Criacionismo

O criacionismo é uma descrição mitológica da história natural com origem no médio oriente, cerca de 1400 a.c. Existe uma pequena variação entre as varias versões desta mitologia, dependendo do grau de literalismo com que se interpreta a sua fonte original, o Genesis, mas caracteriza-se por uma crença forte na criação de todas as especies por deus e num curto espaço de tempo (uma semana). O desaparecimento da maioria das espécies é explicada pelo dilúvio. (Portanto na arca iam dinossauros e uma quantidade enorme de animais de todos os tamanhos e formas imagináveis mas que depois se provou haver só um casal não ser suficiente para dar continuidade à espécie. )

O criacionismo foi uma explicação relativamente plausível para a diversidade e biológica até Darwin ter surgido em cena e ter proposto uma teoria muito mais consistente e completa, não incluindo no entanto a necessidade de recorrer a intervenção divina, o que lhe conferiu uma impopularidade crónica no meio religioso.

Por isso, até Darwin, muitos cientistas eram realmente criacionistas, como por exemplo Galileu, Newton ou mais relevante para o caso, Linaeus. É eventualmente discutível se devido à forma como Lineus enquadrou o criacionismo, num "slogan" ainda hoje repetido pelos criacionistas (explicar as homologias anatómicas com o argumento de terem uma origem comum, atribuído não a um processo mas a uma entidade divina - o mesmo criador para todos) , se se deverá considerar o criacionismo como uma teoria cientifica desacreditada e não apenas uma crença.

É mais frequentemente classificada como pseudociência devido a partilhar com estas varias características como a procura de factos científicos que se encaixem nas suas afirmações ,ignorando todos os outros.

Em muitos países o criacionismo e o Designio Inteligente são muito populares nos dias de hoje (entre Cristãos e Muçulmanos). Quase metade dos norte americanos defende a crença como sendo real.

A comunidade cientifica actual rejeita completamente o criacionismo, e a evolução é para todos os efeitos um facto para o qual o modelo evolutivo cientifico é a melhor explicação. Mais do que haver uma explicação melhor, existem pelo menos 4 linhas de investigação diferentes que mostram que houve evolução. Bastava uma. Mas é espantoso que se cheguem exactamente às mesmas conclusões para onde quer que se olhe.

Estou a referir-me a:

1- estatigrafia e paleontologia- Não se encontram misturas de fosseis entre os estratos que se apresentam sempre na mesma ordem. Não há excepções Tanto os estratos estão sempre na mesma ordem onde existam todos, como os fosseis la encontrados estão sempre na mesma ordem. Daí a famosa afirmação de que bastava um coelho num estrato câmbrico para refutar a evolução. A estatigrafia aparece consolidada ainda pela datação radiometrica e dendrocronologia. E a paleontologia pela morfologia anatómica dos fosseis que mostra uma gradação. Todos os fosseis são formas intermedias entre outras duas formas. A estrategia criacionista é ver a cada forma intermédia encontrada uma nova lacuna de cada lado, como se quanto mais formas intermédias houvesse menos nós sabíamos. O criacionismo explica isto como sendo causado pela susceptibilidade ao dilúvio, morrendo uns primeiro que os outros. Mas essa susceptibilidade ser absoluta não faz sentido nenhum. Seria sempre uma coisa estatística em que apareceriam excepções, nem que fosse acidente.

2- Genética e bioquímica - as mutações quando aparecem não são boas nem más. Isso só o teste na natureza dirá. Por isso é de esperar que haja um acumular de mutações neutras, que não têm efeitos visíveis, em todos os seres vivos ao longo do tempo. Porque se são neutras não são eliminadas pela selecção natural. Mas também não se vêm se não usarmos técnicas sofisticadas de investigação molecular. E elas estão la. É de esperar ainda que quanto mais afastadas duas espécies são, mais mutações neutras diferentes acumulem entre si. E isto acontece praticamente sem excepções.

3- Taxonomia e distribuição geografica. Se os animais não evoluem mas têm a sua distribuição geografica dada pela saida da arca de Noé no fim do diluvio, a distribuição geografica das famílias devia ser homogenia. Mas aparentemente todos os marsupiais decediram ir para a autralia. Desde os minúsculos aos grandes como o canguru. Isto é mais facilmente compreendido se admitirmos que descendem todos de um marsupial original que ali vivia.

4 - anatomia comparada - embora na altura de Lineu fizesse algum sentido a máxima "mesma forma, mesmo criador" ou a defesa de algo como uma marca pessoal do artista, para explicar as homologias hoje sabe-se demais para isso fazer sentido. Por um lado não há mistura de "peças" como por exemplo penas em mamíferos ou asas de morcego nos insectos. Por outro há estruturas vestigiais como o que resta dos pés das baleias que não fazem sentido estar lá a não ser que o criador tenha um sentido de humor bastante humano. Mas voltando atrás, a verdade é que se deus criou as espécies, so pela analise da morfologia anatómica, somos levados a concluir que ele o fez evolutivamente, passando de uns para os outros gradualmente. Não existem mosaicos quiméricos. E que depois decidiu afogar a maioria, mas isso é outro problema, admito. Os Criacionistas dizem que isso se explica porque deus seguiu temas e portanto quando estava a fazer um bicho não podia sair fora do tema e ir buscar soluções que estava a usar noutro no mesmo preciso instante. Porque se não for no mesmo instante estamos a falar de evolução. E isso não pode ser. Mas que a melhor explicação para algo como os "temas" é a evolução não sobram duvidas. Quem tiver olhos que veja.

Há ainda uma outra linha de argumentação muito importante que emerge destas 4 quando usadas em simultâneo. É que contam todas a mesma história natural, com mais lacuna menos lacuna. Onde se intersectam, encaixam como as peças de um puzzle. Quais eram as probabilidades de ser por acaso que os fosseis dos estratos mais recentes, tivessem os animais morfologicamente considerados mais recentes e cujos previstos parentes vivos tivessem o menor numero de mutações neutras entre si comparando com os que seriam de prever serem mais afastados pelo estudo taxonómico? Zero. Ou próximo disso. A probabilidade é a mesma de haver um deus que criou tudo de modo a que pareça que houve evolução mas sem ter havido. Como se não quisesse que ninguém acreditasse.

Como o criacionismo nasce da interpretação literal do velho testamento existem muitos Cristãos que aceitam a evolução, considerando que a Biblia deve ser interpretada em um contexto da época.

Não tenho explicação para o facto de os criacionistas considerarem que a terra é redonda, mas isso é um problema deles. Porque não é isso que dá a entender o que diz na bíblia. Nem como é que aceitam que o geocentrismo é falso.