Isto começa a parecer um bocado um jogo daqueles "Whack-a-mole". É ir acertando nas tretas conforme elas saiem da toca. Os defensores da AHT vão atirando supostas provas para o ar e eu vou fazendo o "debunking" .
No ultimo "post" (a) expliquei o que era preciso e porquê. Neste aponto essas falhas nos ultimos artigos avançados pelo Olivares (b)como sendo provas da AHT.
Sei que há mais pontos de critica mas estes chegaram para inutilizar estes artigos como sendo capazes de avançar uma nova area de tratamento médico. Aqui vai, os links estão no fim.
O primeiro estudo apresentado (1) compara a autohemoterapia para a papilose bovina com um tratamento de implante autologo
(tipo auto-contaminação uma vez que para vacinação é tarde).
A doença é uma doença autolimitante na maioria dos casos e não requer usualmente tratamento, sobretudo em animais jovens. Este estudo não é cego e não tem controle com placebo. Não pode por isso dizer se o resultado foi devido ao acaso ou ao tratamento. O estudo sugere que ambos os tratamentos são ineficientes e não que a auto-hemoterapia é eficaz. Não esquecer que isto é uma doença causada por um virus que passa sozinha, normalmente não é tratada. A prevenção é feita com higiene e vacinação. Alguns casos podem evoluir malignamente mas não é referido no estudo. O tratamento usado para comparação não é um tratamento de eficácia estabelecida.
O segundo estudo (2) e outra vez na mesma doença autolimitante do anterior. Está no entanto mais muito mais bem desenhado que o anterior mas estuda demasiadas variáveis de uma só vez. De qualquer modo ele conclui que: “Os tratamentos não apresentaram diferença significativa
quando usados em papilomas do tipo pedunculado; já o
clorobutanol e a diaminazina foram os mais eficazes no tratamento de animais com papilomas do tipo plano.
” Portanto a auto-hemoterpia não é sustentada nos resultados deste estudo, muito pelo contrário. No grupo da auto-hemoterapia dez animais melhoram e dez não. Nem é preciso matemática para concluir que é devido ao acaso.
O terceiro caso apresentado é um relatorio de fim de curso onde a Autohemoterapia aparece referida como tratamento possivel e com uma potencial explicação. Nao sao avançadas provas de que seja eficaz. De facto o excerto seguinte é tudo o que aí se encontra sobre auto-hemoterapia neste longo relatório:
“ A auto-hemoterapia promove um estímulo protéico, em casos de doenças
inflamatórias crônicas, leva a uma reativação da imunidade orgânica. Os produtos
da degradação eritrocitária são conhecidos por estimular a eritropoiese e ativar o
sistema imune normal, permitindo a manutenção da homeostasia. A auto-
hemoterapia proporciona um aumento no nível de anticorpos, capazes de ligarem
a produtos provenientes da degradação celular e assim neutraliza-los, resultando
na elevação dos níveis de linfocitotoxicinas na circulação sanguínea (SILVA et al.,
2002b). O método consiste em retirar 10ml de sangue venoso e imediatamente
aplicá-lo por via intramuscular profunda. Isto Provoca um estímulo imunológico
inespecífico, que pode levar à queda das verrugas (MELO e LEITE, 2003).
”
O que está ali escrito é que há indução de inflamação e que isso aumentaria a imunidade inespecifica. Só que normalmente, no caso de uma doença o corpo ja tem a inflamação e mediadores inflamatórios que precisa até em excesso, sendo muitas vezes necessário recorrer a anti-inflamatórios. Dizer que destruir células e causar inflamação ajuda a combater uma doença corrente requer evidencia clinica. Não é aqui apresentada. Mesmo a alegação de que isto cura é apenas implicita, sendo o texto bastante neutro quanto à sugestão de eficacia. Parece mais uma hipotese cuidadosamente formulada em “ pode levar à queda das verrugas”. Não suporta clinicamente a autohemoterapia como tratamento comprovado.
O quarto caso aqui apresentado pretende comprar o efeito da AHT com controle na cicatrizaçao. Não é um estudo cego e as conclusões são bizarras para dizer o mínimo. Antes de mais notar que o unico parametro objectivo importante não suporta a AHT:
“Na observação cicatricial notou-se que o tempo de cicatrização para os dois grupos foi relativamente igual (aproximadamente 20 dias),” - então? Isto não devia ser o mais importante?
No entanto como “a cicatrização apresentada pelo Grupo Desafiado foi "notoriamente mais plana, de bordas regulares com uma cicatriz final quase imperceptível.” - tudo coisas subjectivas, concluiu-se “dessa forma, a ativação do sistema imune através da aplicação de sangue antólogo intramuscular, que é o efeito proposto dessa técnica.” Mas isto não é de todo uma conclusão normal – é quase de livro para mostrar “confirmation bias”. Tinha que ser cego para estes achados serem sequer dignos de nota. Esta revista tem “peer-review”? Se tem é uma desgraça. Há mais problemas. Os animais controle foram menos manipulados, deveriam ter recebido uma injecção intra-muscular de NaCl no mínimo dos mínimos com a mesma dose usada no grupo de tratamento. Como seria de esperar eles nem dão importância à contagem leucitária na conclusão. Dizem que se aumentou a imunidade mas não falam dela. Porquê? Porque como era de esperar o que aumenta são os neutrófilos e no grupo de tratamento. É esperado. Ha destruição de células – eritrócitos e tecidos – muscular, mesmo que tenham todos os cuidados, e ainda mais stress. Mais injecções e dor o que da origem a mais neutrofilos só por si. Eficácia era ter o mesmo desempenho com menos indicadores de stress psíquico e orgânico.
Quinto estudo (5) conclui que a autohemoterapia não altera a composição do leite. Nem esperava que alterasse. Para que perder mais tempo, vamos em frente.
Sexto caso é o de um professor que diz que se trata uma determinada doença com AHT. Mas não diz em que estudos é que essa afirmação é baseada nem consigo verificar a fonte. Até prova em contrário é evidencia anedótica.
(a) http://cronicadaciencia.blogspot.com/2011/01/porque-precisamos-de-testes-duplamente.html
(b) http://www.hemoterapia.org/informacoes_e_debate/ver_opiniao/o-pessoal-que-ataca-a-ah-nao-para-nem-eu-kkkkkkk-no-blog.asp
(1)http://64.233.169.104/search?q=cache:AnXB1tVExO4J:www.famev.ufu.br/vetnot/vetnot4/res4-10.htm+auto+hemoterapia+VETERIN%C3%81RIA&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=18&gl=br
(2)http://revistas.ufg.br/index.php/vet/article/viewFile/314/282
(3)www.upis.br/pesquisas/tcc/Andreia%20Pagnussatt.pdf
(4)http://www.unieuro.edu.br/downloads_2009/reeuni_04_004.pdf
(5) http://www.ufpel.edu.br/cic/2008/cd/pages/pdf/CA/CA_01407.pdf
(6)limk fornecido está invalido
Cepticismo, naturalismo e divulgação científica. Uma discussão sobre o que é ou não matéria de facto.
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