domingo, 29 de abril de 2012

Laurence Krauss, "A Universe From Nothing" comentário final.

Para uma abordagem e defesa do conteúdo ler aqui. Este é um pequeno post apenas para deixar a minha opinião de que o livro merece ser lido por todos.

Não é de todo verdade que, para além do titulo, o livro prometa termos verdades absolutas e respostas finais. O que promete, e entrega, é uma explicação plausível de que podemos não precisar da vontade de ninguém para criar o universo. E de que tal como vimos na evolução biológica, algumas coisas mais complexas, provém de outras mais simples. Pelo menos em espécie.

E o "overstatement" no titulo eu penso que se justifica. Apesar de tudo é apenas um titulo e é sobre este tema que o livro se debruça. E é essa a possibilidade que, embora não sendo publicada pela primeira vez, aparece aqui explicita de um modo que pode ser acessível a todos.

A inteligencia de Krauss e o seu empenho no procura de conhecimento são contagiosas. A prosa (no original) é clara e o livro peca apenas por alguma redundância que eu penso dever-se a um excesso de zêlo pela divulgação.

Quem quiser continuar a acreditar em criação divina depois de o ler, poderá continuar como sempre agarrado às suas convicções. Mas ficará a saber que é possível que tenha sido de outra maneira. E que é para lá que as evidencias empíricas apontam, mesmo se falta muito para "saber tudo"...



sexta-feira, 27 de abril de 2012

Pensamento analítico compete com crença religiosa.

Quando se obriga as pessoas a serem mais analíticas, sugere um novo estudo, a crença religiosa sofre. Não talvez no longo prazo, mas no momento em que esse esforço está a ser dirigido.

Isto vem em linha paralela com outra coisa que já sabíamos, de que se pode ser cientista e ter fé. O que não se pode fazer é as duas coisas ao mesmo tempo. Elas não jogam uma com a outra. São pensamentos diferentes, guiados por princípios diferentes.

Esta semana ouve um outro estudo que sugere que o pensamento analítico é aumentado ao pensar em outra lingua que não a materna.

Gostava agora de saber se pensar numa língua que não a materna pelo processo de aumentar o raciocínio analítico reduz a propensão para acreditar pela fé. A coisa devia funcionar.

Via Publico, aqui


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Um Universo Vindo do Nada.



As críticas ao livro de Lawrence Krauss com este nome estão previstas logo na introdução.

 Aquilo a que ele chama nada já não é aceite como sendo nada. Porque já é algo, nomeadamente espaço, de onde surgem as coisas. Ele no entanto argumenta que espaço vazio é um nada tão nada quanto é possível ser nada. É um nada tão bom como sempre foi.

Nem porque haja já as leis que permitem que exista espaço vazio e de onde por sua vez as partículas possam começar a pular dentro e fora da existência, isso já é algo - insistem os críticos.
Mas por este andar, se nada é definido como sendo mesmo nada, sem sequer existirem possibilidades de virem existir coisas, então nunca existiu nada. Porque estamos cá.

Muito menos um nada cheio de deus. Seja o que for que seja o nada mais nada a que nos podemos referir, com ou sem deuses, tem de incluir a possibilidade de sofrer a entrada na existência.  

Voltamos atrás. É que nada em termos absolutos, não existe. É o que diz a palavra. Nada. Por definição e por lógica. Se o nada não existe, algo deve pelo menos manter a possibilidade de vir a existir. Se não houver nesse nada essa possibilidade, (com ou sem deuses), então não estaríamos aqui. E é plausível que estejamos aqui, mesmo que tudo seja uma ilusão. Como dizia Descartes "penso logo existo".

Se disserem, não foi o nada que tinha esse potencial de entrada na existência. Foi Deus. Então é caso para dizer que se Deus não é nada então nada não serve para descrever o momento anterior à existência ter surgido. Antes havia Deus e não nada. Estaremos então de acordo que havia algo. Tem sempre de ter existido algo. 

Insisto: Porque nada, nada não existe.  Nunca pode ter existido, a não ser que ainda hoje exista. Mas é como dizer o não-existe existe. Não serve para... Nada. E como negação da existência de outras coisas, como conceito relativo, como em "nada de nada" ou "nada de tudo", vamos ter sempre de chegar a um ponto onde não podemos negar a possibilidade da entrada na existência de algo. E creio que é nesse ponto que o livro de Krauss nos deixa.

Isto tudo para dizer que temos sempre de ter cuidado com o que queremos dizer com o conceito de nada. Que a nada faz referencia...

O universo nasce da possibilidade de uma flutuação quântica.  Daí surgem partículas. Claro que é um grande pontapé no sobrenaturalismo (tal com diz Dawkins). É uma afirmação bem sustentada pela teoria cientifica e aponta para um principio onde estamos bastante perto de não haver nada. Acrescentar um deus para um principio tão simples é complicar as coisas. Bastante.  Para a simplicidade de existirmos porque apenas podemos existir não precisamos de juntar nada ao kit de construção que seja complexo e com vontade própria. Isso é bastante mais longe de ser nada.

Talvez venhamos a descobrir porque temos estas leis que permitem que apareçam partículas do espaço puro. E depois porque existem essas leis que permitem as outras leis. E por aí fora.  Mas nesse sentido vai ter de haver sempre algo.

Mas ao que tudo indica não estamos a caminhar num sentido de precisar de nadas omnipotentes e omnipresentes, nem que estamos a caminhar num sentido em que nada possa significar realmente nada.
Ou então, pura e simplesmente, algumas coisas acontecem sem causa. Só porque podem. Mas esse é o nada de que estamos a descrever cientificamente. E não precisa de ser divinal, ao tudo indica. Não precisa de ser consciente e intencional. É apenas uma possibilidade.

O que estamos a fazer ao impor uma criação divina é dizer que só Deus pode vir do nada sem causa inicial, mais nada pode. Como sabemos isso já é um problema em si. Mas que assim estamos a dizer que a possibilidade de haver algo já existe desde sempre, já estamos.




segunda-feira, 23 de abril de 2012

O futuro afecta o passado.

No mundo da mecânica quântica, claro.

Esta é mais uma peça de evidencia experimental deste fenómeno contra-intuitivo previsto matemáticamente a partir da teoria quântica por John Wheeler:

Na experiência clássica, já confirmada, um observador alterava a trajectoria passada de um electrão modificando o modo como fazia as suas medições.

Concretamente, se se dispara um electrão através de duas ranhuras e se detecta com um ecrãn incapaz de dizer porque ranhura ele passou, o resultado é um padrão de ondas que implica que ele passou pelas duas ao mesmo tempo. Mas se se detecta com "telescópios" capazes de avaliar apenas o que se passa nas fendas, verificamos que o electrão ou passa por uma ou pela outra. Muito pertinente é o facto do ecrán ser retirado da frente dos "telescópios" detectores depois do electrão passar pelas fendas!

Agora, a experiencia recentemente publicada na "Nature physics", foi feita com recurso a outro fenómeno quantico, o emparelhamento de particulas. Sumáriamente, se decidirmos emparelhar as particulas depois de medirmos as suas propriedades, elas vão dar resultados diferentes do que se não as decidirmos emparelhar mais tarde. Sabemos que os resultados são alterados à posteriori (e não antes) recorrendo a um pré-emparelhamento que nos diz o valor antes do segundo emparelhamento que é atrasado uns bilionésimos de segundo. O resultado da medição é alterado pelo que vai acontecer a seguir.

Na mecânica quantica o tempo é parecido com o espaço. A causalidade move-se em qualquer direcção. Aqui já tinha falado sobre isto ao rever o livro do Stephen Hawking "The Grand Design".



Via Ars Technica: http://arstechnica.com/science/news/2012/04/decision-to-entangle-effects-results-of-measurements-taken-beforehand.ars

Aquecendo.

Ao contrário do que propõem os pseudocéticos do clima, a subida de CO2 que se verificou noutros períodos de aquecimento global, ao longo da história da Terra, não é consequente apenas do aumento de temperatura. Pelo que podemos saber agora com mais rigor, antecede-a.

O que aponta, para que seja nesse caso, tal com agora, uma causa do aquecimento.

Quando Fourier previu que se aumentássemos gases como o CO2 na atmosfera iríamos aquecer o planeta, isto no tempo de Napoleão, estava longe de saber que a sua teoria iria ser posta à prova numa escala global.

Mas a sua previsão estava correcta. Ao aumentarmos o CO2 o planeta aqueceu. Foi assim no passado e está a ser assim no presente. Apesar de haver mecanismos de compensação, como perder temperatura para o degelo e reter CO2 no mar. E se estes mecanismos forem ultrapassados, como por exemplo não haver mais gelo para derreter, a expectativa é que ainda seja pior.

A propósito das alterações climática mas não só, vale a pena ver o slide show que a NASA criou sobre a evolução do planeta vista. Aqui:

http://climate.nasa.gov/sof/#Mininggrowth_Chile1.jpg

Bibliografia:

http://en.wikipedia.org/wiki/Joseph_Fourier#Discovery_of_the_greenhouse_effect

http://www.nature.com/ngeo/journal/v5/n4/full/ngeo1430.html

http://news.cnet.com/8301-11128_3-57389154-54/oceans-are-acidifying-faster-than-ever/?tag=cnetRiver

http://www.sciencemag.org/content/early/2012/03/28/science.1217161.abstract?ijkey=c3067784ba8dd543fcbdd1e176fb0deed3e7d941&keytype2=tf_ipsecsha

http://www.nature.com/nature/journal/v484/n7392/full/nature10915.html

http://news.cnet.com/8301-11386_3-57409513-76/what-thawed-the-last-ice-age/?tag=cnetRiver


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Homeopatia: O que é, como não funciona e para que não serve.

A COMCEPT – Comunidade Céptica Portuguesa irá organizar uma manifestação que terá lugar no Jardim do Príncipe Real, em Lisboa, no Sábado, dia 21 de Abril de 2012, às 10 horas. A iniciativa, designada Campanha 10:23, pretende denunciar a ineficácia da homeopatia.

domingo, 1 de abril de 2012

1 de Abril

Neste dia é costume inventarem-se umas tretas para diversão e entretenimento.

Nunca consegui achar piada à coisa. Talvez se durante o resto do ano não houvesse um excedente de treta  ainda tivesse algum sentido. Mas assim...

É como haver o dia da !"#$ em que ninguém puxa o autoclismo. É formidável!