Tal como a unidade basica do cerebro é o neurónio, unidade básica do pensamento é uma estrutura real chamada sinapse. A sinapse é o espaço e a estrutura de ligação entre dois neurónios. eles comunicam pela libertação de substancias mas ao contrario do senso comum não é um tudo ou nada. Têm frequências de comunicação pelo que o cérebro humano não tem como base zeros e uns. O pensamento e a memoria são possíveis mediante a organização das sinapses formando um circuito (em que o fio são os axónios do neurónio) - e da passagem de informação através desse circuito. No entanto cada neurónio é um pequeno processador por si. Por isso lhe é possível receber inúmeros inputs e ter vários outputs e a coisa funcionar. Esta é a base fisiológica que foi herdada dos nossos pais quando nós nascemos. No entanto, esses neurónios pouco mais sabem que receber e passar sinais e estabelecer ligações. Se um ser humano crescer alimentado a ração numa jaula sem luz, mesmo que o tirem de lá aos 10 anos ele já nunca vai conseguir desenvolver-se como deve. Porque? Porque a plasticidade neuronal diminui com a idade e porque os neurónios não nascem a saber que circuitos tem de ser formados e que circuitos funcionam. Um bebe tem muito mais sinapses que um adulto. Porque a teoria da selecção natural verifica-se entre as sinapses e entre os circuitos. As sinapses que não funcionam "morrem". Adicionalmente alguns circuitos novos vão sendo criados que são então sujeitos à selecção. Um dos processos que leva a "apagar circuitos" é obviamente o desuso mas outro importante pode ser a procura constante do cérebro de poupar energia usando os circuitos mais curtos e mais eficientes. Verifica-se que "experts" em determinadas matérias precisam de gastar menos energia e usar menos neuronios quando estão a trabalhar na sua area de "expertise" que os outros. Adicionalmente, nós não nascemos com um cérebro funcional. A matemática que é a formalização do pensamento humano só é possível porque essas estruturas cerebrais se vão formando com input do meio ambiente. Existe depois uma ligação com o corpo que não interessa agora aprofundar. O processo está longe de ser perfeito como qualquer um de nós reconhecerá num "errar é humano". Mas permitiu a criação de um método, regras e axiomas na matemática que funcionam (confirmação experimental). Não há maneira de dizer isto poucas vezes: A matemática enquanto pensamento humano assenta em sinapses cuja formação precisou de input exterior. A ciência é só a constatação que mais input leva a mais saber. Adicionalmente, alguém pode argumentar com um pouco de razão que existem comportamentos semelhantes ao instinto dos animais e que os temos logo à nascença como o reflexo de moro, de sucção, o medo do escuro, a tendência para acreditar em superstições, etc. Sim existem uma serie de coisas que vem programadas mas são todas dependentes da evolução do cérebro anterior. Não representam na realidade uma parcela significativa da nossa capacidade cognitiva em adulto. A estrutura sim, o cérebro é fruto de uma evolução pré-ontologica. Mas o modo como a informação passa a pertencer ao património genético ao longo da evolução é na selecção natural. A pergunta que se faz à natureza é "quem esta mais apto" e a natureza responde. A mutação não representa o passo em que o código genético "aprendeu". A informação só aumenta de modo sustentado quando a natureza diz quais são as mutações que funcionam. A indução, a matemática, e até a filosofia são os produtos terminais de um longo input da natureza. Da mesma maneira que não há pensadores que tenham crescido em quartos escuros e em silencio alimentados 20 anos no isolamento a pão e agua, não há geração espontânea de cérebros na Terra. Por isso, mesmo o que sabemos à nascença acaba por ter origem empirica.
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