Isto são gráficos artisticos a representar o grau de certeza que temos nas coisas. Não representam conhecimento cientifico, mas são uma hipótese testável e passível de aprimorar. Estes gráficos têm por conseguinte um grau de fiabilidade muito abaixo do cientifico, talvez aí na zona logo acima do senso comum.
Então é assim:
No primeiro gráfico proponho que os sistemas cognitivos se avaliam em função da completude e consistencia relativamente às coisas que existem. Naturalmente a ciência é a campeão na consistencia e na soma de ambas, perdendo terreno para a filosofia conforme nos aproximamos de uma optimisação da completude. Naturalmente que a pseudociencia é a campeã da completude pois não se ralando com a consistencia e aceitando o milagre como explicação não deixa nada de fora. Podemos ver que o senso comun atinge bons valores em ambas as direcções mas não onde os dois critérios se exigem simultâneamente. Aí só a ciência e a filosofia reinam. A indistinção entre a ciência e a filosofia e entre a filosofia e o senso comum é propositada. É assim que as coisas são.
No segundo gráfico continuamos a encontrar essa dificuldade intrínseca do conhecimento de se separar em gavetas. A boa filosofia - a única para alguns filósofos (já que eu sou um cientista da filosofia, preocupado por saber que filosofia é que funciona e qual não), confunde-se fortemente com a ciência (a verde) e é marcada por aquele lindo azul-mar-das-caraíbas. Há, o mais importante. A linha horizontal, o eixo do X, tem ao longo os sistemas de conhecimento humano dispersos qualitativamente de acordo com o gráfico anterior.
O eixo dos Y é um valor que eu chamo de "conhecimento". É a abstracção matemática para aquilo que nós podemos dizer que é o grau de confiança que podemos por nas afirmações. Naturalmente, certezas absolutas não existem e o conhecimento humano não toca o topo da escala de certezas, o conhecimento perfeito. Obviamente que a maneira de obter esse conhecimento é desconhecida da humanidade, e ou é uma evolução da ciência ou vai ser uma coisa nova. Não sei. Por isso deixei a branco.
Na pratica, aquilo a que chamamos respostas e a questão de o que é que dá respostas, tem tudo a ver com o grau de confiança que queremos ter nas respostas. A ciência não responde a tudo. Mas as respostas que dá são as melhores. De tal modo que qualquer resposta que seja melhor que uma cientifica que apareça, a ciência devora-a. Não tenham duvidas. O sistema cognitivo chamado ciência é um predador. A matemática está toda engolida (é o verde mais brilhante mesmo junto à faixa branca). Se aceitarmos graus de certeza cada vez mais baixos vamos poder aceitar o senso comum como conhecimento. Apesar de ser pouco completo e consistente. Naturalmente que se formos só um pouco menos exigentes podemos aceitar a filosofia como conhecimento. Mas a filosofia que se confunde com senso comum já tem um grau de incerteza de falta de rigor bastante marcado. É talvez a área da politica e da moral e da ética, onde os resultados do que é melhor demoram muito a ser avaliados e compreendidos. E onde ainda por cima o consenso é de uma importância enorme na estabilidade. As coisas que nós podemos ter a certeza mesmo nessas áreas, são as importadas da ciência. São aquelas em que podemos criar uma ponte empírica racional e lógica entre os dados observados e os desejados.O que nós desejamos é uma escolha. Mas quase sempre no sentido de ser a que nos beneficia mais como sociedade sem correr o risco de sacrificar indivíduos para lá de uma linha de tolerancia que tem vindo a subir com a evolução social.
Russel dizia que a ciência não tinha todas as respostas, mas as respostas que temos foram dadas pela ciência. Eu praticamente estou de acordo. Mas há coisas que são chamadas de filosofia, mas que sã realmente baseadas em empirismo sistemático, e que se confundem com ciência que também dão respostas. Determinados princípios científicos, ferramentas do pensamento crítico, a lógica, etc. Recuso entregar a epistemologia completamente à filosofia. É óbvio que parte da ciência é a abordagem epistemológica que resulta na evolução e diversicação do método cientifico. É mais uma zona azul-mar-das-caraíbas.
PS: se desenharmos um circulo e colorirmos com esta notação que eu dei, o amarelo vai seguir-se ao verde com uma linha difícil de discernir por ser tão fininha em determinadas zonas. A ciência e a pseudociencia em determinados casos são muito difíceis de demarcar como também ilustrado no gráfico completude/consistencia junto ao eixo dos Y. A psicologia de Freud é um exemplo dessa dificuldade - com uma quantidade anormal de postulados que não assentavam em conhecimento rigoroso, faltando portanto maneira de eliminar falsos positivos e sugerindo falta de consistencia.
12 comentários:
:)
Como gráficos artísticos ficaram esteticamente bons!
Reflete bem a sua posição atribuída em imagem de ciência e imagens de natureza.
O problema é que o assumir de que a ciência tem um conhecimento mais profundo do que a filosofia é um dogma. Defendo que ambas tem ótimos pontos de profundidade de conhecimento; entretanto existem pontos em que não são cientificos.
Apesar disto o esquema de usar cores ficou muitissimo interessante, visto que demostra bem como é difusa a marcação. Nisto o parabenizo.
O problema em "engolir" a matemática é que está provado que sistemas axiomaticos tem pontos em que não se pode decidir a verdade ou falsidade (vide godel...). Assim a ciência também tem de lidar com uma incompletude. Isso vai de contra o seu esquema que aceita tacitamente uma resposta mais "eficaz" como a científica tanto é que usa o termo "melhor".
"Naturalmente que se formos só um pouco menos exigentes podemos aceitar a filosofia como conhecimento."
- A filosofia é conhecimento. Pode não ser cientifico, mas é conhecimento. A generalização do conhecimento científico como semanticamente igual a conhecimento (puramente falando) é uma falácia de generalização apressada.
"Mas a filosofia que se confunde com senso comum já tem um grau de incerteza de falta de rigor bastante marcado"
- Demonstre como ela se confunde com senso comum.
"É talvez a área da politica e da moral e da ética, onde os resultados do que é melhor demoram muito a ser avaliados e compreendidos."
- Algumas filosofias morais são extremamente baseadas em lógica. A ética moral kantiana por exemplo, apesar de que eu nao concorde muito com ela, é muito interessante e encadeada com um principio racional (imperativo categórico).
"Recuso entregar a epistemologia completamente à filosofia. É óbvio que parte da ciência é a abordagem epistemológica que resulta na evolução e diversicação do método cientifico. É mais uma zona azul-mar-das-caraíbas."
- Tudo bem se que se recusas a entregar totalmente. Mas assume que parcialmente deve ser do âmbito da filosofia. E outra, a parte que compete à ciência é que ela as usa; mas isso não faz da epistemologia uma ciência prontamente falando.
Os pressupostos epistemológicos nao necessitam ser necessariamente falseados, porem ser confrontados como qualquer outra filosofia.
"A ciência e a pseudociencia em determinados casos são muito difíceis de demarcar como também ilustrado no gráfico completude/consistencia junto ao eixo dos Y"
- Sim, pode ser difusa, mas atualmente estou amadurecendo conceitos que servem como um gráfico em falsa cor e que julgo ser capaz de demonstrar a tênue diferença entre as mesmas.
"A psicologia de Freud é um exemplo dessa dificuldade - com uma quantidade anormal de postulados que não assentavam em conhecimento rigoroso, faltando portanto maneira de eliminar falsos positivos e sugerindo falta de consistencia."
- A psicologia de Freud carece de elementos falseadores. Não é científica. Mas isso não significa que seja "filosofia ruim".
Arnaldo:
"Assim a ciência também tem de lidar com uma incompletude. Isso vai de contra o seu esquema que aceita tacitamente uma resposta mais "eficaz" como a científica tanto é que usa o termo "melhor"."
Claro. Repare que a ciencia não chega ao topo e a linha a tracejado já significa que é muito especulativa.
Conheço bem Godel. É o unico teorema que diz algo sobre o que não se pode saber para lá de mera especulação - isto lembrando a nossa discução anterior.
Dizer que a ciencia é superior à folosofia não é dogma. É facto. Estou aberto a refutação.
"é uma falácia de generalização apressada."
Como queiras, mas é a melhor aposta que temos. No fundo todos sabemos isso. O problema de alguns filosofos é mesmo tentar perceber como é que a ciencia foi tão longe enquanto eles achavam que não era preciso sujar as botas para aprender. Quando digo alguns, estou a excluir os empiristas, claro. Os pais e padrinhos do conhecimento cientifico com o qual comungam.
"Tudo bem se que se recusas a entregar totalmente. Mas assume que parcialmente deve ser do âmbito da filosofia."
Arnaldo, detesto dizer-te isto, mas a epistemologia cientifica ultrapassa a puramente filosofia desde os anos 60.
Os filosofos continuam a por perguntas que a ciencia não sabe responder. Mas eles tambem não.
Quanto ao que funciona, sabemos que funciona por causa da angora empirica. Que pode ser uma generalização ( e é) e que não tem o problema de Hume resolvido totalmente. Mas é o melhor que temos. E isso já podemos saber.
O passo seguinte, para um cientista da filosofia como eu é acabar com as distinções arbitrárias e ensinar fisica e quimica aos formados em filosofia, ja que as ferramentas aí ensinadas são das melhores que há. Enquanto isso não acontecer a ciencia estara à frente. Quando isso acontecer, a confusão entre as duas será total e a distinção apenas histórica.
Arnaldo, não se deve ofender com estas coisas. Não são dogmas. São factos.
Eu vejo a ciencia como a capacidade de extrair informação da realidade e de a organisar. A um nivel muito proximo da realidade, sem ir muito alem das evidencias.
A filosofia tenta ir mais longe, mas usa na mesma a mesma informação da ciencia, apenas especula mais. Ao especular mais, pode ser mais completa em casos pontuais, mas só sabemos que é consistente quando a ciencia o demontra. O que aconteceu poucas vezes, ja que os cientistas andam a colocar as suas proprias questões ha decadas.
As ferramentas filosoficas são cientificas no aspecto em que foram descobertas pela observação e experiencia do que funciona e não funciona. Até a lógica é fruto dessa experiencia.
A filosofia agora so tem a ela propria para se sustentar a partir de determinada distancia do mundo empirico. E por isso, falha a potes. Ficam as perguntas godelianas por responder mas que aparentemente não são suficientes para invalidar a descrição de um mundo probabilistico.
Claro que te podes colocar dentro de um solipsismo teimoso do qual não há saida. Nem cientifica, nem fislofica. Mas se aceitares este bocadinho de maçã como real...
Arnaldo:
Na minha opinião a psicanalise e freud são pseudociencias. Felizmente a psicologia saiu da caixa preta há algum tempo e alguns postulados de Freud estavam no caminho certo, outros não. Mas havia para ali muita feitiçaria.
Arnaldo:
FAzendo a analogia com o nosso cerebro é como discutir o que faz a consciencia. Em que a consciencia é o conhecimento.
É o tronco cerebral que é uma estrutura antiga sem a qual o cerebro não funciona mas é muito limitada?
Ou é o cortex, sofisticado orgão que representa o expoente maximo da evolução biologica?
Um sem o outro não formam consciencia. Mas são ambos cerebro. Sistema nervoso central.
Eu vejo a ciencia como tudo o que é representativo de sistema nervoso central e por isso reividico como sendo cientificas coisas que são tradicionalmente filosoficas. São ambas as coisas.
DEterminadas areas da filosofia são mais parecidas com ciencia do que com filosofia. A filosofia da ciencia é outro excelente exemplo, em que os filosofos andam a ver o que os cientistas andam a fazer e a tentar perceber porque funcionam tão bem.
Senso comun é sistema nervoso periferico.
Pseudociencia é sistema nervoso autonomo. É muito completo mas cheio de inconvenientes e inconsistencias.
"- Demonstre como ela [filosofia] se confunde com senso comum."
Vou recorrer a exemplos de coisas que estão entre a filosofia e o senso comum:
1- a filosofia de vida
2- atribuição de intencionalidade a complexidade (desde o argumento do "fine tuning" que é filosofia até à ver energias misticas em pedras e amuletos devido à tendencia para preferir falsos positivos do senso comum).
"A ética moral kantiana por exemplo, apesar de que eu nao concorde muito com ela, é muito interessante e encadeada com um principio racional (imperativo categórico)."
Sim, mas a partir do momento em que possas dizer que não concordas sem ter de provar que ela está errada estas no dominio da opinião. E opinar é a marca da casa do senso comum.
Mas não é por estares agora a opinar que eu digo que se confunde com senso comum. Imagino que possas ter argumentos estupidamente fortes.
Apenas denoto uma grande margem de incerteza em "não concorde muito" e "interessante" - o que sugere que podes discordar sem desabar a pertinencia da moral de kant. Isso é opinar.
A ciencia e a filosofia procuram coisas em que a opinião seja um fossil. Não se pode não concordar simplesmente com a mecanica quantica ou com o principio da parcimonia. Qualquer critica tem de ser tão profunda para se poder discordar honestamente que deve por a teoria em causa - no fundo o reverso da moeda do falsificacionismo e a sustentação do principio de Laplace.
Joao,
infelizmente hoje estou muitissimo atarefado. Talvez terei tempo para responder adequadamente apenas no final de semana.
De qualquer forma notei alguns problemas em seus comentários.
Lógico, compreendo muito bem a sua posição e não estou querendo que mude. Não estou impondo nada. Apenas tenho algumas correções (entretanto terei tempo mesmo apenas no sabado pra lá).
"1- a filosofia de vida
2- atribuição de intencionalidade a complexidade (desde o argumento do "fine tuning" que é filosofia até à ver energias misticas em pedras e amuletos devido à tendencia para preferir falsos positivos do senso comum)."
- João isso demonstra a péssima imagem que adquiriu do que é filosofia.
Doxa, opinião, não é sinônimo de filosofia. E filosofia não precisa estar ligada a tradições místicas etc. Isto é um grande erro de nossa época.
Eu aposto no ponto em que a ciência é uma das coisas mais preciosas. Mas também estou com a mesma aposta na filosofia. E é da filosofia (epistemologia, pelo menos) é que extraímos conversações metacientíficas e podemos refletir sobre a ciência, o funcionamento da mesma, a sua conduta, e o fato de que não seja uma panacéia.
Uma das coisas que desenvolvi em meu blog e afirmo com muita propriedade é que atribuir panacéia à ciência é uma das grandes portas para o desenvolvimento de pseudociencias.
"O problema de alguns filosofos é mesmo tentar perceber como é que a ciencia foi tão longe enquanto eles achavam que não era preciso sujar as botas para aprender."
- A coisa não é assim como você fala. Quando encontro colegas que falam mal da ciência só por falar, fico fulo de raiva, pois não compreendem que a ciência é um bem preciosissímo. Entretanto a posição destes colegas não reflete um grupo lógico que posso atribuir como "todos filósofos". Assim é novamente uma generalização apressada apontar que filósofos não querem sujar as mãos...
Filósofos fazem isso há muito tempo, desde a época que ciência e filosofia se confundiam.
"Os filosofos continuam a por perguntas que a ciencia não sabe responder. Mas eles tambem não."
- Porque algumas perguntas não compete à ciência. E outras sao perguntas que simplesmente por mais que estejam sem respostas definitivas, houveram tentativas e que motivaram diversas outras reflexões.
Filosofar não é mero opinar.
E o exemplo de kant, não foi para que eu estivesse a meramente a opninar... foi para mostrar que por mais estranha que seja a conclusão kantiana, houve um processo extremamente em busca do racional para se chegar àquela conclusão; nao sendo mera opinião. Portanto nao faça inversões: eu usei kant para exemplificar que a filosofia não é mera opinição, e não para que eu fugise para opinião, como você expôs.
E o opinar do senso comum não se baseia racionalmente. São amparas simples que muitas vezes estão amparadas em crenças. Na filosofia temos pessoas que pensaram com o instrumental que tinham para tal e chegaram a conclusões. Algumas podemos discordar, ou apontar redondamente como erradas; como a afirmação de que a physis do universo é a água, ou o ar ou ainda o apeiron; entretanto houve uma explicação racional sustentável que não fosse a mera doxa, a mera opinião porque papai ou mamae ensinaram assim.
(CONTINUA)
Portanto acho que precisa rever alguns pontos sobre o que é a filosofia. Existe muito livro bom explicando o que é a filosofia, assim como tambem tem muito lixo.
Vou ministrar um curso de introdução a filosofia EaD no meu sitio da web (cursos.networkcore.eti.br). Se você quiser deixo sua matrícula pronta; seria extremamente bem-vindo, devido a qualidade de suas argumentativas e conversas. Qualquer coisa me mande email.
"Arnaldo, não se deve ofender com estas coisas. Não são dogmas. São factos."
- Não estou ofendido. Apenas estou apontando que a certeza de que seja um 'fato' é oriundo a um dogmatismo do outro lado da régua da conduta perante à ciência. Cujo o lado oposto é simplesmente os opositores à ciência.
E como eu afirmei no primeiro comentario. É interessante o gráfico, mas tenho pontos em desacordo. O fato de ainda nao ter postado não é senão nada mais que a falta de tempo que tenho para apontar detalhes.
Em resumo os pontos que discordo estão relacionados com a curva do conhecimento, pois é embasado dogmaticamente.
Quando às cores foi uma ideia interessantíssima e muito boa, pois esquematiza bem a respeito do tema. As correções são apenas pontuais. Portanto eu que peço para nao se ofender se eu disse termos como "interessante".
De qualquer forma estou sem tempo agora para tal, e isso não representa um contra-argumento para meu primeiro comentario quando eu disse que existem pontos que discordo: até porque eu JAMAIS falei que discordo de laplace ou de godel, ou ainda de qualquer outra coisa mencionada; apenas discordo que o embasamento que tenha colocado como a ciência no topo em detrimento da filosofia seja um fato real.
Portanto não misture o que eu disse. Discordo de como pôs certas partes do gráfico; e não de laplace ou de godel. E não é mera opinião: tem reflexão no meio disso. Entretanto estou acabei agora um semestre e tenho algumas coisa para resolver e não tive tempo de contra-argumentar detalhadamente. Entrementes os acontecimentos, garanto que em nenhum momento tive uma resposta opniativa superficializada...
De qualquer forma, como eu disse no primeiro comentario, gostei de seus gráficos, embora discorde PONTUALMENTE de algumas coisas deles (em outras, obviamente concordo).
João, prometo voltar em breve, realmente estou ocupado agora (hoje). (E também não espere minha resposta na quinta-feira, novamente estarei de folga com minha familia; talvez esteja aqui novamente no sábado).
Até mais,
Arnaldo.
Arnaldo:
" é que extraímos conversações metacientíficas e podemos refletir sobre a ciência, o funcionamento da mesma, a sua conduta, e o fato de que não seja uma panacéia."
Ainda não é panaceia nem nunca vai ser. APenas é o melhor que temos.
Eu não penso que a avaliação da ciencia seja feita pela filosofia, mas sim pela evidencia fisica.
Não penso tambem que a filosofia da ciencia seja muito diferente de ciencia.
"Assim é novamente uma generalização apressada apontar que filósofos não querem sujar as mãos..."
Eu disse alguns!
" Portanto nao faça inversões: eu usei kant para exemplificar que a filosofia não é mera opinição, e não para que eu fugise para opinião, como você expôs."
Ponto aceite.
"E o opinar do senso comum não se baseia racionalmente."
Não? Nada? É que eu penso que isso é um exagero. É mesmo essa a sua posição? É essa a posição consensual na filosofia? Se é eu não contradigo, pois nunca me debrucei muito sobre este tema. Estou fora de pé admito.
Acha que a linha é assim tão clara?
Lembre-se no entanto que até a supertição ~já foi uma aposta racional, heuristicamente válida para o conhecimento pré-histórico.
" Apenas estou apontando que a certeza de que seja um 'fato' é oriundo a um dogmatismo do outro lado da régua da conduta perante à ciência."
A certeza desta afirmação é de que grau? Pode provar.
"Vou ministrar um curso de introdução a filosofia EaD no meu sitio da web"
Acho essa iniciativa muito interessante. E acho que pode ser um bom professor. Só não acho que neste momento possa abarcar mais uma actividade que requeira uma determinada consistencia de dedicaçao. Pode ser na segunda edição?
Quanto aos gráficos, eles refletem os meus pensamentos em muita coisa. Mas foram feitos "on-the-fly" e de animo leve. Aliás deixei a dica ao colocar a etiqueta "humor". Não me desagrada nada que haja correcções.
Como hei de dizer? Amadei a barra à parece a ver se cola enquanto me divertia.
Extrapolei uma data de coisas, tal como o que se passa entre o senso comum e a filosofia.
Mas ser uma transição abrupta? Isso prevê que não haja nem senso comum fora de série (Ghandi, Cristo? Tolstoi? Freud?) nem filosofia de chinelo roto (Berkeley, Swinburn).
E aviso explicitamente que não é conhecimento cientifico nem filosofico.
João, mandei um email para você explicando meu atraso nos comentarios.
Talvez neste comentario ainda eu seja um pouco mais rápido:
"Acha que a linha é assim tão clara?"
- De fato ela não é tão clara.
"Estou fora de pé admito"
- Também tenho que admitir algo: estou ainda a pensar no assunto. Apesar de nao ser tão clara há pontos que pondem ser contundentes numa investigação. Talvez eu tenha sido muito incisivo com a "racionalização" do senso comum. De fato ele possui um grau abstrativo, mas é parco e baseado em induções fracas, corriqueiras e muitas das vezes cotidianas. Quando salientei a diferença com a filosofia, quis dizer que o racionalizar da filosofia passa para além desse pensar comum das induções cotidianas (como podem acontecer, com as superstições) e concluir coisas não tão triviais.
"Lembre-se no entanto que até a supertição ~já foi uma aposta racional, heuristicamente válida para o conhecimento pré-histórico."
- Concordo plenamente. De fato, se baseia em induções. Assim como a mitologia pode guardar certos graus de alguma verdade. Entretanto a racionalidade por detrás da filosofia passa, muitas vezes, para além do que esta do comum. Realmente fui muito contundente. A superstição também tem seu grau de racionalidade, mas se baseia em induções fracas, o que não garante seu acerto acerca do que ela se propõe a responder (ou a causar).
"A certeza desta afirmação é de que grau? Pode provar"
- De qual afirmação? Da minha ou da sua?
Se se refere da sua, estou a dizer que a certeza de que a ciência deve ser ensinada necessariamente aos filósofos para que aperfeiçõe a filosofia. Note estou dizendo que afrimar isto requer provas suas, portanto o ônus da prova é seu. De qualquer forma afirmar isto desta forma beira o lado dogmático do extremo confiante na ciência como panacéia. ENTRETANTO vejo agora que apenas foi uma expressão que se pareceu. Não creio que você seja dogmático, afinal, você mesmo já expos em outros comentários ou posts que não é assim.
De fato, acredito que QUALQUER indivíduo deve ter alfabetização científica, e não estando apenas na faculdade de filosofia. Por isso também julgo desnecessário.
Na faculdade de filosofia temos teoria da ciência, e tópicos relacionados à ela; assim acho que aprender NA FACULDADE sobre pontos específicos da ciência deva ser facultativo (para aqueles que queiram seguir esta área da filosofia, aí sim poderiam fazer uma introdução, embora na matéria de teoria da ciência, os exemplos de como a ciência funciona acabam por apontar sempre a dados teóricos da mesma, embora não com a mesmo instrumental prático e teórico que o cientísta irá abordar).
Portanto advogo que qualquer indivíduo deva ter educação científica. E mais: para uma educação crítica também deva ter em si elementos epistemológicos. Portnanto creio no vetor contrário. Ao invés de colocar ensino de ciência para os formandos em filosofia, creio que o melhor é desde o início colocar divulgação científica e ensino epistemológico
Claro que para aqueles que optarem a apronfundar na ciência, não seria má idéia ter, mas seria opcional quanto ao nível de graduação (pelo menos na UnB, não sei em outras universidades, mas creio ser parecido, é possivel matricular-se como matéria optativa em outros departamentos, como o de física).
Tive algumas discussões a respeito nos links:
http://arnaldo.networkcore.eti.br/557-a-garantia-social-da-ciencia-serie-pseudociencias-–-parte-6.html
e no link de um ótimo colega http://blog.gilbertomirandajr.com.br/2010/02/o-ensino-do-criacionismo-em-aulas-de_07.html
Resumindo: creio que a melhor opção seria ensido a todos sobre alfabetização científica, com alguns elementos epistemológicos para um ensino crítico. Para os fomandos em filosofia deixar abertas as portas para que aprofunde seus conhecimentos de ciência, quando for optar pela área da teoria da ciência; mas não manter-se apenas nela (afinal deverá ter contato também com muita epistemologia).
"Eu disse alguns!"
Ok.
"Pode ser na segunda edição?"
-Sim, claro. Como quiser.
"Quanto aos gráficos, eles refletem os meus pensamentos em muita coisa"
- De qualquer forma quero que fique claro que achei uma maneira interessantíssima a forma de apresentar seu posicionamento em gráfico.
"Mas foram feitos "on-the-fly" e de animo leve. Aliás deixei a dica ao colocar a etiqueta "humor". Não me desagrada nada que haja correcções."
- De fato, você deixou isso bem claro desde o início.
"Como hei de dizer? Amadei a barra à parece a ver se cola enquanto me divertia."
- Também divertiu-me. E ficou muito didática também para expôr seu posicionamento.
"Extrapolei uma data de coisas, tal como o que se passa entre o senso comum e a filosofia."
- Também estava claro.
Em pauta: não estou dizendo que não haja problemas de demarcação (sei que você não disse isso), sim há problemas gradativos. Apenas posiciono-me que existem parâmetros que poderão nos ajudar a contrastar as cores melhor e ver que existe uma linha melhor para definir, embora seja campo para muitas discussões pois está em pleno desenvolvimento.
Entretanto embora julgo que elucidar pontos de como cada parte dessa funciona irá realçar mais suas diferenças, sei que ainda teremos divisões difusas; entretanto isto não é suficiente para que eu afirme que existam pontos da ciência que irão beirar ao senso comum. Afinal senso comum não é homogêneo.
E se mesmo assim o fosse, e resultasse de fato na ciência em alguns pontos beirando ao senso comum (como num gráfico em círculo) teríamos problemas com a curva do conhecimento. Ela não deveria fazer um pico na ciência e um vale no senso comum. Ela iria se misturar e ficar totalmente ondulada, quase impossível de se apontar onde está de fato num vale ou pico.
(não leve muito a sério esta minha afirmação, estou ainda formulando-a, mas foi meio que instantânea).
Em suma: entendi seu posicionamento, compartilho em alguns pontos, embora tenha mostrado que em outros não compartilho tanto (como é natural de se fazer).
Peço novamente desculpas quanto ao comentário não ser tão aprofundado como os outros.
Abraços,
Arnaldo.
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