A percepção humana da realidade é altamente variável perante uma série de factores. E a melhor maneira que se encontrou para eliminar influencias paralelas mas não pertinentes foi recorrer a testes cegos.
Tenho discutido neste blogue com imensa frequência a importância do teste cego (ou com ocultação) na elaboração de ensaios clínicos e avaliação de propostas terapêuticas. De facto, o primeiro registo histórico de um teste cego é o do realizado por Lavoisier e Benjamin Franklin a pedido da Academia de Ciências Francesa, para descobrir a verdade acerca do “magnetismo animal”. Os proponentes desta teoria falharam a identificação cega de frascos com fluidos orgânicos, como seria de esperar pelas suas alegações se fossem correctas.
Mas para além da área da saúde, naturalmente que existe uma série de outras aplicações possíveis para a ocultação nos testes, e alguns resultados bastante curiosos que vale a pena conhecer. Não, não me refiro ao “Pepsi challenge”. Mas... Quase.
Também já tinha falado na incapacidade dos enólogos de distinguirem os vinhos franceses dos americanos em provas cegas. E do publico em geral não distinguir um vinho de preço médio de um vinho de preço elevado. Parece que para a maioria das pessoas e mesmo enólogos, que se o vinho não for uma enorme zurrapa, então são todos igualmente bons. Nota para os vinicultores portugueses: Ponham os nossos vinhos em provas cegas que vão sair nos resultados entre os melhores do mundo (a não ser que haja fraude).
Mas há uma série de outras coisas interessantes.
Por exemplo. Os violinos de Stradivarius não são capazes de ultrapassar uma prova cega. Existem poucas experiências ainda mas nas efectuadas, os resultados não favorecem o mito. E para os que pensem que isso pode apenas significar que os Stradivarios estão a perder qualidades fiquem sabendo que o fenómeno do Stradivarius não é desde sempre. Na época não eram sequer considerados os melhores. E hoje são (desde que o teste não seja cego). O que se passa neste caso é mais uma história de “O rei vai nu”. Ou talvez nú propriamente não esteja, mas como li algures noutro dia, “o monarca vai pelo menos de ténis e fato de treino”.
Mas na música as coisas não se ficam por aqui. E no mundo dos audiófilos as coisas também não são como eles pensavam. Não ouvem o que pensam que ouvem! Os testes cegos mostram que as pessoas não distinguem entre amplificadores, sinais digitais ou analógicos (lamentamos, mas os adoradores do vinil se não tiverem o ruido de fundo para diferenciar não sabem dizer qual é qual – como por exemplo distinguir entre o vinil e o som gravado digitalmente dessa mesma fonte de vinil), cabos ( parece que aqui há indícios e indícios apenas, de que alguns cabos possam ser distinguíveis por algumas pessoas, mas não pela maioria). Na realidade, a maior parte das preferencias dos audiofilos não fazem uma diferença que eles proprios consigam distinguir.
Cepticismo, naturalismo e divulgação científica. Uma discussão sobre o que é ou não matéria de facto.
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- Página inicial
- Teoria da Relatividade
- Mecânica Quântica
- Criacionismo
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- Teoria da Evolução
- Medicinas Alternativas
- Astrologia
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- Importância do Consenso Científico
- Teorema de Godel
- Evidência Anedótica
- Propriedades emergentes e a mente.
- Leitura a frio vs mediunismo/etc.
- O que é o cepticismo?
sábado, 27 de agosto de 2011
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
O mecanismo de acção da homeopatia está lá junto com o resto das coisas que se alegam que "não se podem provar que não existem só porque não se encontraram".
Isto é, outra vez a questão de provar uma negativa. Para os defensores de pseudociências não pode ser possível provar uma negativa. Insistem nisto quase todos. Não pode ser possível provar que não existem espíritos, não pode ser possível provar que não existem energias inteligentes, etc.
Desta vez é o presidente da firma de produtos homeopaticos Boiron - o Christian Boiron em pessoa - que insiste que lá porque não se conhece o mecanismo de acção da homeopatia não podemos dizer que não existe – que não é cientifico. É cientifico. Podem provar-se negativas.
Em ciência, e como eu tenho já dito, depois de procurar exaustivamente um mecanismo ou entidade e não o encontrar, a conclusão é que não existe. E isso foi o que se passou com a homeopatia. Primeira eram os miasmas, depois a memória da agua, etc. Nenhuma dessas alegações se demonstrou ser verdade, após procura exaustiva e sistemática.
O que pensam que vai acontecer com a particula de Higgs se não for encontrada nas condições em que devia aparecer? Ou com a supersimetria? Ou com todos os outros medicamentos (que não sendo rotulados de alternativos) não encontrem eficacia e mecanismo de acção comprovados?
Para mais, não existe nenhuma diferença lógica funcional entre uma afirmação positiva e uma negativa, já que pela dupla negação temos a afirmação original “de volta”. Isto pode ser usado para converter afirmações positivas em negativas e fazer avaliações lógicas. Ver este artigo aqui acerca disto.
Temos de ver que de entre as coisas que se procurou exaustivamente e não se encontrou prova é de que tenha de existir um mecanismo de acção. A homeopatia não funciona, logo não encontrar o mecanismo de acção é o esperado. O Christian Boiron diz que a homeopatia trata muita gente. Mas isso não é verdade. Do mesmo modo, quando repetimos sistematicamente testes que dizem que não há eficácia, a conclusão é que não há eficácia. Não é que “apesar de ainda não termos demonstrado que havia eficácia logo, não quer dizer que ela não exista”.
Na prática, provar uma negativa pode dar mais trabalho porque pode exisgir que se repita uma experiencia até deixar de ser plausivel aceitar que exista esse efeito. Ou, até chegar a um ponto, onde esse efeito mesmo que exista, é tão reduzido que não tem significado (como por exemplo o efeito de mais uma ou duas moleculas de agua ingeridas por dia).
Mas sem efeitos e sem mecanismo de acção nem vale a pena estar a arranjar problemas que nem sequer são verdadeiros. Pode-se provar uma negativa.
Desta vez é o presidente da firma de produtos homeopaticos Boiron - o Christian Boiron em pessoa - que insiste que lá porque não se conhece o mecanismo de acção da homeopatia não podemos dizer que não existe – que não é cientifico. É cientifico. Podem provar-se negativas.
Em ciência, e como eu tenho já dito, depois de procurar exaustivamente um mecanismo ou entidade e não o encontrar, a conclusão é que não existe. E isso foi o que se passou com a homeopatia. Primeira eram os miasmas, depois a memória da agua, etc. Nenhuma dessas alegações se demonstrou ser verdade, após procura exaustiva e sistemática.
O que pensam que vai acontecer com a particula de Higgs se não for encontrada nas condições em que devia aparecer? Ou com a supersimetria? Ou com todos os outros medicamentos (que não sendo rotulados de alternativos) não encontrem eficacia e mecanismo de acção comprovados?
Para mais, não existe nenhuma diferença lógica funcional entre uma afirmação positiva e uma negativa, já que pela dupla negação temos a afirmação original “de volta”. Isto pode ser usado para converter afirmações positivas em negativas e fazer avaliações lógicas. Ver este artigo aqui acerca disto.
Temos de ver que de entre as coisas que se procurou exaustivamente e não se encontrou prova é de que tenha de existir um mecanismo de acção. A homeopatia não funciona, logo não encontrar o mecanismo de acção é o esperado. O Christian Boiron diz que a homeopatia trata muita gente. Mas isso não é verdade. Do mesmo modo, quando repetimos sistematicamente testes que dizem que não há eficácia, a conclusão é que não há eficácia. Não é que “apesar de ainda não termos demonstrado que havia eficácia logo, não quer dizer que ela não exista”.
Na prática, provar uma negativa pode dar mais trabalho porque pode exisgir que se repita uma experiencia até deixar de ser plausivel aceitar que exista esse efeito. Ou, até chegar a um ponto, onde esse efeito mesmo que exista, é tão reduzido que não tem significado (como por exemplo o efeito de mais uma ou duas moleculas de agua ingeridas por dia).
Mas sem efeitos e sem mecanismo de acção nem vale a pena estar a arranjar problemas que nem sequer são verdadeiros. Pode-se provar uma negativa.
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quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Nem tudo o que acontece depois de espetar agulhas prova a existência de Qis, meridianos e essas coisas. Nem passa uma borracha sobre estudos de eficácia anteriores.
Ao fim de cerca de 3000 anos, a acupunctura continua a não ser capaz de fornecer evidencias convincentes da sua eficácia, para tudo, excepto eventualmente para ligeira dor cervical. A panaceia universal prometida regularmente é uma ilusão.
Sempre foi. Felizmente que já ninguém tenta sequer iniciar uma discussão séria acerca da eficácia da acupuncura que não esteja relacionada com dor ou nausea. Em termos cientificos, tudo o resto esta já fora de questão há algum tempo. Em questões que envolvem percepçao subjectiva a coisa tem sido mais dificil. Mas está numa rota semelhante desde que se descobriu uma maneira de imitar um tratamento de acupunctura.
Quando se inicia uma discussão séria sobre acupuntura a coisa descamba logo para a eficacia como analgésico para tentar provar e dar credibilidade ao resto da teoria. A dor é o ultimo reduto. Mas é fraco e não chega. Como se diz em Inglês: "Too little (dor cervical), too late (mais de 3000 anos)"
É caso para dizer que tanto se procurou que lá se encontrou qualquer coisa onde espetar agulhas tivesse algum efeito. Suponho que se se investir uma fortuna a testar como é que colar autocolantes vermelhos resolvem sintomas, algum resultado positivo há de aparecer algures. Mas seja.
Mesmo admitindo que é eficaz para dor cervical, moderada claro, isso não quer dizer que todo o resto da teoria da acupunctura funcione. E isto pode parecer óbvio mas é importante salientar, porque é de facto por aí que pegam sempre os proponentes destas coisas. Não é por após milénios encontrarmos uma pequena utilidade para uma coisa, que isso passa por cima de todos os estudos que mostram que não existe eficácia em mais nada. E que temos de passar a considerar que o mecanismo em que a acupunctura se diz assentar é real. Não existem Qis. Não estão onde deviam estar, não fazem falta para explicar nenhum aspecto da fisiologia ou da patologia e não existe de resto qualquer vestigio de evidência que permita distinguir a mera crença nos Qis da sua existência real.
Espetar agulhas faz coisas. Lesa tecidos, causa dor e naturalmente serão libertados modeladores da dor e inflamação. Mas a acupunctura não é apenas espetar agulhas. Ou seja, nem tudo o que envolve espetar agulhas faz sentido que seja chamado acupunctura. Senão dar uma injecção subcutânea, uma vacina que seja é acupunctura. Ou para outro exemplo se picar um nódulo para fazer uma citologia, estaria a fazer acupunctura. E certamente que a electroestimulação não é acupuncura.
Repetindo, porque não é demais, os Qis não existem. Os pontos de acupunctura não existem histológicamente e anatómicamente e sabemos que onde quer que espetemos as agulhas o resultado é o mesmo. Os efeitos que possamos verificar e medir após espetar agulhas, dentro deste contexto é a consequência inespecifica de espetar qualquer coisa. E nem parece ser preciso espetar para dar origem a esse efeito. Picar com palitos chega. Não tem nada a ver com o resto da lenga lenga teórica milenar que tentam impingir depois.
E mesmo essa historia de ser milenar me faz confusão... Já que só foi possível fazer agulhas de metal fino lá para o século 2 ac, e antes de haver assépcia (e vacina do tétano) espetar agulhas metálicas ou pior (ossos e pedras) devia ser uma brincadeira perigosíssima. Não que hoje não haja riscos, de facto no ultimo estudo de revisão do Prof Edzar Ernst foram identificados mais de noventa casos de complicações graves e uns poucos de mortos. Na minha opinião a acupunctura inicial poderá ter começado por ser apenas a punção para drenagem de abcessos, que me parece ser uma coisa bastante intuitiva. A generalização apressada e o efeito placebo fizeram o mito. Isto é a minha opinião, já que não posso andar para trás no tempo e verificar empiricamente. Mas encaixa perfeitamente naquilo que hoje o empirismo metódico nos trouxe.
Este novo “post” sobre acupunctura vem a propósito de um estudo que já tem um ano mas que continua a ser discutido por aí (teve e ainda tem um enorme impacto) de uns investigadores que descobriram uma nova forma de aliviar a dor. Descobriram que picar as pernas de ratos com agulhas no ponto gásrico-36, Sunali, fazia libertar adenosina que depois se mostrou, recorrendo a um agonista, ou seja, um amplificador da sua acçao, que funciona também como agente analgésico. Boa. O estudo é bom e a descoberta pode abrir um campo de investigação proveitoso para o uso do agonista da adenosina nos receptores em causa (tenho menos fé em relação a usar a adenosina propriamente dita já que ela é usada para muitas, muitas outras coisas). A parte errada e falsa é concluir que isto prova a acupunctura em algum aspecto. Isto não prova Qis, meridianos, desiquilibrios energéticos e essas coisas todas. Nem prova que se espetarmos uma agulha numa enorme perna humana no ponto gastrico-36 que vamos produzir adenosina suficiente para servir de analgesia para seja o que for. As tentativas que houve, que não ficam menos válidas por não termos em mente a existência deste novo mecanismo, mostram que isso só funcionaria no pescoço (caso seja o que lá se está a passar). Não o suficiente sequer para chamar a tal procedimento uma terapia complementar.
A explicação mais plausível que eu tenho para isto, e é baseada no que diz o Steven Novella, é que qualquer agressão mecânica deva levar a produzir adenosina. Mas tal como as endorfinas que são libertadas em situaçôes de dor, causar mais dor para libertar mais endorfinas e assim minimizar teoricamente baixar a dor é uma asneira. Senão as mulheres em trabalho de parto que têm doses de endorfinas enormes em circulaçao não precisavam de outro analgésico qualquer. E no entanto o parto é considerado das coisas mais dolorosas que há (e provavelmente sem paralelo no parto de qualquer outra espécie). E isto faz-me é lembrar um investigador espanhol que concluiu que o touro de lide devia sentir menos dor porque as análises mostraram que eles ficam também carregados de endorfinas durante a lide. Pois ficam, é porque doi.
Tal como a endorfina, a adenosina está lá após espetar a agulha, provavelmente porque faz parte do processo bioquímico de modelação da dor. Podemos tirar partido disso, mas sabemos já à partida que a acupunctura não é essa via (excepto para o pescoço, como já referido).
Se tivermos de espetar agulhas para depois conseguir um efeito analgésico enorme mediado pela adenosina ( e penso que recorrendo a agonistas) e se tiver menos efeitos secundários que os que já conhecemos, então que seja. Mas isso tem tanto a ver com acupuncura como tem a ver com Qis e merdianos.
Sempre foi. Felizmente que já ninguém tenta sequer iniciar uma discussão séria acerca da eficácia da acupuncura que não esteja relacionada com dor ou nausea. Em termos cientificos, tudo o resto esta já fora de questão há algum tempo. Em questões que envolvem percepçao subjectiva a coisa tem sido mais dificil. Mas está numa rota semelhante desde que se descobriu uma maneira de imitar um tratamento de acupunctura.
Quando se inicia uma discussão séria sobre acupuntura a coisa descamba logo para a eficacia como analgésico para tentar provar e dar credibilidade ao resto da teoria. A dor é o ultimo reduto. Mas é fraco e não chega. Como se diz em Inglês: "Too little (dor cervical), too late (mais de 3000 anos)"
É caso para dizer que tanto se procurou que lá se encontrou qualquer coisa onde espetar agulhas tivesse algum efeito. Suponho que se se investir uma fortuna a testar como é que colar autocolantes vermelhos resolvem sintomas, algum resultado positivo há de aparecer algures. Mas seja.
Mesmo admitindo que é eficaz para dor cervical, moderada claro, isso não quer dizer que todo o resto da teoria da acupunctura funcione. E isto pode parecer óbvio mas é importante salientar, porque é de facto por aí que pegam sempre os proponentes destas coisas. Não é por após milénios encontrarmos uma pequena utilidade para uma coisa, que isso passa por cima de todos os estudos que mostram que não existe eficácia em mais nada. E que temos de passar a considerar que o mecanismo em que a acupunctura se diz assentar é real. Não existem Qis. Não estão onde deviam estar, não fazem falta para explicar nenhum aspecto da fisiologia ou da patologia e não existe de resto qualquer vestigio de evidência que permita distinguir a mera crença nos Qis da sua existência real.
Espetar agulhas faz coisas. Lesa tecidos, causa dor e naturalmente serão libertados modeladores da dor e inflamação. Mas a acupunctura não é apenas espetar agulhas. Ou seja, nem tudo o que envolve espetar agulhas faz sentido que seja chamado acupunctura. Senão dar uma injecção subcutânea, uma vacina que seja é acupunctura. Ou para outro exemplo se picar um nódulo para fazer uma citologia, estaria a fazer acupunctura. E certamente que a electroestimulação não é acupuncura.
Repetindo, porque não é demais, os Qis não existem. Os pontos de acupunctura não existem histológicamente e anatómicamente e sabemos que onde quer que espetemos as agulhas o resultado é o mesmo. Os efeitos que possamos verificar e medir após espetar agulhas, dentro deste contexto é a consequência inespecifica de espetar qualquer coisa. E nem parece ser preciso espetar para dar origem a esse efeito. Picar com palitos chega. Não tem nada a ver com o resto da lenga lenga teórica milenar que tentam impingir depois.
E mesmo essa historia de ser milenar me faz confusão... Já que só foi possível fazer agulhas de metal fino lá para o século 2 ac, e antes de haver assépcia (e vacina do tétano) espetar agulhas metálicas ou pior (ossos e pedras) devia ser uma brincadeira perigosíssima. Não que hoje não haja riscos, de facto no ultimo estudo de revisão do Prof Edzar Ernst foram identificados mais de noventa casos de complicações graves e uns poucos de mortos. Na minha opinião a acupunctura inicial poderá ter começado por ser apenas a punção para drenagem de abcessos, que me parece ser uma coisa bastante intuitiva. A generalização apressada e o efeito placebo fizeram o mito. Isto é a minha opinião, já que não posso andar para trás no tempo e verificar empiricamente. Mas encaixa perfeitamente naquilo que hoje o empirismo metódico nos trouxe.
Este novo “post” sobre acupunctura vem a propósito de um estudo que já tem um ano mas que continua a ser discutido por aí (teve e ainda tem um enorme impacto) de uns investigadores que descobriram uma nova forma de aliviar a dor. Descobriram que picar as pernas de ratos com agulhas no ponto gásrico-36, Sunali, fazia libertar adenosina que depois se mostrou, recorrendo a um agonista, ou seja, um amplificador da sua acçao, que funciona também como agente analgésico. Boa. O estudo é bom e a descoberta pode abrir um campo de investigação proveitoso para o uso do agonista da adenosina nos receptores em causa (tenho menos fé em relação a usar a adenosina propriamente dita já que ela é usada para muitas, muitas outras coisas). A parte errada e falsa é concluir que isto prova a acupunctura em algum aspecto. Isto não prova Qis, meridianos, desiquilibrios energéticos e essas coisas todas. Nem prova que se espetarmos uma agulha numa enorme perna humana no ponto gastrico-36 que vamos produzir adenosina suficiente para servir de analgesia para seja o que for. As tentativas que houve, que não ficam menos válidas por não termos em mente a existência deste novo mecanismo, mostram que isso só funcionaria no pescoço (caso seja o que lá se está a passar). Não o suficiente sequer para chamar a tal procedimento uma terapia complementar.
A explicação mais plausível que eu tenho para isto, e é baseada no que diz o Steven Novella, é que qualquer agressão mecânica deva levar a produzir adenosina. Mas tal como as endorfinas que são libertadas em situaçôes de dor, causar mais dor para libertar mais endorfinas e assim minimizar teoricamente baixar a dor é uma asneira. Senão as mulheres em trabalho de parto que têm doses de endorfinas enormes em circulaçao não precisavam de outro analgésico qualquer. E no entanto o parto é considerado das coisas mais dolorosas que há (e provavelmente sem paralelo no parto de qualquer outra espécie). E isto faz-me é lembrar um investigador espanhol que concluiu que o touro de lide devia sentir menos dor porque as análises mostraram que eles ficam também carregados de endorfinas durante a lide. Pois ficam, é porque doi.
Tal como a endorfina, a adenosina está lá após espetar a agulha, provavelmente porque faz parte do processo bioquímico de modelação da dor. Podemos tirar partido disso, mas sabemos já à partida que a acupunctura não é essa via (excepto para o pescoço, como já referido).
Se tivermos de espetar agulhas para depois conseguir um efeito analgésico enorme mediado pela adenosina ( e penso que recorrendo a agonistas) e se tiver menos efeitos secundários que os que já conhecemos, então que seja. Mas isso tem tanto a ver com acupuncura como tem a ver com Qis e merdianos.
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acupunctura,
medicinas alternativas e complementares
A ilusão é melhor que a realidade? Basta acreditar para ser real? Mais confusões com o significado do placebo.
Este é um estudo muito interessante que mostra que o “placebo” é um efeito sobre a percepção e não sobre a doença, e que é preciso muito cuidado a avaliar os relatórios que as pessoas fazem sobre as suas próprias doenças.
É assim:
Foram testados no tratamento da asma, um inalador com albuterol (bronco-dilatador), uma acupunctura falsa “sham”, e ainda mais um placebo que era um inalador mas sem albuterol para libertar. A juntar a isto houve um grupo que não recebeu tratamento nenhum. Temos portanto em teste um principio activo, dois placebos e não fazer nada. O ensaio clinico está metodológicamente correcto e recorre a dupla ocultação, é randomizado, amostra válida, essas coisas. E em geral as conclusões também estão correctas. Mas os resultados primeiro para depois poder discutir as conclusões, ou melhor, o que tem sido feito elas.
Os resultados são que usando critérios objectivos, não dependentes de opinião de médicos ou pacientes, o único eficaz é o inalador com albuterol. Se usarmos a auto-avaliação dos doentes, tudo funciona de igual modo, excepto não fazer nada.
O albuterol ser o único eficaz em termos objectivos, com melhoras reais, está de acordo com as expectativas. E que as pessoas relatem melhoras com a acupunctura sham ou um inalador inerte também. É o efeito placebo. Sabemos por estudos anteriores que o efeito placebo não causa melhoras reais, quantificáveis objectivamente mas que leva as pessoas a terem uma percepção optimista sobre o seu estado de saúde. Este estudo é altamente consistente com isso. É alias um excelente exemplo de que os relatórios de melhoras por auto-avaliação não são de confiança. Não fazer nada, acaba por ser o que se espera, não se melhora nada.
A parte complicada e que está a servir para manipulações pelos defensores das medicinas alternativas é a de que o albuterol foi relatado pelos pacientes como tendo tanta eficácia como o placebo. Logo, sugerem, o efeito placebo é melhor que a coisa real (1). Non sequitur!
Na própria conclusão do artigo diz: "Placebo effects can be clinically meaningful and can rival the effects of active medication in patients with asthma. "
Mas embora o que nós sentimos seja importante, quer-me parecer que o mais importante é haver realmente melhoras - para além daquilo que nós achamos, já que estamos obviamente enganados. Convencer as pessoas que elas estão melhores é mais importante que elas estarem de facto melhores? A longo prazo e num contexto mais abrangente, as coisas não podem ser equivalentes. Os que conseguem ter pulmões mais funcionais, ainda que não se apercebam disso, deverão ter uma serie de outras vantagens funcionais relacionadas. E o desgaste no organismo deverá ser completamente diferente.
O que estes estudos mostram é que as pessoas podem ser iludidas no mapa que o cerebro faz do próprio corpo. Mas tirar proveito disso em detrimento de recorrer a tratamentos que actuam positivamente no corpo é errado. A melhor conclusão que podemos tirar daqui é que é importante atacar em todas as frentes e tirar proveito do efeito placebo ser um efeito da pessoa. Isto é, pode ser conseguido com tudo. Até com o que funciona realmente.
Fontes, referencias, origem, etc., encontra-se tudo aqui:
http://www.sciencebasedmedicine.org/index.php/dummy-medicine-dummy-doctors-and-a-dummy-degree-part-2-0-harvard-medical-school-and-the-curious-case-of-ted-kaptchuk-omd/
Directo para o artigo cientfico:
http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1103319
(1) "However, even though objective physiological measures (e.g., FEV1) are important, other outcomes such as emergency room visits and quality-of-life metrics may be more clinically relevant to patients and physicians." Citado do artigo na Science Based Medicine.
É assim:
Foram testados no tratamento da asma, um inalador com albuterol (bronco-dilatador), uma acupunctura falsa “sham”, e ainda mais um placebo que era um inalador mas sem albuterol para libertar. A juntar a isto houve um grupo que não recebeu tratamento nenhum. Temos portanto em teste um principio activo, dois placebos e não fazer nada. O ensaio clinico está metodológicamente correcto e recorre a dupla ocultação, é randomizado, amostra válida, essas coisas. E em geral as conclusões também estão correctas. Mas os resultados primeiro para depois poder discutir as conclusões, ou melhor, o que tem sido feito elas.
Os resultados são que usando critérios objectivos, não dependentes de opinião de médicos ou pacientes, o único eficaz é o inalador com albuterol. Se usarmos a auto-avaliação dos doentes, tudo funciona de igual modo, excepto não fazer nada.
O albuterol ser o único eficaz em termos objectivos, com melhoras reais, está de acordo com as expectativas. E que as pessoas relatem melhoras com a acupunctura sham ou um inalador inerte também. É o efeito placebo. Sabemos por estudos anteriores que o efeito placebo não causa melhoras reais, quantificáveis objectivamente mas que leva as pessoas a terem uma percepção optimista sobre o seu estado de saúde. Este estudo é altamente consistente com isso. É alias um excelente exemplo de que os relatórios de melhoras por auto-avaliação não são de confiança. Não fazer nada, acaba por ser o que se espera, não se melhora nada.
A parte complicada e que está a servir para manipulações pelos defensores das medicinas alternativas é a de que o albuterol foi relatado pelos pacientes como tendo tanta eficácia como o placebo. Logo, sugerem, o efeito placebo é melhor que a coisa real (1). Non sequitur!
Na própria conclusão do artigo diz: "Placebo effects can be clinically meaningful and can rival the effects of active medication in patients with asthma. "
Mas embora o que nós sentimos seja importante, quer-me parecer que o mais importante é haver realmente melhoras - para além daquilo que nós achamos, já que estamos obviamente enganados. Convencer as pessoas que elas estão melhores é mais importante que elas estarem de facto melhores? A longo prazo e num contexto mais abrangente, as coisas não podem ser equivalentes. Os que conseguem ter pulmões mais funcionais, ainda que não se apercebam disso, deverão ter uma serie de outras vantagens funcionais relacionadas. E o desgaste no organismo deverá ser completamente diferente.
O que estes estudos mostram é que as pessoas podem ser iludidas no mapa que o cerebro faz do próprio corpo. Mas tirar proveito disso em detrimento de recorrer a tratamentos que actuam positivamente no corpo é errado. A melhor conclusão que podemos tirar daqui é que é importante atacar em todas as frentes e tirar proveito do efeito placebo ser um efeito da pessoa. Isto é, pode ser conseguido com tudo. Até com o que funciona realmente.
Fontes, referencias, origem, etc., encontra-se tudo aqui:
http://www.sciencebasedmedicine.org/index.php/dummy-medicine-dummy-doctors-and-a-dummy-degree-part-2-0-harvard-medical-school-and-the-curious-case-of-ted-kaptchuk-omd/
Directo para o artigo cientfico:
http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1103319
(1) "However, even though objective physiological measures (e.g., FEV1) are important, other outcomes such as emergency room visits and quality-of-life metrics may be more clinically relevant to patients and physicians." Citado do artigo na Science Based Medicine.
Boiron desiste das ameaças contra blogger Italiano.
Num comunicado em que nota que nunca quis fazer nada contra a liberdade de expressão, a Boiron afirma não ter intenção de prosseguir contra o autor do Blog (0).
Asneiras todas a gente faz, por isso desta estará perdoada. Só falta deixar de vender artigos homeopáticos alegando propriedades terapêuticas. (Notar que o placebo é um efeito do doente e não do medicamento).
No resto do comunidado (sim, sei ler italiano, vejam só a minha sorte) a Boiron diz uma série de coisas que não posso deixar de notar também.
Dizem que estão habituados a serem criticados mas que a origem das criticas é "compreensivel": é que a ciencia "ainda não atingiu as fronteiras do infinitamente pequeno". E eu aqui tenho de dizer, com humor, mas honestamente, que não percebo se se trata de um apelo à ignorancia, um "red herring" (algo para distrair) ou se com este infinitamente pequeno se referem à eficacia dos seus produtos! Não diria que essa eficacia infinitamente pequena não pudesse existir (conceptualmente), mas para que serviria?
Acrescentam que queriam apenas tirar as frases mais ofensivas e difamatórias, não apenas apagar o blog todo - no entanto não foi esse o pedido que fizeram ao provedor do IP. Foi que tirasse o blogue da net. Mas uma vez que o autor do Blog (0) tirou essas frases imediatamente deixou de haver razões para continuar com o processo legal.
Portanto, tudo se explica. É uma questão de usar linguagem bonita que fica tudo resolvido. Até ofereceram um livro ao Samuel (autor do Blog (0)) que dizem lhe vai mostrar "como as coisas que se dizem da homeopatia estão longe da realidade. "
O que não vem nesse livro, aposto eu, são estudos com amostras grandes, bem controlados, duplamente ou triplamente cegos e randomizados. Ver aqui porque precisamos disso.
Nota 1:
O infinito é um conceito que em absoluto e em muitos sentidos não tem realidade fisica. Se tivesse não seria infinito, certo? É um termo que os cientistas usam para dizer que algo não tem limites discretos. Seja como for, a mecanica quântica, a teoria das cordas, a matemática e até a bioquimica, têm mecanismos para lidar com o muito pequeno. Conhecemos efeitos de venenos e hormonas que existem em doses minimas (mas que continuam a ter de estar fisicamente nos corpos onde causam efeitos, a cena da memória da agua não tem a ver como infinitamente pequeno, tem a ver com propriedades que não existem).
Nota 2:
Aqui o resto da história.
Asneiras todas a gente faz, por isso desta estará perdoada. Só falta deixar de vender artigos homeopáticos alegando propriedades terapêuticas. (Notar que o placebo é um efeito do doente e não do medicamento).
No resto do comunidado (sim, sei ler italiano, vejam só a minha sorte) a Boiron diz uma série de coisas que não posso deixar de notar também.
Dizem que estão habituados a serem criticados mas que a origem das criticas é "compreensivel": é que a ciencia "ainda não atingiu as fronteiras do infinitamente pequeno". E eu aqui tenho de dizer, com humor, mas honestamente, que não percebo se se trata de um apelo à ignorancia, um "red herring" (algo para distrair) ou se com este infinitamente pequeno se referem à eficacia dos seus produtos! Não diria que essa eficacia infinitamente pequena não pudesse existir (conceptualmente), mas para que serviria?
Acrescentam que queriam apenas tirar as frases mais ofensivas e difamatórias, não apenas apagar o blog todo - no entanto não foi esse o pedido que fizeram ao provedor do IP. Foi que tirasse o blogue da net. Mas uma vez que o autor do Blog (0) tirou essas frases imediatamente deixou de haver razões para continuar com o processo legal.
Portanto, tudo se explica. É uma questão de usar linguagem bonita que fica tudo resolvido. Até ofereceram um livro ao Samuel (autor do Blog (0)) que dizem lhe vai mostrar "como as coisas que se dizem da homeopatia estão longe da realidade. "
O que não vem nesse livro, aposto eu, são estudos com amostras grandes, bem controlados, duplamente ou triplamente cegos e randomizados. Ver aqui porque precisamos disso.
Nota 1:
O infinito é um conceito que em absoluto e em muitos sentidos não tem realidade fisica. Se tivesse não seria infinito, certo? É um termo que os cientistas usam para dizer que algo não tem limites discretos. Seja como for, a mecanica quântica, a teoria das cordas, a matemática e até a bioquimica, têm mecanismos para lidar com o muito pequeno. Conhecemos efeitos de venenos e hormonas que existem em doses minimas (mas que continuam a ter de estar fisicamente nos corpos onde causam efeitos, a cena da memória da agua não tem a ver como infinitamente pequeno, tem a ver com propriedades que não existem).
Nota 2:
Aqui o resto da história.
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Cético obrigado a fechar o blogue para manter o emprego.
Depois do caso Quiropraticos vs Simon Singh há uns anos, o do Blog (0) vs Boiron há uns dias, venho agora a tomar conhecimento de outro caso, via Orac. Outro caso de tentar silenciar a critica legitima com recurso a processos legais.
Trata-se de um epidemiologista de profissão, defensor da medicina baseada na ciência, que vê o seu emprego posto em causa após uma discussão com um proprietário de empresas farmacêuticas. Este senhor, não satisfeito com o curso da discução e perante a incapacidade de resolver o assunto com argumentos, ameaça processar o blogger e os patrões do blogger. O blog, esse, já era. Afinal temos de trabalhar para comer.
Os cépticos e cientistas respondem aos ataques à ciência com argumentos. E para eles a ciência é uma coisa bem pessoal e de onde muitas vezes vem o dinheiro para viver. Porque é que os outros não podem fazer o mesmo?
Ao menos temos o efeito Streisand para nos reconfortar. Mas era bom acabar com o recurso a processos legais para resolver disputas cientificas.
Trata-se de um epidemiologista de profissão, defensor da medicina baseada na ciência, que vê o seu emprego posto em causa após uma discussão com um proprietário de empresas farmacêuticas. Este senhor, não satisfeito com o curso da discução e perante a incapacidade de resolver o assunto com argumentos, ameaça processar o blogger e os patrões do blogger. O blog, esse, já era. Afinal temos de trabalhar para comer.
Os cépticos e cientistas respondem aos ataques à ciência com argumentos. E para eles a ciência é uma coisa bem pessoal e de onde muitas vezes vem o dinheiro para viver. Porque é que os outros não podem fazer o mesmo?
Ao menos temos o efeito Streisand para nos reconfortar. Mas era bom acabar com o recurso a processos legais para resolver disputas cientificas.
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liberdade de expressão
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Não se deixe apanhar pelo fim-do-mundo!
Agora, também ao seu alcance...
Todo o poder do multiverso.
Não se deixe apanhar desprevenido pelo fim do mundo. Esteja no Universo Certo (TM).
De facto a ciência tem vindo a mostrar que a realidade é composta por vários universos alternativos com histórias alternativas ao que acontece neste. Os médicos alternativos têm usado esse conhecimento desde há tempos – realmente é nesses universos que as suas terapias funcionam. Agora há algo que põe a sua saúde em risco mas cabe-lhe a si, sim, a si, resolver o problema!
Já se questionou porque apenas totós e ignorantes temem o fim do mundo já em 2012? Porque é que os astrónomos e cosmólogos dormem descansados nas suas camas enquanto outros estão aterrorizados? Será que é porque sabem algo que você não sabe? SIM, claro que sim. E agora esse conhecimento pode ser seu.
“Placeboing into the Multiverse ” é o livro que lhe ensina a escolher um universo alternativo e apenas pelo poder da observação quântica escapar ao fim do mundo. Como sabemos, a observação quântica influencia a realidade observada.
Com “Placeboing into the Multiverse” aprenda a teoria do Universo Certo (TM). Não se deixe apanhar pelo fim do mundo. Salve-se. Sucesso garantido (1)
Os testemunhos:
“Desde que li o “Placeboing into the Multiverse” durmo muito mais descansada e até reduziu a dose de produtos homeopáticos para o stress que andava a tomar” - Maria, Santarém.
“Sem duvida que [este livro] integra os maiores conhecimentos da física e do multi-verso com o efeito quântico do placebo espiritual. Ja não tenho medo. Nibiru ou Gabiru a mim não me apoquenta.” José, Alcabideche
“(...) porque claro que a ciência Maia não explica tudo. Graças a este livro abri os olhos.” - João, Porto.
(1) A todos os que sejam apanhados num universo alternativo de destruição total será reembolsado o valor do livro e oferecido um prémio de consolação no valor da "Quack Science Today" na altura do sucedido .
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quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Uma das marcas do cepticismo é a mente aberta. Mas não tão aberta que o cérebro nos caia ao chão!
Talvez a característica mais famosa do cepticismo seja a disposição para abordar conceitos ou afirmações com duvida metódica e de promover um raciocionio baseado nas evidências. Como este é o trabalho dos cientistas, normalmente os cépticos consideram a verdade cientifica satisfatória.
Mas há outra característica, que naturalmente se relaciona com esta, que é tão ou mais importante na formação do céptico e da sua maneira de pensar. E que é francamente mal compreendida pelos que abordam os cepticos - parece-me que o cetico é visto como alguém que à priori nega uma série de coisas. Mas isso é o oposto do que ele é. Normalmente quem faz essa acusação é que tem um conjunto de coisas que à priori quer que sejam verdade.
Estou a referir-me à capacidade de largar uma crença. De mudar de ideias, de abandonar uma linha de raciocínio quando as evidências apontam noutro sentido e de querer procurar essas novas ideias. Em resumo, de manter a mente aberta, no sentido mais favorável que manter a mente aberta pode ter. (Já que se é ter mente aberta para servir de caixote do lixo não vale a pena).
O céptico é alguém que compreende que é preciso uma abordagem racional baseada nas evidências. Mas terá nascido assim?
Ou aprendeu isso por perceber que muitas crenças estavam erradas? E percebeu que estavam erradas por ser capaz de as largar?
Isto, proponho eu, pode acontecer muito antes de compreender a importância de sistematizar testes e colher dados. Pode ser algo que se aprende com os dados colhidos pela vivência simples, numa jovem idade. Desde que estejamos dispostos a não manter crenças apenas por já “serem nossas” – situação em que em vez de as ideias serem nossas, nós é que somos das ideias!
Uma das primeiras coisas que poderia formar o cepticismo enquanto abordagem racional, seria precisamente poder abdicar de ideias e assim poder duvidar até de si próprio, se for preciso. E isso manter-se-ia depois ao longo da evolução do pensamento. O céptico compreenderá que o raciocínio e não as ideias em si é que são importantes e que fazem a diferença. É o “como se sabe” que é importante. Mais do que “o que se sabe”, ja que a justificação é que distingue as crenças quanto à plausibilidade e veracidade. E para manter esse processo evolutivo das ideias a funcionar, antes de mais tem de se ser capaz de abandonar as mais fracas.
As crianças têm superstições. Uma data delas. A maioria das pessoas perde algumas das superstições pelo mesmo processo em que o céptico perde todas. Porque vê que não funcionam. Mas com diferenças fundamentais. O céptico está disposto a largar a própria ideia da superstição quando uma série delas não funciona. E aceitar explicações que são incompatíveis com a superstição. O não céptico larga apenas uma ou outra e passa para seguinte. Ou pura e simplesmente vai substituindo umas pelas outras, cada vez mais complexas e inexplicáveis. Não está disposto a largar a ideia da superstição em si.
Por exemplo, numa palestra, o Phill Plait, pergunta a uma audiência de cépticos quantos deles ja acreditaram em pseudociencias de qualquer espécie e dá como exemplos poderes psíquicos, Ovnis, etc. Uma grande parte da audiência levanta as mãos. Isto sugere que há não só uma evolução nas crenças de um céptico mas também na maneira como essas crenças são formadas.
O céptico muda de ideias não só porque privilegia a o raciocínio baseado na evidência mas também porque teve de abandonar outras formas de construir crenças. E fê-lo porque podia. Quando foi preciso foi capaz de abandonar essas crenças erróneas e essa maneira de pensar. Porque podia aceitar que não funcionavam em vez de imaginar razões que justificassem manter a crença.
É argumentável ( e correctamente) que se não houver já uma propensão para questionar não se pode perceber que a nossa crença está errada. Tudo bem. O cético é alguém que à partida duvida mais que os outros. Mas a propensão para questionar parece estar muito mais bem distribuída pela população que a capacidade de abandonar uma ideia errada. Aliás, parece-me que todos questionamos pelo menos as ideias dos outros. As nossas, depois de instaladas, é que é difícil, já que pode levar a ter de concluir que está errada. E a ter de abandonar essa ideia.
E essa capacidade de abandonar uma ideia errada face a nova evidencia, e a repetição do processo pode levar por sua vez à duvida metódica, porque põe a tendenciosidade fora do caminho, porque abre buracos no conhecimento passiveis de serem preenchidos “de novo”. E é por isso que eu proponho que essa seja uma das características que define o cepticismo. Todo o céptico. E uma das vias pela qual muita gente chega a tornar-se um céptico.
Mas há outra característica, que naturalmente se relaciona com esta, que é tão ou mais importante na formação do céptico e da sua maneira de pensar. E que é francamente mal compreendida pelos que abordam os cepticos - parece-me que o cetico é visto como alguém que à priori nega uma série de coisas. Mas isso é o oposto do que ele é. Normalmente quem faz essa acusação é que tem um conjunto de coisas que à priori quer que sejam verdade.
Estou a referir-me à capacidade de largar uma crença. De mudar de ideias, de abandonar uma linha de raciocínio quando as evidências apontam noutro sentido e de querer procurar essas novas ideias. Em resumo, de manter a mente aberta, no sentido mais favorável que manter a mente aberta pode ter. (Já que se é ter mente aberta para servir de caixote do lixo não vale a pena).
O céptico é alguém que compreende que é preciso uma abordagem racional baseada nas evidências. Mas terá nascido assim?
Ou aprendeu isso por perceber que muitas crenças estavam erradas? E percebeu que estavam erradas por ser capaz de as largar?
Isto, proponho eu, pode acontecer muito antes de compreender a importância de sistematizar testes e colher dados. Pode ser algo que se aprende com os dados colhidos pela vivência simples, numa jovem idade. Desde que estejamos dispostos a não manter crenças apenas por já “serem nossas” – situação em que em vez de as ideias serem nossas, nós é que somos das ideias!
Uma das primeiras coisas que poderia formar o cepticismo enquanto abordagem racional, seria precisamente poder abdicar de ideias e assim poder duvidar até de si próprio, se for preciso. E isso manter-se-ia depois ao longo da evolução do pensamento. O céptico compreenderá que o raciocínio e não as ideias em si é que são importantes e que fazem a diferença. É o “como se sabe” que é importante. Mais do que “o que se sabe”, ja que a justificação é que distingue as crenças quanto à plausibilidade e veracidade. E para manter esse processo evolutivo das ideias a funcionar, antes de mais tem de se ser capaz de abandonar as mais fracas.
As crianças têm superstições. Uma data delas. A maioria das pessoas perde algumas das superstições pelo mesmo processo em que o céptico perde todas. Porque vê que não funcionam. Mas com diferenças fundamentais. O céptico está disposto a largar a própria ideia da superstição quando uma série delas não funciona. E aceitar explicações que são incompatíveis com a superstição. O não céptico larga apenas uma ou outra e passa para seguinte. Ou pura e simplesmente vai substituindo umas pelas outras, cada vez mais complexas e inexplicáveis. Não está disposto a largar a ideia da superstição em si.
Por exemplo, numa palestra, o Phill Plait, pergunta a uma audiência de cépticos quantos deles ja acreditaram em pseudociencias de qualquer espécie e dá como exemplos poderes psíquicos, Ovnis, etc. Uma grande parte da audiência levanta as mãos. Isto sugere que há não só uma evolução nas crenças de um céptico mas também na maneira como essas crenças são formadas.
O céptico muda de ideias não só porque privilegia a o raciocínio baseado na evidência mas também porque teve de abandonar outras formas de construir crenças. E fê-lo porque podia. Quando foi preciso foi capaz de abandonar essas crenças erróneas e essa maneira de pensar. Porque podia aceitar que não funcionavam em vez de imaginar razões que justificassem manter a crença.
É argumentável ( e correctamente) que se não houver já uma propensão para questionar não se pode perceber que a nossa crença está errada. Tudo bem. O cético é alguém que à partida duvida mais que os outros. Mas a propensão para questionar parece estar muito mais bem distribuída pela população que a capacidade de abandonar uma ideia errada. Aliás, parece-me que todos questionamos pelo menos as ideias dos outros. As nossas, depois de instaladas, é que é difícil, já que pode levar a ter de concluir que está errada. E a ter de abandonar essa ideia.
E essa capacidade de abandonar uma ideia errada face a nova evidencia, e a repetição do processo pode levar por sua vez à duvida metódica, porque põe a tendenciosidade fora do caminho, porque abre buracos no conhecimento passiveis de serem preenchidos “de novo”. E é por isso que eu proponho que essa seja uma das características que define o cepticismo. Todo o céptico. E uma das vias pela qual muita gente chega a tornar-se um céptico.
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quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Companhia homeopata ameaça com processos legais crítico italiano.
A Boiron, uma empresa que produz artigos homeopáticos ameaçou um blogger italiano com um processo legal por este a ter criticado abertamente. E exigiu ao servidor de internet que alojava o site para impedir o acesso ao dito site.
Não havendo outros argumentos aparentemente esta ideia ter-lhes há parecido uma boa solução. Ou talvez tenham só avançado para ver como é que a coisa corria, afinal se puderem calar os críticos todos e todas as vozes a dizer "o rei vai nú", talvez se possa continuar negócio sem sobresaltos.
Mas a coisa aparentemente correu mal - ou está a correr - e já se comenta pelo mundo fora. O assunto é inclusivamente noticiado pelo British Medical Journal.
É um atentado ao direito de expressão. É um atentado à divulgação e discussão de ideias. E é um atentado à ciência em si que vive e cresce na discussão de ideias. Mandar calar e tentar calar em vez de argumentar é cobarde, é antidemocrático e anti-cientifico.
Ainda por cima ele tem razão. Os medicamentos homeopatas não têm eficacia e nem era esperado que tivessem. São apenas agua ou açúcar e funcionam como um placebo. Vendido ao preço de medicamento.
Não havendo outros argumentos aparentemente esta ideia ter-lhes há parecido uma boa solução. Ou talvez tenham só avançado para ver como é que a coisa corria, afinal se puderem calar os críticos todos e todas as vozes a dizer "o rei vai nú", talvez se possa continuar negócio sem sobresaltos.
Mas a coisa aparentemente correu mal - ou está a correr - e já se comenta pelo mundo fora. O assunto é inclusivamente noticiado pelo British Medical Journal.
É um atentado ao direito de expressão. É um atentado à divulgação e discussão de ideias. E é um atentado à ciência em si que vive e cresce na discussão de ideias. Mandar calar e tentar calar em vez de argumentar é cobarde, é antidemocrático e anti-cientifico.
Ainda por cima ele tem razão. Os medicamentos homeopatas não têm eficacia e nem era esperado que tivessem. São apenas agua ou açúcar e funcionam como um placebo. Vendido ao preço de medicamento.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
O espiritismo desmistificado.
Os espíritas insistem que não podemos criticar o espiritismo sem ler as obras completas do Allan Kardec. Dizem que não podemos saber o que estamos a criticar se não o fizermos.
Estaria de acordo se quisesse criticar o estilo, a encadernação das obras ou como devem lá conduzir os promenores das crenças deles. Mas eu critico antes alegações bem conhecidas e gerais dessas obras ou afirmações que se possam racionalmente extrair desses textos (e desde que lá se suponha que existem espiritos imortais não estou a enganar muito). Critico alegações de fundo e que refletem questões de matéria de facto. Critico alegações sobre o mundo que nos rodeia e que dizem respeito a todos. Não apenas a quem queira seguir uma ou outra doutrina espirita. E depois comparo a essas afirmações com aquilo que é suportado pelas evidencias.
Quem diz o que lá diz são os espiritas. Se eu disser que la diz algo que não diz, aceito ser corrigido. Mas não tem sido esse o problema. Parece que de um modo geral o cetico acerta nos fundamentos do espiritismo (vida após morte, dualismo mente/cerebro, comunicação com os mortos). O que discordamos é na veracidade e plausibilidade desses fundamentos.
Pretenderão que as evidencias a favor do espiritismo são apenas a autoridade de um homem e a força da sua palavra? Isso é um apelo à autoridade falacioso (por não ter sido primeiro sequer estabelecido como poderia ele ser especialista de uma coisa que não está demonstrada). Por outro lado, se os únicos relatos sistemáticos que suportam o espiritismo são os encontrados nestes textos de cerca de 1850 o problema é o mesmo. Outra falácia. É evidencia anedótica, já que não se consegue repetir as coisas independentemente e com os mesmos resultados.
De facto, existe uma série de experiencias, relatos, descobertas, investigações, etc. que mostram que alegações de comunicações com mortos são treta. Há evidencias cada vez mais fortes que a mente é emergente do cérebro e que não há algo como uma alma sobrenatural e que a nossa vida não é mais que o funcionamento do nosso corpo ( e que isso já é complexo o suficiente). E que por mais que se procure exaustivamente não há evidencias de vida após a morte. E após uma procura exaustiva ausencia de prova é prova de ausencia.
Os espíritas procuram trazer documentos que mostrem previsões bem sucedidas pelos seus espíritos. Tal como os astrólogos. Mas a verdade é que fazendo muitas previsões sobre muitas coisas algumas vão ter de sair correctas. Não podemos isolar os resultados positivos no meio dos negativos e fingir que acertamos tudo quando fazendo as contas o sucesso teve uma percentagem muito baixa. E é isso que conta.
É este de resto um dos princípios dos truques usado nas sessões mediúnicas (e por mágicos do Showbiz) e de resto hoje bastante bem documentados. O médium lança para o ar problemas frequentes que todos temos, atira uns nomes comuns, e quando tem um "hit" não larga. As pessoas perdem o fio à meada e esquecem-se de todas as hipóteses rejeitadas anteriormente. AO que ajuda muitas vezes um contexto de forte carga emocional. Tendem a lembrar-se apenas das hipóteses que acertaram em algo. Ou lá perto...E nem se apercebem da probabilidade elevada, vulgo "clichés", que são as hipóteses propostas pelos médiuns. Tipo "Um familiar próximo que morreu de doença prolongada e que deixou algo por dizer...". E que se chamava Amanda, Fernanda, Alexandra, Xana ou Ana. Chama-se a isto "fishing". Para saber se há previsão é preciso anotar todas as hipóteses e ver a percentagem de sucesso. Quando isto é feito a sério e bem feito, os espíritos não adivinham nada. Não é preciso ler os livros do Kardec para saber isto.
Também não é preciso ler os livros do Kardec para saber que já Faraday, o físico, tinha mostrado uma maneira muito engenhosa e eficaz para mostrar que nas sessões espíritas eram as pessoas que faziam os objectos mexerem-se, ao colocar camadas moveis debaixo dos dedos. Se a camada de cima (em contacto com os dedos) mexe antes do objecto e das camadas debaixo(seja este um copo, uma mesa ou o que for) é por que é a pessoa que esta a mexer o objecto e não o espírito.
De facto, Faraday suspeitava de algo apenas demonstrado electrofiosiológicamente muito recentemente. Que basta nós pensarmos num movimento para parte do impulso seguir para os nossos membros. Muitas pessoas empurravam os objectos nestas sessões sem sequer se aperceberem. Sem fraude consciente. E depois deles se começarem a mexer só a antecipação do movimento e de ter de o seguir dá origem a mais empurrões. E esta é a explicação de mais movimentos de pêndulos "mágicos" que me chegaram aos ouvidos à pouco tempo.
De qualquer modo suspeito que nos livros de Kardec não se encontre um pingo de evidencia acerca do espiritismo. Apenas códigos e regras de procedimentos. Mesmo sem ler, arrisco dizer que lá não vêm lá justificações sólidas sobre como eles sabem o que dizem que sabem. A não ser que os espíritas as queiram esconder de toda a gente! E tenham uma mania estranha que só a pode conhecer quem a ler directamente no próprio livro...
Mas dizer que só lendo o livro dele é que podemos criticar o espiritismo é uma maneira de dizer que tudo o que é importante a suportar o espiritismo está lá e apenas lá. Ou seja, que não é confirmável independentemente nem reproduzível - e isto é algo imprescindivel e inultrapassavel para julgar alegações. Senão, vale tudo! Na melhor das hipóteses, sendo assim, seria algo que apenas aconteceu ou acontecia por vota de 1850.
Mas mesmo assim, tendo em conta tudo o resto que sabemos do universo e juntando todas as tentativas frustradas de demonstrar almas, espíritos, comunicações com o além, pré-cognição, etc. sou obrigado pelas evidências a rejeitar essa hipótese de uma época em que os espíritos falavam connosco e os mortos eram vivos à sua maneira.
Quem quiser demonstrar que estou errado avance com evidencias. Afirmações qualquer um pode fazer. A diferença é a justificação. E quanto mais extraordinária a afirmação mais extraordinária tem de ser a justificação. Esta de ter de ler o Kardec para poder criticar o espiritismo é ultrapassada apenas pelo abuso das afirmações do espiritismo propriamente dito.
Estaria de acordo se quisesse criticar o estilo, a encadernação das obras ou como devem lá conduzir os promenores das crenças deles. Mas eu critico antes alegações bem conhecidas e gerais dessas obras ou afirmações que se possam racionalmente extrair desses textos (e desde que lá se suponha que existem espiritos imortais não estou a enganar muito). Critico alegações de fundo e que refletem questões de matéria de facto. Critico alegações sobre o mundo que nos rodeia e que dizem respeito a todos. Não apenas a quem queira seguir uma ou outra doutrina espirita. E depois comparo a essas afirmações com aquilo que é suportado pelas evidencias.
Quem diz o que lá diz são os espiritas. Se eu disser que la diz algo que não diz, aceito ser corrigido. Mas não tem sido esse o problema. Parece que de um modo geral o cetico acerta nos fundamentos do espiritismo (vida após morte, dualismo mente/cerebro, comunicação com os mortos). O que discordamos é na veracidade e plausibilidade desses fundamentos.
Pretenderão que as evidencias a favor do espiritismo são apenas a autoridade de um homem e a força da sua palavra? Isso é um apelo à autoridade falacioso (por não ter sido primeiro sequer estabelecido como poderia ele ser especialista de uma coisa que não está demonstrada). Por outro lado, se os únicos relatos sistemáticos que suportam o espiritismo são os encontrados nestes textos de cerca de 1850 o problema é o mesmo. Outra falácia. É evidencia anedótica, já que não se consegue repetir as coisas independentemente e com os mesmos resultados.
De facto, existe uma série de experiencias, relatos, descobertas, investigações, etc. que mostram que alegações de comunicações com mortos são treta. Há evidencias cada vez mais fortes que a mente é emergente do cérebro e que não há algo como uma alma sobrenatural e que a nossa vida não é mais que o funcionamento do nosso corpo ( e que isso já é complexo o suficiente). E que por mais que se procure exaustivamente não há evidencias de vida após a morte. E após uma procura exaustiva ausencia de prova é prova de ausencia.
Os espíritas procuram trazer documentos que mostrem previsões bem sucedidas pelos seus espíritos. Tal como os astrólogos. Mas a verdade é que fazendo muitas previsões sobre muitas coisas algumas vão ter de sair correctas. Não podemos isolar os resultados positivos no meio dos negativos e fingir que acertamos tudo quando fazendo as contas o sucesso teve uma percentagem muito baixa. E é isso que conta.
É este de resto um dos princípios dos truques usado nas sessões mediúnicas (e por mágicos do Showbiz) e de resto hoje bastante bem documentados. O médium lança para o ar problemas frequentes que todos temos, atira uns nomes comuns, e quando tem um "hit" não larga. As pessoas perdem o fio à meada e esquecem-se de todas as hipóteses rejeitadas anteriormente. AO que ajuda muitas vezes um contexto de forte carga emocional. Tendem a lembrar-se apenas das hipóteses que acertaram em algo. Ou lá perto...E nem se apercebem da probabilidade elevada, vulgo "clichés", que são as hipóteses propostas pelos médiuns. Tipo "Um familiar próximo que morreu de doença prolongada e que deixou algo por dizer...". E que se chamava Amanda, Fernanda, Alexandra, Xana ou Ana. Chama-se a isto "fishing". Para saber se há previsão é preciso anotar todas as hipóteses e ver a percentagem de sucesso. Quando isto é feito a sério e bem feito, os espíritos não adivinham nada. Não é preciso ler os livros do Kardec para saber isto.
Também não é preciso ler os livros do Kardec para saber que já Faraday, o físico, tinha mostrado uma maneira muito engenhosa e eficaz para mostrar que nas sessões espíritas eram as pessoas que faziam os objectos mexerem-se, ao colocar camadas moveis debaixo dos dedos. Se a camada de cima (em contacto com os dedos) mexe antes do objecto e das camadas debaixo(seja este um copo, uma mesa ou o que for) é por que é a pessoa que esta a mexer o objecto e não o espírito.
De facto, Faraday suspeitava de algo apenas demonstrado electrofiosiológicamente muito recentemente. Que basta nós pensarmos num movimento para parte do impulso seguir para os nossos membros. Muitas pessoas empurravam os objectos nestas sessões sem sequer se aperceberem. Sem fraude consciente. E depois deles se começarem a mexer só a antecipação do movimento e de ter de o seguir dá origem a mais empurrões. E esta é a explicação de mais movimentos de pêndulos "mágicos" que me chegaram aos ouvidos à pouco tempo.
De qualquer modo suspeito que nos livros de Kardec não se encontre um pingo de evidencia acerca do espiritismo. Apenas códigos e regras de procedimentos. Mesmo sem ler, arrisco dizer que lá não vêm lá justificações sólidas sobre como eles sabem o que dizem que sabem. A não ser que os espíritas as queiram esconder de toda a gente! E tenham uma mania estranha que só a pode conhecer quem a ler directamente no próprio livro...
Mas dizer que só lendo o livro dele é que podemos criticar o espiritismo é uma maneira de dizer que tudo o que é importante a suportar o espiritismo está lá e apenas lá. Ou seja, que não é confirmável independentemente nem reproduzível - e isto é algo imprescindivel e inultrapassavel para julgar alegações. Senão, vale tudo! Na melhor das hipóteses, sendo assim, seria algo que apenas aconteceu ou acontecia por vota de 1850.
Mas mesmo assim, tendo em conta tudo o resto que sabemos do universo e juntando todas as tentativas frustradas de demonstrar almas, espíritos, comunicações com o além, pré-cognição, etc. sou obrigado pelas evidências a rejeitar essa hipótese de uma época em que os espíritos falavam connosco e os mortos eram vivos à sua maneira.
Quem quiser demonstrar que estou errado avance com evidencias. Afirmações qualquer um pode fazer. A diferença é a justificação. E quanto mais extraordinária a afirmação mais extraordinária tem de ser a justificação. Esta de ter de ler o Kardec para poder criticar o espiritismo é ultrapassada apenas pelo abuso das afirmações do espiritismo propriamente dito.
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Violência nos videojogos, update.
Acrescentei isto ao post de ontem:
"Embora tenha tomado conhecimento de estudos conflituosos em relação à violência desde que comecei a escrever o post, pareceu-me que a evidencia para haver um ligação entre jogos de computador e violência era mais consistente com estudos mais teóricos. E estudos conflituosos aparecem sempre. Por outro lado reparei que os estudos que não encontram relação são quase todos estudos que incluem C.J. Fergunson como autor, o que me inclina a dar razão a quem considera haver "bias" nesses trabalhos. No entanto numa segunda revisão considerei o caso menos forte a favor da influencia negativa dos jogos violentos.
O meu pensamento actual é o seguinte: Se não houver fraude deliberada, e os autores que chegam sistematicamente a conclusões diferentes (Anderson vs Fergunson) forem apenas vitimas de bias (ambos) é bem possível que estejam a medir coisas diferentes em indivíduos diferentes. Isto é: Nem todos os indivíduos são susceptíveis em igual grau e nem em todas as condições (por exemplo pouco tempo de jogo diário). Para além disso a discordância acerca de como deve a agressividade ser medida pode sofrer o mesmo problema. O que é agressividade para um autor não é para outro, sem que nenhum tenha absolutamente razão. Provavelmente os jogos violentos não serão responsáveis por agressividade extrema mas sim por uma atitude geral pro-violenta.
Em resumo, os jogos de computador seriam mais perniciosos em crianças que ja de si são vulneráveis e um pouco agressivas e não em adultos estáveis, assim como seriam provavelmente incapazes de gerar por si só fenómenos de loucura violenta. É neste sentido que eu penso que aponta o conjunto de toda a bibliografia. Não deixa no entanto de ser pertinente o efeito da violência dos jogos nas crianças e jovens. Não iliba completamente os jogos de computador de comportamentos indesejados nos jovens. No caso de adultos estáveis não me parece que os jogos violentos sejam motivo de preocupação."
Portanto continuo a considerar que a evidência sugere fortemente que haja influencia negativa de jogos violentos em indivíduos. Não é é em todos. E que essa influencia não pode ser negligenciada só porque é mais provável que seja sobretudo em crianças susceptíveis e jovens instáveis. Mas sobretudo por ser mais provável que seja notável em crianças susceptíveis e jovens instáveis. E além do mais a susceptibilidade não deve ser uma questão de tudo ou nada. É razoável concluir que será um continuo em relação à idade entre outros factores.
"Embora tenha tomado conhecimento de estudos conflituosos em relação à violência desde que comecei a escrever o post, pareceu-me que a evidencia para haver um ligação entre jogos de computador e violência era mais consistente com estudos mais teóricos. E estudos conflituosos aparecem sempre. Por outro lado reparei que os estudos que não encontram relação são quase todos estudos que incluem C.J. Fergunson como autor, o que me inclina a dar razão a quem considera haver "bias" nesses trabalhos. No entanto numa segunda revisão considerei o caso menos forte a favor da influencia negativa dos jogos violentos.
O meu pensamento actual é o seguinte: Se não houver fraude deliberada, e os autores que chegam sistematicamente a conclusões diferentes (Anderson vs Fergunson) forem apenas vitimas de bias (ambos) é bem possível que estejam a medir coisas diferentes em indivíduos diferentes. Isto é: Nem todos os indivíduos são susceptíveis em igual grau e nem em todas as condições (por exemplo pouco tempo de jogo diário). Para além disso a discordância acerca de como deve a agressividade ser medida pode sofrer o mesmo problema. O que é agressividade para um autor não é para outro, sem que nenhum tenha absolutamente razão. Provavelmente os jogos violentos não serão responsáveis por agressividade extrema mas sim por uma atitude geral pro-violenta.
Em resumo, os jogos de computador seriam mais perniciosos em crianças que ja de si são vulneráveis e um pouco agressivas e não em adultos estáveis, assim como seriam provavelmente incapazes de gerar por si só fenómenos de loucura violenta. É neste sentido que eu penso que aponta o conjunto de toda a bibliografia. Não deixa no entanto de ser pertinente o efeito da violência dos jogos nas crianças e jovens. Não iliba completamente os jogos de computador de comportamentos indesejados nos jovens. No caso de adultos estáveis não me parece que os jogos violentos sejam motivo de preocupação."
Portanto continuo a considerar que a evidência sugere fortemente que haja influencia negativa de jogos violentos em indivíduos. Não é é em todos. E que essa influencia não pode ser negligenciada só porque é mais provável que seja sobretudo em crianças susceptíveis e jovens instáveis. Mas sobretudo por ser mais provável que seja notável em crianças susceptíveis e jovens instáveis. E além do mais a susceptibilidade não deve ser uma questão de tudo ou nada. É razoável concluir que será um continuo em relação à idade entre outros factores.
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quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Jogos de computador violentos podem aumentar a agressividade. Mas também melhoram algumas capacidades intelectuais...
Os jogos de computador modernos são complexos e exigentes em termos intelectuais. Forçam os jogadores a planear, memorizar localizações e inventário, tomar decisões em pouco tempo, manter índices de concentração elevados e uma capacidade de saber o que se passa no cenário geral da acção. E claro a fazer o famoso "multitasking".
Por isso é de esperar que exista alguma vantagem - no campo da neurologia - de jogar computador.
Mas alguma vantagem é diferente de enormes ou muitas vantagens. E estas têm de ser avaliadas num contexto geral de possíveis contra-indicações.
Para ja sabemos que apesar de imensas promessas de escolas e programas para aumentar o QI, a verdade é que este tem uma heritabilidade extremamente elevada . Por outro lado sabemos que muitas actividades que aprendemos têm pouca capacidade de passar para outras areas, mesmo que algo relacionadas. E o QI é uma medida que se correlaciona fortemente com outras aptidões intelectuais, por isso aqui refiro este facto.
Isto não quer dizer que não valha a pena treinar o cérebro. Existe plasticidade neuronal. Treinar é importante e é até imprescindível. Quem tiver pelo menos o 12º a matemática sabe que não se pode fazê-lo sem treinar bastante os conceitos envolvidos.
O que quero dizer é que devemos ter muito "cuidado" com o que esperamos de determinado treino. E que as alegações de melhoras cognitivas devido a isto ou aquilo devem ser cautelosamente ponderadas e investigadas. Sobretudo se são feitas como tendo um resultado benéfico geral, tipo panaceia.
Por isso, quando recentemente encontrei este artigo da PCWorld intitulado "7 jogos que expandem o seu cérebro" senti os alarmes do cepticismo a tocar, ainda que tivesse vontade de acreditar no que dizia o artigo (eu gosto de jogos de computador e estou sempre interessado em melhorar qualquer capacidade intelectual). O titulo era bom demais para ser verdade. O sub titulo já falava em moderação na quantidade, mas isso ainda é dizer pouco acerca dos problemas envolvidos.
Debaixo deste titulo sensacional, a PCWorld apresentava 7 jogos que em determinadas faixas etárias tinham dado melhorias intelectuais em aspectos muito específicos. Tudo bem. Não justifica a generalização inicial mas podia representar bons indícios. E representam em um ou outro caso. O problema, é que os estudos que vêm referenciados pela PCWorld para justificar a alegação inicial são quase tudo (mas não tudo - ver mais à frente) o que há a dizer de bom para os jogos de computador (e que ja têm suporte cientifico) e não fala dos problemas associados.
De facto, procurei saber se a PCWorld tinha escolhido as cerejas de artigos científicos para fazer o seu texto. E tinha. O seu artigo omitia informação importante acerca dos jogos de computador - e relevantes no contexto geral de avaliar o benefício de jogar. Havia um mundo de cerejas podres à volta de onde aquelas saíram.
Mas este "post" não é tanto a criticar o artigo da PCWorld - se fosse pegaria em cada alegação uma por uma e não no titulo sensacionalista (que sabemos apenas segue regras de marketing). De facto este post é muito mais sobre o que eu encontrei por ir averiguar o artigo em causa.
O que se passa é que a evidência a favor de quaisquer aumentos da capacidade cerebral é ainda relativamente leve, excepto talvez para questões relacionadas com a percepção visual, compreensão espacial e atenção.
Mas isso nem foi o pior.
A parte pior, foi encontrar que de entre indícios de efeitos positivos existem efeitos negativos sugeridos por muita bibliografia (vários estudos e revisões) - a agressividade, vício e menor rendimento escolar - que têm de ser tidos em conta. Não apenas indícios (ver nota 2 em respeito a conflito de estudos). E se levarmos em conta como provados todos os efeitos positivos então temos de aceitar também o que esta igualmente indiciado para efeito adverso.
Como por exemplo tirar tempo de estudo e de sono (mas não tiram o sono, apenas levam os miúdos a querer jogar até tarde) e competir com a dedicação à escola e matérias escolares. Existe uma correlação com pior rendimento escolar (rapazes).
De entre um numero de vantagens que os jogos (no geral) podem trazer existe um numero equivalente de efeitos negativos. Vale a pena aumentar um pouco a rapidez com que se toma decisões se isso tem como efeito colateral mais violência e menor rendimento escolar? Eu acho que não (por exemplo: os jogos que são apresentados no estudo sobre melhor capacidade de tomar decisões são jogos de guerra na primeira pessoa - muito violentos).
Mas adiante.
Não quero também deixar também a ideia que os jogos de computador são o diabo. Jogos não violentos, jogados com moderação, podem ser positivos. Podem ajudar a ensinar, melhorar habilidades especificas, treinar a memoria, etc. E há indícios que sejam sobretudo úteis em indivíduos do sexo feminino.
Mas se calhar não devemos esperar que jogos que são desenhados apenas para entretenimento sejam capazes de aumentar muito determinadas competências. Precisamos de saber mais sobre este assunto para fazer afirmações com um grau de certeza mais satisfatório - neste momento uma série de testes precisa de verificação independente, jogos que apresentaram benefícios devem ser estudados quanto a efeitos adversos, etc. Existem bons indícios, não quero que isso fique enterrado no meio das criticas, mas provavelmente temos de aprender um pouco mais e influenciar um bocado a industria que produz os jogos se queremos amplificar os benefícios enquanto diminuímos os efeitos negativos. Parece-me bastante plausível que tal seja possível.
O Peggle e o Tetris não são agressivos e apresentaram vantagens. Mas e desvantagens? Não sabemos. Quer dizer que não há ou que têm as mesmas de outros jogos no que se refere a dependência e vicio? Eu acho que provavelmente teremos de controlar o tempo de jogo no caso de jovens e crianças, se não vai descambar. Se isso for feito provavelmente não haverá problema. Mas o Peggle e o Tetris não representam o que os jovens andam para aí a jogar!
Em suma, tudo depende do jogo em causa. Esse é talvez o principal factor. Um jogo é apenas um tipo de meio. O que esse meio trás é que faz a diferença. Portanto é preciso começar a estudar cada jogo por si e começar por organizar este "saco de gatos".
Mas o verdadeiro problema actual é que uma grossa fatia dos jogos são violentos e /ou requerem que sejam jogados um numero elevado de horas. Levam as crianças e jovens a querer perder esse tempo com o jogo e não com outras coisas.
Ainda no tema da agressividade, não creio que esteja bem divulgado o grau de certeza com que podemos dizer que jogos violentos aumentam a tendência para a agressividade. Pode não ser em todos os jogadores, mas ou há fraude deliberada nos estudos ou esse efeito existe, ainda que num contexto multifactorial. Convinha pais, reguladores, educadores, etc, terem noção disso. Não sei se têm, mas acho que não. Posso estar enganado. Mas penso que a evidencia a esse respeito é suficientemente forte para crianças e mais nas já de si "problemáticas". Mas temos de pensar em todos. (Sendo uma conclusão tão pouco popular e aparecendo em tantos estudos e revisões (existem também a dar a conclusão errada, mas se bem que sejam muito mais visíveis na comunicação social parecem-me em menor numero e por menos autores que os outros. Um autor parece ser o responsável por toda a divulgação de que os video jogos não fazem mal a ninguém. Adicionalmente, a verdade pode estar no meio. Que a violência em jogos de computador só põe alguns em risco (é consensual que existem crianças susceptíveis e parece-me que se forem jovens o suficiente, todas poderão estar em risco), mas eu acho que isso por si é importante e suficiente para considerar os jogos um factor de risco. Ver nota 2)
No tema da dependência, os jogos" mass multiplayer" são os piores. Isso já sabemos. Mas também aqui precisamos saber mais. Parece que existem empresas que deixam os trabalhadores jogar à vontade no tempo de trabalho. Gostava de saber que tipo de empresas e que tipo de empregados e como é que isso vai acabar.
Nota 1: este post não é mais que um comentário algo longo ao conjunto de referencias que estão em baixo. Aos interessados no assunto, continuem por aí abaixo, é lá que está a melhor informação. Procurei ter as ligações descritas e agrupadas para facilitar o estudo a quem quiser .
Nota 2: Embora tenha tomado conhecimento de estudos conflituosos em relação à violência desde que comecei a escrever o post, pareceu-me que a evidencia para haver um ligação entre jogos de computador e violência era mais consistente com estudos mais teóricos. E estudos conflituosos aparecem sempre. Por outro lado reparei que os estudos que não encontram relação são quase todos estudos que incluem C.J. Fergunson como autor, o que me inclina a dar razão a quem considera haver "bias" nesses trabalhos. No entanto numa segunda revisão considerei o caso menos forte a favor da influencia negativa dos jogos violentos. O meu pensamento actual é o seguinte: Se não houver fraude deliberada, e os autores que chegam sistematicamente a conclusões diferentes (Anderson vs Fergunson) forem apenas vitimas de bias (ambos) é bem possível que estejam a medir coisas diferentes em indivíduos diferentes. Isto é: Nem todos os indivíduos são susceptíveis em igual grau e nem em todas as condições (por exemplo pouco tempo de jogo diário). Para além disso a discordância acerca de como deve a agressividade ser medida pode sofrer o mesmo problema. O que é agressividade para um autor não é para outro, sem que nenhum tenha absolutamente razão. Provavelmente os jogos violentos não serão responsáveis por agressividade extrema mas sim por uma atitude geral pro-violenta. Em resumo, os jogos de computador seriam mais perniciosos em crianças que ja de si são vulneráveis e um pouco agressivas e não em adultos estáveis, assim como seriam provavelmente incapazes de gerar por si só fenómenos de loucura violenta. É neste sentido que eu penso que aponta o conjunto de toda a bibliografia. E é plausível considerar que esse efeito não será uma questão de tudo ou nada, mas um continuo relacionado com outros factores. Não deixa no entanto de ser pertinente o efeito da violência dos jogos nas crianças e jovens. Não iliba completamente os jogos de computador de comportamentos indesejados nos jovens. No caso de adultos estáveis não me parece que os jogos violentos sejam motivo de preocupação.
Referências:
Video Jogos: Quanto mais agressivo pior:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20849041: "a key finding can be demonstrated: the more time students spend on consuming media and the more violent its contents are, the worse are their marks at school",
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19742374
Melhora a capacidade de compreensão espacial em individuos do sexo feminino:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17894600
http://www.biomedcentral.com/1756-0500/2/174/abstract - referenciado na PCworld.
O conteudo é o mais importante (não ´
e se é jogo ou não):
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21338006
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19742374
Util para ensinar:
medicina: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21204720,
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19742374 "educational games may be related to positive outcomes" mas também diz: " Results revealed that time spent playing games was related positively to aggression and negatively to school competence"
Video Jogos tiram tempo de estudo e causam problemas a estudantes do sexo masculino:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20424084
Aumento da agressividade devido a jogos violentos:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20192555 (excelente abstract, muito importante ler).
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17474848 " weak evidence for the assumption that aggressive behavior is interrelated with excessive gaming in general (mas não é nula)" e " an addictive potential of gaming should be taken into consideration regarding prevention and intervention."
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19739057 - " children with ADHD are especially vulnerable ",
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21731788 "A number of risk behaviors, including involvement in physical fights and initiation of alcohol use before age 13, were significantly associated with frequent TV use or frequent computer/video game use, even after controlling for sex, race/ethnicity and grade.",
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16402007,outra review
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20192553,é a review a que se refere o abstract 2019555
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11554666,anderson ,mais antiga.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17914672 - meta-estudo que diz que jogos violentos agressivos não têm provas que causem agressividade, o que esta em desacordo com a maioria dos outros meta-estudos e reviews. Christopher J. Ferguson é o defensor destes resultados. É apontado como jogador pelos criticos e por isso sugeito a "bias", coisa que ele considera o problema nas análises de outros. Considera que a violencia em jogos de computador esta relacionada com a susceptibilidade individual e que só afecta individuos susceptiveis. Parece-me que esta linha não deve ser assim tão bem demarcada e se bem que obviamente deve haver susceptibilidade individual.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21529925: individuos com tendencias agressivas e menor educação procuram jogos violentos.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18977956
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15721477: artigo na Lancet em 2005 considerava a questão bem estabelecida em crianças especialmente rapazes. E é este o foco principal do meu post, ja que penso que adultos normais não ficam muito mais agressivos se os puserem a jogar jogos violentos 8 horas por dia...
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21381967
http://www.apa.org/science/about/psa/2003/10/anderson.aspx
Melhoria das capacidades psicomotoras:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21821223
Efeitos positivos em raparigas que jogam com os pais:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21783048
Jogos que levam a actividade pode corresponder a exercicio moderado:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20332536,
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20603468
Aumentar a empatia:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21171755
Jogos de estratégia em tempo real em idosos melhoram várias capacidades intelectuais:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19140648
Vicio e dependencia:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20597036 "signs of an overuse or addictive use of computer and video games. Moreover there is evidence that the disorder is associated with higher rates of depression, anxiety, as well as lower achievements e. g. at school",
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18027346,
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21703437 " average age, the scores of social belonging in real life, self-esteem and sub-dimensions "family" and "friends" of the quality of interpersonal relations scale are lower than those obtained by the non-dependent. Furthermore, the number of hours of play per week, the feeling of social belonging, self-esteem, quality of family relationships and loneliness are predictive factors of addiction to video games online.",
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21142990
Jogos aumentam aptidões gerais:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20826302
Jogos aumentam a capacidade (tomada de decisões) de inferência probabilistica:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20833324 - é o estudo referido na PCworld e divulgado aqui:
http://www.eurekalert.org/pub_releases/2008-12/uoia-svg120808.php
Para melhorar a visão em adultos!:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18997318
Brain age não aumenta capacidade cognitiva em adultos:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20822257
Jogar antes de dormir não é prejudicial:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20411697
Melhores capacidades de percepção:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21062660
Referências da PcWorld:
http://www.pcworld.com/businesscenter/article/227894/tell_your_boss_play_video_games_work_smarter.html
MRI assessment of cortical thickness and functional activity changes in adolescent girls following three months of practice on a visual-spatial task:
http://www.biomedcentral.com/1756-0500/2/174/abstract
http://www.eurekalert.org/pub_releases/2008-12/uoia-svg120808.php
Estudo que encontra melhoras a matemática num jogo de Nintendo DS "more brain training":
http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/education/7064196.stm - infelizmente na página do autor podemos ver o que não diz no artigo da BBc. O conflito de interesses entre um estudo não tendencioso e os patrocinadores que são marcas de jogos. Ver aqui: http://www.gamebasedlearning2009.com/conference/speakers/907-spekers/166-derek-p-robertson-learning-and-teaching-scotland-national-adviser-for-emerging-technologies-and-learning-
Melhorias em adultos que jogam jogos de estratégia em tempo real:
http://www.eurekalert.org/pub_releases/2010-09/uor-vgl091010.php. É a noticia deste estudo já referenciado acima: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19140648
Visual:
http://www.bcs.rochester.edu/people/daphne/VisionPDF/DyeBavelier2010.pdf "participants who played action games showed enhanced performance on all
aspects of attention tested as compared to non-gamers."
http://www.pcworld.com/article/229408/7_games_that_expand_your_brain.html#tk.hp_new
Relacionado:
Memoria de trabalho pode ser treinada com video jogos:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20630350 (sem referencia a video jogos, apenas a treino)
http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/news/fullstory_113138.html
Jogo "Big seed" pode ser usado para avaliar potencial intelectual:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14977052
Melhora a atenção:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21248123
Etiquetas:
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