sexta-feira, 31 de julho de 2009

Oferta de cheques prenda de acupunctura.

Na Clinica Dr. Pedro Choy, há "cheques prenda" (1) à venda para sessões de acupunctura. Como nós encontramos para desportos radicais, livros, massagens e coisas do género.

Acho extraordinário que alguém se lembre de dar cheques prenda para problemas de saúde. Talvez esteja enganado e de futuro haja cheques prenda para sessões de quimioterpia privada ou de neurocirurgia. Mas eu acho o gosto, no mínimo, duvidoso.

É como digo, é como se a acupuntura fosse como uma massagem ou assim.

Esperem. Se calhar, é (2).

E descobri outra coisa tambem. O mesmo Pedro Choy, é actualemte um politico ativo do Bloco de Esquerda. (3)

Os mesmos que querem abrir o debate sobre as medicinas alternativas "abrindo espaço para a sua implementação e complementaridade".

Foi Mao quem levantou o "ban" sobre a acupunctura na China (4), quando descobriu que não havia sistema de saude para todos(5). Será que há relação?


(1)As Clínicas Dr. Pedro Choy oferecem-lhe a possibilidade adquirir Cheques Prenda, nos valores de 32€, 60€, 65€, 75€ e 96€. Estes poderão ser descontados em qualquer serviço.; em:http://www.clinicasdrpedrochoy.com/docs/conteudos.asp?idConteudo=210&id1=&Lingua=
(2)De facto a comunidade cientifica duvida que a acupunctura tenha qualquer valor terapeutico que não o assiciado ao efeito placebo. Existe alguma evidência apenas para casos de dor moderada e nausea, ( e em que os resultados são ditos pelo paciente e não observados objectivamente). Muito interessante por falar nisso este artigo: http://www.sciencebasedmedicine.org/?p=131 e claro, o meu próprio. Ver nas etiquetas.
(3)http://blocosalvaterra.blogspot.com/2009/06/bloco-apresentou-candidaturas-de-anita.html
(4) http://www.sciencebasedmedicine.org/?p=540
(5)http://books.google.com/books?id=qtUzscI9_VIC&pg=PA58&lpg=PA58&dq=acupuncture+mao+charman&source=bl&ots=haaUWky-Uo&sig=RPW4lqTkWkl1VNDx3fQQMwHgiao&hl=pt-PT&ei=4PNySvqdN8HRjAffudynBg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=3#

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Materialismo e a Fé.

Os criacionistas passam a vida a falar de Fé Naturalista. Naturalismo não é uma fé. Naturalismo é procurar na Natureza as respostas para o mundo Natural.

Sim, parte de alguns pressupostos. De que a realidade existe e de que esta é inteligivel para começar. Se assim não for, não vale sequer a pena avançar com explicações, sejam religiosas ou cientificas que a saída é a ausência de resposta.

Que nós existimos, Descarte resolveu bem com a sua máxima, "penso logo existo". Que a realidade é inteligível, pelo menos parcialmente, é francamente plausível, uma vez que é possível fazer previsões através do que se vai conhecendo. Excepto claro para a argumentação do solipsimo segundo a qual o meu caro leitor é produtos da minha imaginação ou algo projetado em mim, tipo matrix (o filme). Mas se assim for, então esforcemo-nos por conhecer o que em nós projetam. Adiante. Precisamos da lógica e do raciocínio para tirar conclusões.

Se a lógica não existe, então também não há inteligibilidade e voltamos à estaca zero.

Se a lógica existe e o universo é inteligível então há pelo menos alguma coisa que podemos saber sobre ele.

Se podemos tirar conclusões, (a partir das observações) que explicam tudo o que se conhece e fazem previsões acertadas acerca do que ainda não se sabe, então é plausível que essas conclusões estejam correctas.

É isso que é a ciência. Não é uma Fé. É a melhor explicação possivel que se poder encontrar, que para ser a melhor possivel tem de respeitar estes príncipios.

Enquanto houver progresso do conhecimento, não obstante haver cada vez mais perguntas sem resposta - se houver cada vez mais perguntas com resposta e cada vez maior capacidade predictiva - podemos aceitar que a ciência está no bom caminho. A tecnologia é prova pratica que o que se aprende em teoria faz previsões reais. Tão reais como qualquer outra coisa.

Mas alem de ter de explicar o que se conhece e de fazer previsões reais, a ciência, (ou o materialismo, ou o naturalismo, que no sentido que os criacionistas lhe dão são a mesma coisa), tem outra diferença enorme de ser uma fé.

Não é só ser a resposta que se encontra que melhor cumpre aqueles requisitos. É ser formulada, passo a passo conforme se recolhe mais informação da natureza e por isso evoluir.

Não está dogmáticamente fechada sem capacidade de ser alterada.

Por isso, até se pode dizer que a ciência é um pouco predadora. De onde vier a melhor solução, se é de facto melhor, é aceite na ciência.

Se houver alguma fé aqui pelo meio é a de que o universo é inteligível e a de que nós somos capazes de o compreender. Contra a argumentação de quem acha que já sabe tudo.

Outra vez a lei de Occam e o criacionismo.

O Mats, um criacionista do blogue "Génesis contra Darwin" (que parece esquecer que o Darwinismo é uma forma primitava do modelo evolutivo, talvez por o Genesis não ter recebido nenhum "update" nos últimos 2000 anos), diz assim em resposta a um comentário meu:

"Ai é? Alguém observou o início do universo? Não. Alguém observou o surgimento da vida? Não. Alguém observou o dinossauro a evoluir para passarinho? Não. Alguém observou o animal terreste a evoluir para baleia? Não. Alguém observou o primata a evoluir para o homo sapiens? Não.

Portanto, segundo a tua definição de "ciência", esses eventos estão fora do domínio da mesma, certo?" (1)

Não, errado.  

A ciencia debruça-se sobre o que é observavel e tem efeitos no mundo material. Isso é o materialismo. O que é observavel e mensuravel indiretamente através dos seus efeitos também pertence ao ambito da ciência.

Por isso sabemos que existem electrões, buracos negros e vários tipos de forças. 

Se tentarmos explicar uma medição ou observação qualquer com uma entidade não medível nem observavel não vamos chegar a lado nenhum. É equivalente a dizer "porque sim". Não explica realmente. Sobretudo se podermos explicar determinado fenómeno com entidades ou processos que têm implicações observaveis e mensuraveis. 

A lei de occam, que diz que as entidades não devem ser replicadas para além do necessário é acerca desta questão. É um pilar da ciencia, comprovado experimentalmente ao longo dos séculos conforme fomos explicando fenómenos do mundo fisico através de entidades do mundo fisico. 

Racionalmente não é dificil entender que se uma entidade não tem efeitos mensuraveis e observaveis, então a plausibilidade que ela explique um fenómeno é baixa. Porque se faz alguma coisa que se veja, então é testavel. E pertence ao mundo material. Se não é testavel mas o podes explicar sem recorrer a entidades superfluas, então esta é a melhor explicação.

Enquanto tentarmos explicar a chuva com deuses, as doenças com duendes e forças intestaveis, etc, não estamos a compreender nada.

A teoria da evolução tem poucas observações directas (e eu aqui no blogue ja referi algumas como a experiencia de Lenski), mas muitas indiretas. Muitos efeitos observados hoje são melhor explicados pelo modelo evolutivo do que por uma entidade que se diz estar lá mas não se pode provar.

E sabemos que os electrões existem porque a electricidade tem o efeito da dar luz. E sei que a velocidade com que algo se move no tempo e espaço somada tem de ser igual a C (velocidade da luz no vácuo) porque as equações e previsões que esta hipotese (Teoria da relatividade restrita) proporciona podem ser confirmadas esperimentalmente. 

A evolução deixa um rastro no DNA sob a forma de mutações neutras. E consequentemente na sequencia de aminoacidos nas proteinas, onde algumas mutações nem significado biologico têm porque dão origem à mesma sequencia.  

E os resultados das comparações, entre especies, do numero destas mutações,  são extraordinariamente consistentes com o seu aspecto fisico (morfologia) e com os achados de datação radiometrica. Tudo coisas medíveis e observaveis.

Porque Deus haveria de introduzir mutações neutras nas proteinas de cada espécie  na proporção exacta que existe se fizermos essa previsão  baseada na morfologia dos seres vivos? Para nos enganar?

Ou seja, existe tanta diferença entre o numero de mutações neutras  como a que seria de esperar se fizessemos essa previsão de acordo com a teoria da evolução.

O que cumpre o principio da Falsibilidade. 

Ou então são formidaveis coincidencias. Tal como o ovo partir-se cada vez que cai no chão ser uma coincidência.

(1)https://www.blogger.com/comment.g?blogID=20012779&postID=5641787868466963778

terça-feira, 28 de julho de 2009

Alterações Climáticas.

Li agora dois artigos na New Scientist sobre alterações climáticas que vale a pena comentar e sublinhar.

Um é acerca da previsão do fim do crescente fértil (1), o berço - não da humanidade - mas da civilização ocidental.

Ainda este século, entre agressões climáticas e barragens humanas, a mesopotâmia deverá ficar seca. O outrora vale fértil entre o Tigre e o Eufrates deverá ficar seco.

Qualquer valor metafórico que o problema sugira leva-me ao outro post:

"Comentário: Porque é que as pessoas não actuam nas alterações climáticas?" (2)

A pergunta é pertinente. Muito.

O artigo avança com muitas explicações possíveis. Desde a inconsistência tipicamente humana entre o dizer e o fazer até á percepção publica de que as alterações climáticas são um assunto teórico apenas em debate. Seria uma questão de opinião.

Isso acontece, de acordo com o artigo, porque os ditos "cépticos do aquecimento global" são mais vocais (o termo é meu) que os cientistas do clima, porque apesar de a esmagadora maioria destes chegar às mesmas conclusões sobre o estado das coisas, a percepção que o publico tem é que não há acordo. Não é só todas as academias importantes, desde a Sueca à Royal Society estarem de acordo. É quase todas as publicações cientificas em revistas com peer-review apontarem na mesma direcção. É este o nível do consenso cientifico. Mas o publico não tem noção da minoria infima que representam os que negam as alterações climaticas. E vozes dissonantes vão sempre existir, em qualquer que seja a area.

Muito mais que uma opinião, o nível de certeza alcançado por uma teoria cientifica é o mais elevado que a humanidade pode produzir. As alterações climáticas são tão certas como a queda dos corpos, o efeito fotoelectrico ou a evolução.

Neste campo ainda conta muito a ideia de que há uma conspiração. Mas essa é a explicação mais complicada. Assumir que os cientistas e academias foram todos pagos para defenderem a mesma opinião e que não haja provas disso implicaria a existência de uma rede de subornos quase perfeita a actuar sobre uma parte considerável da população sem que a outra parte percebesse. Porque suspeitar só não vale. Suspeitar por suspeitar - podemos suspeitar de tudo e mais alguma coisa.

Conspirações há, imensas, mas algo a este nível não é plausível. Um ou outro cientista comprado, ou uma outra revista durante um curto espaço de tempo é plausível. Mas quase toda a população científica desse campo, o tempo todo, é demais. Acho que é de facto verdade que o publico não tem percepção da discrepância que há entre a minoria de "cépticos" e a maioria dos "alarmistas", porque os ditos "cépticos" são muito mais barulhentos (mais uma vez o termo é meu).

Outra questão que se deve avaliar ao abordar uma teoria da conspiração é pensar quem ganharia com isto. É plausível que exista uma força maior a não querer emitir CO2 do que a querer emitir? Eu acho que não. Vejam quem são as grandes potencias económicas e vejam quem produz mais CO2 e pensem depois o que lhes acontecerá se tiverem de parar a todo o custo. E também, paralelamente, quem teria efectivamente dinheiro para pagar tamanha campanha debaixo dos narizes dos outros. Os paises pobres em desenvolvimento contra os outros para poderem crescer queimando carbono à vontade? A Europa contra os E.U.A. (tendo subornado inclusivamente importantes academias cientificas americanas). Não acho plausivel.

E fico por aqui para não entrar em detalhes técnicos e pormenores. Só mais uma coisa, usei o CO2 pelo que ele é, e pelo que ele representa simbolicamente. Para não estar a ter de enumerar todos os gases com efeito de estufa e a explicar que o CO2 também existe na natureza e que o vapor de agua é o gás com mais importante efeito de estufa, etc. Nada disso é relevante para este post.

1)http://www.newscientist.com/article/dn17517-fertile-crescent-will-disappear-this-century.html

2)http://www.newscientist.com/article/mg20327185.900-comment-why-people-dont-act-on-climate-change.html

3) outro artigo que escrevi sobre o aquecimento global antropogénico:

http://cronicadaciencia.blogspot.com/search/label/aquecimento%20global

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Evolucionismo


Fotografia feita perto de Torres Vedras, cerca de 8mp.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Ilusão Monroe - Einstein


Bem, esta é uma ilusão diferente das outras. O problema não está no nosso cerebro, está mesmo no aparato óptico do olho. Experimentem. Primeiro vejam de perto de depois vão-se afastando. Resultados garantidos.

Nota: Penso que o original foi publicado pela primeira vez pela New Scientist