quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Dualismo por todo o lado.

Eu costumo ler a New Scientist. Não é uma revista científica própriamente dita, não publica artigos de investigação originais, mas tal como este blogue é sobre a ciência.

E costumo também gostar dos artigos, mesmo se por vezes são um pouco sensacionalistas. Quase sempre no titulo, no conteúdo é mais raro. Mas este é absolutamente sensacionalista e enganador. 

Chama-se "Não encontrarás a consciência no cérebro" (1)

E enquanto não apresenta nenhum tipo de  evidencia nova que apontasse noutra direcção, vai dizendo que a consciencia não pode estar no cérebro. Nem tão pouco avança com qualquer hipotese sobre onde poderá estar então a consciencia.

Faz umas confusões entre os objectos reais e a percepção destes para explicar porque é que a consciencia não está no cérebro que nem sei por onde começar a apontar os erros quanto a esse respeito. Sim, está uma confusão que nem se percebe o ponto.

Mas há outros que são faceis de perceber o que quer dizer:

Diz que o cérebro não pode ser a consciencia porque senão não era possível a memória. E diz que a sensação de percebermos as coisas como acontecendo ao mesmo tempo tambem não pode ser explicada por actividade do cerebro.

Será que sou o unico que não vê problema para o cérebro em fazer uma coisa que um computador faz? Tal como ordenar registos por ordem cronológica e ser capaz de chamar informação armazenada em memória?

São muito mais memórias as nossas? Muito mais informação. Muito mais informação a cruzar? Subsistemas a vigiar? Pois são, talvez por isso falhemos tanto. 

Nada disto me parece ser um problema chave. Na mesma "New Scientist" li outros artigos que ajudam a perceber muitos destes problemas. Cada neuronio tem apenas 13 (2) neurónios entre si e qualquer outro. Sim, aparentemente o cérebro não são apenas compartimentos fechados, tudo está ligado. E isso explica muita coisa, como por exemplo podermos fazer circuitos de "como se". Isto é, chamar algo da memória, passar pelo cortex visual e fazer essa memória ter realismo. "Como se" fosse real. E o mesmo com as emoções. Perguntem a um actor.

E parece que zonas diferentes são capazes de se porem a funcionar na mesma frequência para se porem em contacto (3) o que tambem ajudaria a recontruir memórias a partir de informação armazenada.

Afinal o que há de novo aponta realmente na mesma direção. O cerebro é a origem consciencia.

Sinceramente um artigo anti-naturalista é uma bizarria nesta publicação. O dualismo é de facto o debate quente que se segue.

(1) http://www.newscientist.com/article/mg20527427.100-you-wont-find-consciousness-in-the-brain.html

(2) http://www.newscientist.com/article/dn18371-brain-entanglement-could-explain-memories.html

(3)http://www.newscientist.com/article/dn18371-brain-entanglement-could-explain-memories.html

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