsões, ainda que não directas.
Parte III - O reducionismo
Uma vertente da ciência que tem sido muito atacada é a da abordagem reducionista.
O reducionismo é a tentativa de explicar algo reduzindo o objecto de estudo às partículas que o compõem. Mas não só. Também aborda o estudo da forma como estas partículas ou entidades mais simples que o compõem actuam entre si. É oposto de holismo que é abordar um problema como um todo indivisível.
Compreendidos os processos básicos podemos passar para estudar interacção entre factores, e mesmo deste sistema com outros. E depois, a ciência estuda a vários níveis o universo:
As partículas da física não são as mesmas da biologia. Na biologia poderá dizer-se que a célula é a entidade mais pequena a que é razoável diminuir um organismo, mas não é por isso que deixamos de estudar as relações entre seres vivos. Ou dos mecanismos intracelulares ou de deixar aparecer uma nova ciência só sobre a interacção dos seres vivos como a Ecologia.
Simplificar para compreender é uma ferramenta que não impede, nem proíbe que se estude qualquer problema a vários níveis de complexidade. Até porque existem problemas irredutíveis, mesmo na física. Por exemplo, o planeta Terra tem inúmeros fenómenos sobre a sua superfície que só são explicados se admitirmos que pertence a um sistema maior que inclui o Sol. Torna-se impossível de compreender a vida, a atmosfera, a geografia, etc, se isolarmos o sistema Terra do Sol. A ciência não só reconhece isso sem problemas como o afirma antes de qualquer outros e explica como actua o Sol em inúmeros fenómenos Terrestres, desde a visão.
Se não quisermos reduzir ao máximo um problema voltamos para a abordagem antiga de caixa preta. Avalia-se ao mesmo tempo todas as entradas no sistema e ao mesmo tempo o resultado de saída. Ou seja, todas as causas e todas as consequencias, de uma só vez, sem perceber o que se passa "lá dentro". O resultado é uma confusão de causas e efeitos e uma incapacidade de explicar os fenómenos (que torna atribui-os a deuses uma tentação).
É preciso compreender o funcionamento e ver em detalhe. Saber o que é que está a causar o que aonde. Mas nada força a que não se olhe para a caixa de fora como um todo. Isso aliás como chamei a atenção, é sempre feito na ciência.
Os fenómenos emergentes, os grandes ecossistemas, etc, são por sua vez estudados sendo as unidades mais básicas possíveis. Enquanto outra parte da ciência se preocupa com as partículas sub-atómicas.
O holismo, não sendo uma abordagem tão prolifica se for levado demasiado literalmente, não deixa de ter o seu papel. Mas tem de ser integrado e consistente com o que se sabe passar-se a nível dos constituintes.
As pseudociencias adoram o holismo porque pensam que isso lhes permite falar de um problema sem se preocuparem com o que se passa "lá dentro" ou o que o constitui. Ou pelo menos impingem-nos isso. É muito conveniente particularmente nas medicinas alternativas, em que não é preciso saber nada sobre o corpo para dizer como se trata. Dizem eles, mas não provam. Porque é inventado e não descoberto.
Segundo o holismo destas pessoas uma doença nunca seria resultado do mau funcionamento de um só órgão. E saber onde está o problema não ajudaria a resolvê-lo.
Confunde-se o meio de conhecer, a abordagem em si própria com a realidade. Confunde-se o mapa com o território. Em ciência o território é a realidade e o mapa é o corpo de conhecimentos. Para fazer o mapa usam-se todas as ferramentas possíveis. Esta é uma particularmente fecunda.
Parte IV - O Naturalismo
O Naturalismo é tentar explicar a realidade através dos factos e fenómenos observáveis, isto é, sem postular entidades para explicar um fenómeno quando elas não são necessárias. E quando tal é necessário, devemos postula-las com a maior simplicidade possível. Sem Naturalismo não há Ciência, é uma consequência do rigor e só pode ser ultrapassado pela força e não pela razão. Mas essa é a vontade de várias religiões ainda nos dias que correm - e a razão pela qual este blogue tem falado tanto acerca de crenças e religiões.
Se não é preciso recorrer a espíritos, duendes, fadas, anjos ou demónios para explicar um fenómeno, então é errado postular a sua implicação no processo. Naturalismo é não se introduzirem factores ad-hoc na explicação de um processo.
Naturalismo não é uma lista pré-fabricada de coisas que a ciência "não pode aceitar". Tal lista não existe.
E postular que está para fora do alcance da ciência também é engraçado. Até porque mesmo a fantasia tem a sua explicação... Mas não é real para lá daquilo que é representado no cérebro.
O que existe sim, é um amontoar cada vez maior de coisas que não precisam deste tipo de coisas "misteriosas" para serem compreendidas e isso esta a desagradar muita gente. Isto sim, é real. Talvez vislumbrem um mundo onde a ciência consegue explicar tudo e morram de medo perante essa hipótese.
Eu não tenho medo do que podemos compreender. Não acho que a magnificência do universo e a natureza diminuam porque nós a conseguimos explicar.
E também não acho que a ciência possa vir a "dominar" o mundo mesmo só do ponto de vista do conhecimento. Por um lado temos o teorema de Godel, por outro os limites naturais do cientista e do homem... Mas isso é outra história.
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Para mais, muito mais, sugiro a leitura da etiquêta "ciência"