"Os filósofos são frequentemente acusados de se deixarem ir em psicologia (ou neurociência ou física ou... ) de cadeira-de-braços, e então aparecem imensas histórias embaraçosas acerca de filósofos cujas confiantes afirmações "à priori" foram consequentemente refutadas no laboratório.
Uma resposta razoável para este risco estabelecido é para o filósofo se retirar para dentro daquelas áreas conceptuais aonde há pouco ou nenhum perigo de alguma vez dizer alguma coisa que possa ser refutada (ou confirmada) pela descoberta empírica.
Outra resposta razoável é estudar, na nossa cadeira-de-braços, os melhores frutos do laboratório, os melhores esforços dos teóricos ancorados no empirismo e então procedermos com a nossa filosofia, tentando eliminar os obstáculos conceptuais e até saindo um pouco "fora-de-pé", no interesse de clarificar, de uma maneira ou de outra, as implicações de uma ideia teórica particular.
No que toca a assuntos conceptuais os cientistas não são mais imunes à confusão que os leigos. Afinal os cientistas passam ainda um bom bocado do seu tempo nas suas cadeiras-de-braços, tentado interpretar os resultados das experiências de todos, e o que eles fazem nesses momentos mistura-se imperceptivelmente com o que fazem os filósofos. Assunto arriscado, mas revigorante."
Daniel Dennet in "Consciousness Explained", appendix A for cientists.
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