quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Consumo de entropia.

Quando escrevi os artigos sobre a "seta do tempo", as estruturas dissipativas e os artigos sobre a entropia propriamente dita, fiquei a saber que a entropia era realmente um conceito estatístico. E até a compreender razoavelmente bem porque. Acho eu.

Por isso quando li na "New Scientist" que se tinha visto pela primeira vez entropia a ser consumida, não fiquei surpreendido. Se procurasse-mos muito, tínhamos de encontrar. A teoria diz que num conjunto de moléculas a entropia vai aumentar, mas que em partes  pequenas desse conjunto, se forem muitas moléculas, vamos ter de ver algumas, durante um tempo pequeno, a diminuir a entropia. 

Eles diziam que isto seria um grande avanço para a nanosciência e isso eu não compreendi bem porquê. Por isso fui ao blogue da Fernanda Poletto, e pus-lhe a questão. Ela foi fazendo uma série de posts para preparar a resposta. Falou sobre entropia, sobre a seta do tempo, e finalmente fez o post final sobre o assunto. Só aí eu percebi realmente as implicações. Que as concebi realmente.

A plausibilidade de uma série de coisas ganha uma nova evidencia empírica.

Esta é de facto uma prova experimental que a estatística da entropia é mais que apenas teoria. É a prova de que podemos contar com coisas a escala microscópica que não podemos em escala macroscópica. 

Mais do que ser mais um prego de titânio no caixão do criacionismo, ao mostrar como a entropia pode diminuir a nível molecular sem deixar duvidas, o que é necessário para aparecerem espontaneamente moléculas mais complexas, surgir vida etc, esta demonstração vem dar nova força à aferição do potencial do que podemos criar com a nanotecnologia. 

E era precisa. Porque a teoria é uma coisa, mas para saber como usa-la ou saber em que direcção prosseguir com a investigação nem sempre é óbvio. E eu apesar de saber isto perfeitamente coloquei uma pergunta  do género: 

"Já sei que o teu filho nasceu, mas é realmente relevante uma vez que já se sabia que estávamos a ir nessa direcção?"

Mas pelas próprias palavras da Fernanda (e que não substitui ler o post no "Bala Mágica":

"O teorema das flutuações [de entropia] indica que transformar máquinas macroscópicas em máquinas microscópicas não é uma simples questão de redução de escala. Quanto menores esses dispositivos, maior é a probabilidade de que funcionem de forma "termodinamicamente reversa" àquela esperada (...) A ideia é genial, mas o fato é que NENHUMA demonstração experimental desse teorema havia sido feita. Até agora."

Mais uma vez obrigado à Fernada. Ler mais aqui:

http://scienceblogs.com.br/bala_magica/2010/02/nanocoisas_violando_uma_lei_da.php


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