Os aminoácidos formam polimeros que se chamam proteinas. Para isso, o RNA de transferencia liga-se a um aminoacido especifico e transporta-o até ao ribossoma onde está o RNA mensageiro com o codigo da proteina a sintetizar.
A razão pela qual uma sequencia de 3 nucleotideos especifica no RNA corresponde a um aminoacido especifico ainda não está bem elucidada quanto à origem. É uma questão fundamental para compreender a origem da vida.
Sabe-se que sintetases são as enzimas cruciais para ligar cada aminoacido a um RNA de transferencia (RNAt) especifico - que depois segue para a síntese proteica no ribossoma, (quando o anticodão de 3 bases do RNAt se liga ao codão de 3 bases complementares do RNA).
O problema está em explicar como surgiu a afinidade de certos RNAt com os aminoacidos que sabemos lhe correspondem - e isso é a isso que se chama de código - e que é catalizado pelas sintetases.
O que um estudo recente vem mostrar, é que a emergencia do código é expontanea em determinadas condições que podem ter ocorrido na Terra primordial, com poucos aminoacidos e sequencias de RNA muito simples, em que a concentração relativa de cada aminoácido pode ter sido crucial.
Este tipo de tradução (nome que se sá quando se "traduz" o RNA em proteinas feitas de aminoácidos), é muito simples e pode ter sido o ponto de partida para mais tarde, evolutivamente, termos uma tradução tão sofisticada como a que observamos hoje.
Longe de mostrar como surgiu o código genético passo a passo até aos dias de hoje, este estudo mostra a plausibilidade de o código ter surgido a partir de uma forma muito simples e com menos passos que os que se conhecem hoje. E abre a porta para a investigação cientifica de uma parte importante da origem da vida, mostrando talvez qual o caminho que devemos procurar.
Ja tinha escrito sobre como o RNA pode ter surgido na Terra primitiva, e até de como duas enzimas RNA, sozinhas, iniciam um processo evolutivo muito simples. Este artigo vem agora sugerir como o RNA terá começado a dar origem a proteinas, talvez até inicialmente sem utilidade.
Essas proteinas, as que emergiam de uma tradução primitiva, terão começado a estar em maiores concentrações, pelo que um replicador primitivo, (seja ele RNA ou não), que tenha começado a tirar proveito delas, terá ganho uma vantagem sobre os replicadores que não tiravam proveito destas proteinas.
Ver o artigo aqui:
http://www.plosone.org/article/info:doi/10.1371/journal.pone.0005773
Como de costume aqui fica a tradução do abstract:
"Considerando um sistema sem enzimas, no qual o RNAt não é carregado selectivamente com aminoácidos, nós mostramos que uma tradução elementar governada por uma cinética do tipo de Michaelis-Mentem pode seguir diferentes regimes de polimerização. Aleatória, homogénea, ou polimerização codificada. O regime seguido sob o qual o sistema corre é dado pelas relativas concentrações de aminoácidos e pelas constantes cinéticas envolvidas. Gera proteínas parcialmente codificadas, através de um mecanismo que é notóriamente robusto contra interações não especificas entre os adaptadores e o "template" de RNA"
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