A China tinha, no inicio do século passado, uma esperança média de vida de cerca de 30 anos. Na Europa por essa altura a esperança média de vida era no mínimo 10 anos mais - em muitos países era quase 20 anos mais (mesma referência).
Só 50 anos mais tarde é que a média de vida na china chegou aos 40 anos, em 1950.
Hoje, a esperança média de vida na china é de cerca de 74,5 anos. Menos 4 anos em média que em Portugal.
Se a medicina tradicional chinesa é uma pratica milenar como vem sendo dito, é óbvio que não era suficiente para dar à China uma longevidade a par da vivida no ocidente. E é óbvio também, pela mesma razão, que não foi esse o factor que permitiu o aumento da esperança média de vida, nos últimos anos. Existem autores que atribuem isso à chegada da medicina cientifica. Mas podem estar errados, claro.
Também pode dar-se que as causas de uma longevidade tão baixa não estejam apenas ligadas a falta de eficiência da medicina tradicional chinesa mas sobretudo a não saber para o que ela serviria. E portanto a aplicá-la mal.
Afinal, arranjar o Qi podia ser ineficaz não só contra doenças infecciosas mas também contra Qis desalinhados devido a carências alimentares ou duras condições de vida. Afinal não podemos esperar que alinhar os Qis por meio de agulhas resolva todo o tipo de problemas não é? Mesmo que fossem as questões mais pertinentes nessa altura. Afinal o que essa gente precisava era de uma alimentação melhor, saneamento básico, vacinas, etc. que aquele tipo de desatino no Qi não se arranjava com agulhas.
Felizmente esses problemas estão resolvidos e a acupunctura pode agora brilhar nas coisas para que realmente serve.
Parece que segundo as tendências actuais, alinhavar os Qis por meio de agulhas, é sobretudo bom para doenças crónicas, de preferência ligadas a dor crónica (1). É bom, porque se não serviu para aumentar a longevidade para lá dos 30 ou 40 anos durante milénios, ao menos agora serve para resolver doenças que surgem em quem vive mais.
Resta a dúvida de para que é que aquilo servia em pessoas com menos de 30 anos... E mais. Onde é que a medicina tradicional, dita milenar, aprendeu algo sobre doenças crónicas em populações com esperança média de vida até aos 30? Que sorte formidável ter conseguido sobreviver durante milénios sem dar resultados para nos ajudar agora contra doenças crónicas. Essas coisas que só aparecem depois dos 30.
É... Suponho que a acupunctura deve ter sido mesmo útil foi a resolver doenças auto-limitantes em jovens. E duvido que seja mais útil para doenças crónicas que para as agudas.
Seja como for, não me parece um bom argumento falar em doenças crónicas ou na longa história de existência da acupunctura para a defender. Isso levanta questões que não lhe são favoráveis.
O problema é que os testes científicos também.
(1) Deixei uma referência, mas isto foi me dito pessoalmente por um senhor, vestido com roupas chinesas e tudo, que estava num congresso de veterinária a vender os seus serviços e que me abalroou enquanto eu ia nos meus afazeres.
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