quarta-feira, 24 de junho de 2009

O estado das coisas.

A infiltração das pseudociências no meio académico é uma realidade preocupante.

Descobri esta nota através do blogue "Coletivo Ácido Cético" (1) a que aconselho uma visita.


"Nota de Esclarecimento Aprovada pelo Conselho da Unidade do IF em 15-06-2009

Os Professores e Pesquisadores do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul discordam profundamente do conceito de Ciência apresentado no evento intitulado "1ª Semana Ciência e Espiritualidade na Universidade”, infelizmente patrocinado por esta universidade de 8 a 13 de junho de 2009.

Cabe também esclarecer à comunidade que a utilização de pretensas noções de Física Quântica em encontros dessa natureza é fortemente rejeitada pela comunidade científica nacional e internacional da área de Física."

(1)http://coletivoacidocetico.blogspot.com/

Para a noticia da nota:
http://coletivoacidocetico.blogspot.com/2009/06/esclarecimento.html

O Bold foi colocado por mim

12 comentários:

Jeferson Arenzon disse...

João,
obrigado pela referência. Uma pequena correção: no nome do blog, é "cético", e não "acético". Acéticos são eles... :)
abs,
Jeferson

João disse...

Ops....

vou ja emendar.

João disse...

Que fora! perdi o trocadilho completamente.

cristal disse...

Venho retribuir o comentário que deixou no meu "sem tom nem som". Lamenta!!! Mas o que lamenta? Que EU NÃO tenha compreendido a sua argumentação... Ou seja, a falta é minha... do meu discernimento, da minha capacidade de leitura, da minha interpretação da sua argumentação... E cá estamos no "PONTO" a que eu quiz chegar: A falta de capacidade para ver para além do vosso mundinho fechado nas vossas VERDADES científicas. Muito bem. Pode ate ser que as vossas probabilidades sejam mais próximas da construção de realidade que vai na vossa cabeça... Mas... são apenas isso. Na verdade, acham-se capazes de entender e discernir o que será a VERDADE? Para mim as verdades científicas já mudaram muito nas pelo menos cinco décadas que levo a dar-lhes atenção e já consegui pelo menos a humildade de perceber que, se calhar, não cabe a esta poeirinha de estrelas de que sou feita, perceber completamente o universo de que sou parte mas não sou proprietária. É etsa humildade que vos falta nas vossas discussões. São pelo menos tão pretensiosos quanto os papas romanos e os ayatolahs ao pensarem-se capazes de ser "donos" de qualquer verdade no espaço tempo limitado em que sopram e engolem... quando derem por isso estão prontos para morrer e as vossas verdades hão-de valer exactamente o mesmo que as de qualquer outro ser humano com que por acaso se cruzem. Peço desculpa se me alonguei. Acho que também precisava de fazer o possível para que compreendesse a minha irritação.

João disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João disse...

Quer que as medicinas alternativas sejam compaticipadas pelo estado e não podemos ficar lixados com tal sugestão , e não podemos discutir porque se calhar não podemos compreender o universo.

Boa. Excelemte atitude. O que resta? vamos então aceitar toda a loucura que qualquer um proponha? É essa a proporta de quem não tem a verdade no bolso?

Disparate. E pensar que fiquei preocupado por a ter desancado quando decidiu que era preciso dar carinho aos pacientes e usar isso para sugerir as medicinas alternativas comparticipadas pelo estado.

Isso é um disparate. Mais atenção aos pacientes sim, dar-lhes tratamentos ficticios é gozar com eles

João disse...

De resto, se veio até aqui podia bem ter ido ler o que lhe foi escrito na caixa de comentários do Ktreta ontem.

cristal disse...

Claro que fui ler. E decidi que era melhor tentar que me entendesse aqui, neste espaço mais sossegado que também não visito pela primeira vez. Ora vamos lá fazer, então, mais uma tentativa: Em muitas situações, quando se trata de cuidar pessoas, não me interessa muito buscar o princípio de funcionamento de um determinado procedimento. Interessa-me apenas que funcione. Quando acalmo a dor de uma pessoa com um toque da minha mão não fico a pensar que tenho um poder mágico ou que isso tem que ter uma explicação comprovada pela estatística. Quero é que isso conte como uma acção útil porque, de facto, o foi. Do mesmo modo para a acupuntura ou seja para que mézinha for... Se for você a pessoa que sofre e alguma coisa resultar no alívio do seu sofrimento, duvido que, naquele momento, o preocupe muito a explicação biofísicoquímicoelectroeseiláquemais. O que lhe vai interessar é o alívio da dor. Há muitos paises e sistemas de saúde que integram e utilizam práticas que as ciências desenvolvidas no mundo ocidental não explicam e isso tem sido benéfico para o bem estar dos cidadãos e para as contas da saúde. E a quem é que isso prejudica? A mim não, certamente! Fui tão descrente como vós em todas as terapias das medicinas orientais até ao dia em que não podendo mexer-me devido a fortes dores, devidas a agudização de artroses na coluna aceitei (aceitaria qualquer coisa) experimentar fazer acupuntura. Foi um médico especialista em dor que me fez as ditas sessões e o que se passou é que,logo a partir da primeira sessão, a dor se tornou suportável e foi gradualmente desaparecendo. As artroses, evidentemente continuam cá. Mas nunca mais tive um episódio tão doloroso e, agora, sempre que posso recorro ao mesmo tipo de tratamento. É claro que tenho tentado perceber os princípios em que se baseia a acupuntura e integrá-los no meu conhecimento o que não é fácil. Mas compreender como funciona é para mim absolutamente secundário. É óbvio que, tendo que pagar integralmente os tratamentos PORQUE O MONOPÓLIO MÉDICO/FARMACÊUTICO, no nosso país, tem abusado seu poder para limitar o poder de decisão das pessoas cujo bem estar devia preocupá-los mais do que o fundamento científico em que se baseiem, acho que me devia ser permitido ter acesso àquilo que me alivia em condições de igualdade com as mezinhas farmacológicas que não me produzem o mesmo efeito. Não tenho razão? Como cidadã não posso decidir como deve ser gasto o meu dinheiro? É que não é o médico, nem é ninguém que pode decidir por mim aquilo que eu devo ou não querer. Acho que devo ser eu com liberdade, consciência e alguma ciência... A ciência é apenas uma das coisas, não é tudo. Equivoca-se, é tendenciosa, obedece a interesses. Não é isenta nem livre, nem tem o domínio que se arroga a decidir. Sobretudo no que respeita ao bem estar das pessoas. Ah! E as doenças e os sintomas não são nunca, apenas, relações de causas e efeitos... São muuiiiiiito mais complexas que isso e é muito leviano manter as pessoas a pensar que apenas a ciência médica pode mandar na forma como se gastam os recursos para o bem estar das pessoas. É um abuso, uma prepotência, para além de uma enormissima leviandade.

João disse...

Cristal:

Quase todas as questões que aqui levanta ja foram abordadas por mim neste blogue, por isso peço que tenha paciencia e vá consultar os posts referidos a cada momento, senão esta resposta nunca mais acaba.

Primeiro. Não pode fazer juizos de eficacia baseados num unico caso clinico, mesmo sendo o seu. (ver: "medicinas alternativas e as outras" como a etiqueta "medicinas alternativas" ou abreviadamente MA). A natureza precisou de nos dotar de uma capacidade de decisão baseada numa experiencia de 40 a 50 anos de vida, no inicio da nossa existencia. Era nesseçario colher "lições" com o pouco que experimentavamos do mundo. Este mecanismo é ainda mais potenciado pela ilusão causada de que para si, esse contacto com a acunputura representar 100% da sua experiencia com a acupuntura. Mas como disse temos de ver o que aconteceu com milhares de outros seres humanos que se lhe submeteram. A resposta, encontra-a no post sobre a etiqueta acunpunctura, mas é que a acunpunctura tem o mesmo efeito que placebo, ou seja é igual a dar um comprimido colorido de farinha que venha numa embalagem convincente. (ver post sobre placebo para desmistificar o que este significa).

A ciencia, em si, é um metodo e um corpo de conhecimentos que se interelacionam. A ciencia tenta explicar coisas (por favor ver o "metodo cientifico" "consenso cientifico" e "ciencia é acreditar na ignorancia de especialistas" acho que todos sob a etiqueta "ciencia".

Por si a ciencia não tem cor politica, acção militar ou etnia. É apenas o modo que a humanidade encontrou que melhor é capaz de explicar os efeitos observados neste universo. O que fazem com ela nem sempre é bonito, mas isso fica para outro post um dia destes. O importante, é que ainda é possivel, (devido também a uma disputa constante entre os cientistas para ver quem é o melhor e sobretudo ao seu amor quase religioso pela realidade), dizia, é possivel saber o que diz a ciencia acerca de muita coisa. As mentiras e os maus trabalhos duram muito menos tempo que os outros. Porque as coisas são repetidas noutros laboratorios para ver se é verdade, etc. (isto esta no post do metodo cientifico).

Quando é preciso gerir para onde vai o dinheiro que se recolhe dos impostos, e que foii destinado à saude, é preciso ver onde é que ele é mais bem aplicado. Haverá muitas decisões que são politicas mas outras são puramente cientificas. Que tratamentos são mais eficazes? Quais tem longos testes clinicos elaborados e com resultados positivos? Que conjunto de conhecimentos teem permitido aumentar a nossa longevidade para numeros nuna imaginados ha 300 anos atras? (antes da medicina e da ciencia). Que conjunto de conhecimentos permitiu reduzir tanto a mortalidade infantil?

Não tenha duvidas que foi a ciencia a medicina cientifica.

Se existem lobbys, posso dizer-lhe que as coisas são bem mais complicadas do que o que propoe. Porque as alternativas tambem tem um lobby muito forte e as farmaceuticas esta satisfeitas com o estado das coisas. TÊm cobaias com fartura e podem vender os produtos que quiserem desde que digam que é "natural", sem passar pelos ensaios de segurança e eficacia. Ler o post "tanto em tão poucas palavras" na etiqueta MA.

Voltando atras, como os recursos são escassos, não podemos dar a todas as pessoas o que elas querem. É preciso gerir. E para gerir é preciso um critério. Esse critério deve ser o da eficacia. É a medicina baseada na evidencia e na ciencia.

Adicionalmente, mesmo que os recursos economicos e humanos fossem ilimitados, eu não acho justo vender produtos ou serviços que comprovadamente não fazem tudo ou quase tudo daquilo que afirmam.

Acho que respondi a todas as questões.

Manolo Heredia disse...

Cristal e João têm os ambos razão! Quem se der ao trabalho de estudar o impacto que tem a abertura de uma loja “IURD” no número de consultas de psiquiatria marcadas pelos médicos de família da zona aonde essa “igreja” abriu as portas, vai verificar que esse número de consultas baixa drasticamente. É que todas as doenças têm uma forte componente psicológica, e há quem consiga recarregar as baterias dos males de uma vida sem sentido frequentando as sessões dessas novas “religiões”. A burguesia não está vocacionada para essas palhaçadas, acha-as foleiras, pirosas, e vai ao psiquiatra pagar 100 euros de consulta e outros tantos de mediamentos científicos.
Com as medicinas paralelas é semelhante. Quem se sente bem depois de tomar umas gotas de água homeopática (praticamente água pura) está curado. De resto curado está sempre aquele que sofria de um mal e deixou de sofrer.
O financiamento pelo Estado das medicinas paralelas é outro assunto…

João disse...

"Quem se sente bem depois de tomar umas gotas de água homeopática (praticamente água pura) está curado"

Não, não está. Pelo menos é o que dizem os estudos. Nem diagnosticado acrescento eu.

João disse...

Manolo Heredia:


E onde é que eu encontro esses estudos que referes? Até acho plausivel, mas gostava de os examinar.

Em todo o caso o canceroso não sai curado da igreja, mesmo que assim o pense. Percebes o que quero dizer?