Não tenciono falar de politica neste Blog, a não ser quando ache que isso se justifica do ponto de vista da ciência.
Mas nas próximas eleições de dia 7, existem 2 partidos que me parece querem fazer avançar o "envelope" das medicinas alternativas. Na direcção errada.
Talvez eu tenha percebido mal, mas penso que não. O MPT diz assim:
«Reconhecer as instituições nacionais e estrangeiras com idoneidade para ministrar formação no âmbito das medicinas não-convencionais, bem como os títulos necessários ao exercício profissional».
Acho que esta posição é anti-ciência. Tratam-se de pseudociências a serem equiparadas a ciências.
A duvida é maior na frase do BE, exactamente o que eles querem dizer?
É assim o extracto de texto:
"um debate em torno das medicinas ditas tradicionais ou alternativas, tantas vezes omitidas e ocultadas, e abrindo espaço para a sua implementação e complementaridade"
Debate acho que sim. Separar a ciência da pseudociência, sim. Mas abrir "espaço para a sua implementação e complementaridade"?
Acho que isto quer dizer que o BE propõe implementar as medicinas alternativas e complementares como se fossem alternativas e complementares de facto. Mas os dados obtidos experimentalmente não suportam que isso seja verdade, excepto eventualmente em alguns casos muito específicos. E em termos de plausibilidade à priori ainda menos.
Não estou aqui agora a propor legislar contra. Mas deixo a questão se devemos legislar a favor e se não é esse o sentido da frase.
Nota:
As citações são de fonte secundária, vêm do já muitas vezes aqui citado blogue "Que treta", do Prof. Ludwig Krippahl. Aparentemente estamos em desacordo com o sentido literal da frase. (1)
(1)https://www.blogger.com/comment.g?blogID=29251019&postID=6598913946874855609
Leitura adicional sugerida:
http://cronicadaciencia.blogspot.com/2009/06/medicinas-alternativas-lei-e-o.html
ou
http://cronicadaciencia.blogspot.com/2008/10/medicinas-alternativas-e-as-outras-uma.html
Cepticismo, naturalismo e divulgação científica. Uma discussão sobre o que é ou não matéria de facto.
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sexta-feira, 5 de junho de 2009
Medicinas Alternativas a votos dia 7 (bem, pelo menos no meio de outras coisas)
Etiquetas:
medicinas alternativas e complementares
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7 comentários:
Ao dizer "abrindo espaço para a sua implementação e complementaridade" o BE está a dizer que o resultado do debate será certamente positivo para as medicinas alternativas. Ou seja: não propõem um debate para discutir ideias e tentar encontrar a verdade, mas para impor a ideia que a priori acham verdadeira.
Mas isso não é novo. As pessoas do BE e arredores políticos costumam ter essa atitude relativamente a imensos temas: aborto, adopção por homossexuais, globalização, aquecimento global, etc.
Cumprimentos.
Carlos Pires:
Obrigado pelo comentário.
Ó tão fero João:
Onde é que a fitoterapia - a base de TODA a medicina, tradicional ou moderna, e percursora da farmacologia! - é uma pseudociência?!
Ou ainda, o facto das práticas terapêuticas tradicionais serem eminentemente empíricas, claro, torna-as anti-científicas? A ausência de explicação - como é ainda o caso da acupunctura - implica que um tratamento não seja eficaz, quando produz resultados satisfatórios, mesmo que os críticos míopes os atribuam ao ignoto "efeito placebo"?
A que propósito vem este medo - ele sim, irracional! - daquilo que não se compreende só porque não encontra um suporte teórico cabal no edifício sempre incompleto das teorias científicas?
Aliás, por falar em ciência, a simples expressão "ciências da saúde" implica que não falamos aqui de nenhuma ciência única e exacta, mas de uma complementaridade de saberes que abarca a biologia e a botânica, a química e a física e também a psicologia e a antropologia, para além de vários outros.
Mais ainda, a definição clássica da medicina é a "arte da cura"... arte personalizada mais do que ciência abstracta. Deveras, entendida por este prisma não há sequer "a" doença mas sim "o" doente, uma distinção que só por si representa uma abordagem filosófica MUITO superior nas terapias tradicionais do que na moderna e tantas vezes despersonalizada medicina científica.
Aliás, isto é perfeitamente reconhecido no seio dos organismos e da classe médica, o que sempre é um bom sinal de autocrítica positiva.
O que é a doença e a saúde, afinal? Mais ainda, o que é o Ser Humano e qual a interrelação entre corpo, mente e espírito... latu senso?
Uma medicina puramente pragmática e apenas curativa do corpo físico, mais do que da integralidade do Ser Humano, só poderá ter um sucesso parcial. O antigo NÃO é oposto ao moderno, pois foi dele que este surgiu. De certa forma, existe apenas uma só medicina ou arte de curar, usando múltiplas formas de terapia, umas físicas e outras psíquicas, umas mais tradicionais e outras mais modernas, numa complementaridade una e profícua.
Logo, embora não tenha votado em nenhum desses 2 partidos, claro que estou inteiramente de acordo com esse tipo de propostas muito positivas e que, aliás, apenas correspondem àquilo que já se faz em países bem mais evoluídos do que o nosso, recebendo também o aval da OMS e outros organismos do género.
Por fim, pensar que alguma "droga milagrosa" nos pode devolver a saúde perdida é talvez o mais perfeito exemplo de pensamento mágico, baseado na total falácia de que a cura provém do exterior quando ela é apenas interior!
A Vis Medicatrix não é um conceito vão, sem apelar para a vitalidade do organismo não há cura possível, muito menos transformação de vida doentia em vida saudável... com a natureza amável! :)
Acho que Carlos Pires está correcto na sua interpretação. Ludwig disse que não acha agrada aquele programa, mas diz que «se for para distinguir objectivamente o que funcionam e o que é mera superstição», o que é um ingenuidade por parte dele se achar que é isso que o BE queria dizer quando termina com «abrindo espaço para a sua implementação e complementaridade» e sabendo que exagera no seu liberalismo.
Conheço algumas experiências feitas com as ditas medicinas alternativas, mas preciso informar-me melhor para escrever sobre elas. No caso da acunpuctura, pelo que percebo, reconhece-se que há um efeito anestésico - por atingir os nervos -, mas não há prova que vá para além disso. Há tantos assuntos que reconheço que eu não seja muito apropriado para discuti-los e sei que há muita gente que escreve melhor do que eu (sou, como é costume dizer na informática, "verbose"). Por isso tive uma ideia para um wiki e base-de-dade sobre crenças.
Já agora: acho que vais gostar destes vídeos (apesar de não são serem sobre o tópico).
Pedro Amaral Couto:
Existe de facto alguma evidencia de que a acunpunctura tenha um efeito moderadamente analgésico. Mas é um efeito muito moderado, tal como o seu efeito anti-nausea.
A explicação da estimulação nervosa é namelhor das hipoteses muito vaga.
Tenho um artigo chamado acunpuntura que te convido a ler. Tem referencias para imensos testes clinicos.
"Por isso tive uma ideia para um wiki e base-de-dade sobre crenças."
Onde ?
Estou a desenvolvê-lo de raiz em PHP nos tempos-livres.
Existem coisas que ainda tenho de pensar: o título (HolyShitDB, SkepticsDB, etc.), se o editor é WYSIWYG (ex:: TinyMCE) ou como da Wikipedia, como classificar os temas, se há debates ou comentários e como geri-los, etc. Já fiquei todo contente por ter a estrutura base-de-dados definida e o código para acedê-la.
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