quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Os modelos climáticos são fiaveis?

A maioria dos estudos que encontrei diz que sim. Mas sempre com uma margem relativamente larga de erro (1). São resultados probabilisticos que tentam prever tendencias para o futuro, num quadro que envolve muitas variaveis, e ainda muitas icognitas. Não vejo no entanto justificação para a afirmação que não têm utilidade nenhuma.

E começamos por aí:

Um estudo recente de Mckitrick e McIntire, deste mês -  uma meta-analise de 23 modelos -  entre os quais modelos usados pelo IPCC no 4 relatório (o 5º ainda vem a caminho) , conclui que estes não são capazes  de explicar os dados reais de temperaturas tropicais na troposfera baixa e média (2) já observados.

Este é o processo pelo qual se podem validar modelos climáticos. Em vez de pormos o modelo a "prever o futuro" ( que não sabemos) pomos o modelo a ver se consegue descrever aquilo que nós ja sabemos que aconteceu. E para o aglomerado destes modelos, segundo este artigo, tal não acontece. Os erros são acima dos 99% de margem toleravel.

Este artigo vem responder a um de Santer que respodia a um de Douglass que concluia que a modelização do clima era ineficaz. Estão portanto em causa praticamente os mesmos modelos desde o principio, com pequenas variações. E as temperaturas superficiais batem certo, o que não bate, dizem Mckitrick e McIntire, são as temperaturas para o ar em altitude. O debate entre estes dois grupos, e com o derrame de pormenores menos esteticos nos mails do climategate, é tão cerrado que parece que toda a climatologia gira à volta deles e do que eles dizem.

Existem no entanto publicados em 2008 metaestudos (3) que dividiram os modelos por geração, isto é, por "modernidade" e concluiem que não só os modelos são fiaveis, como são cada vez mais fiaveis. Este estudo não vem no entanto referido neste trabalho de Mckitrick. Mas tem eco nas coclusões neste outro estudo deste mês intitlulado "revisão da geração actual de modelos quimico-climaticos da estratosfera (ainda mais acima que troposfera) e associados "forcings externos" (4).

E se o estudo de McKitrick e McIntire aponta para que os modelos avaliados falhem por excesso, a verdade que temos de ter em conta é que os modelos tambem podem falhar por defeito.

O ano passado num estudo de Ronald Prinn publicado na Journal of Climate em que um modelo foi corrido 400 vezes e só se aproveitaram as vezes em que o resultado para o passado estava de acordo com o observado, as previsões dadas eram para um aumento pior do que o previsto até agora. Este modelo é diferente de todos os anteriores por incluir tambem alterações na actividade humana e as suas repercursões no clima.

O metaestudo de M&M para os curiosos, foi feito correndo cada modelo entre 1 e  7 vezes.

De resto, existem modelos bem sucedidos desde 1998 quando Jim Hansen  da Nasa apresentou perante o cenado uma projecção com 3 cenários (A,B e C) . O cenário B ficou muito perto do verificado. Anos mais tarde essa apresentação seria desonestamente criticada por se pretender que so tinha o cenário A (5).

Em conclusão, penso que se em termos de promenor, não há, nem provavelmente nunca haverá modelos climaticos rigorosos, considerar que TODOS os modelos estão errados, para lá do erro aceitavel, é um abuso. Porque isso não é o que os estudos actuais apontam.

Quanto à ausencia de modelos fiaveis por em causa o aquecimento global tambem penso que é errado. Dada a ciência de base estar tão bem estabelecida, para que isso fosse posto em causa era necessário aparecerem modelos que explicassem o aquecimento sem recorrer a CO2 antropogenico.

Como curiosidade, o artigo de M&M aceita que exista uma tendencia de aquecimento global, mas deixa implicito (o que num artigo cientifico é bizarro, nunca tinha visto apenas a insinuação)  que o aquecimento não pode ser explicado pelo CO2.


O estudo (3) refere que a media dos resultados dos modelos é melhor que o resultado de qualquer modelo em separado. Embora eles não consigam explicar isto, penso que poderá vir a ser um indicador de como usar os modelos. Parece-me que no estudo do Ross Mckitrick eles não fazem isso com o seu conjunto de modelos. (parece-me) Fazem a diferença media dentro de cada modelo para a tendência observada e depois  fazem a média das diferenças assim obtidas nos vários modelos. (Não há aí um estatístico, não?)




(1)http://www.ingentaconnect.com/content/mksg/tea/2007/00000059/00000001/art00002 "although there is no detailed agreement between the simulated and observed geographical patterns of change, the grid box scale temperature, precipitation and pressure changes observed during the past half-century generally fall within the range of model results."
(2)http://rossmckitrick.weebly.com/uploads/4/8/0/8/4808045/mmh_asl2010.pdf
(3)http://findarticles.com/p/articles/mi_7476/is_200803/ai_n32270847/?tag=content;col1
(4)http://www.agu.org/pubs/crossref/2010/2009JD013728.shtml
(5)http://www.realclimate.org/index.php/archives/2007/05/hansens-1988-projections/

2 comentários:

tempus fugit à pressa disse...

ninguém previu isto
é o maior visto a uma latitude destas
http://2.bp.blogspot.com/_sTExhgUySqc/THUGpi8sLUI/AAAAAAAAAHI/GkQqu34uHLg/s1600/010IrelandSuperBloom_ALgasUhfartazana.jpg

tempus fugit à pressa disse...

e em geofísica ou mesmo em termodinâmica não se compreendem ou não se prevêm muitos dos fenómenos
por exemplo
Solar cycle 23,ended in 2008, lasted longer than previous cycles, with a prolonged phase of low activity that scientists had difficulty explaining.

The new NCAR analysis suggests that one reason for the long cycle could be changes in the Sun's conveyor belt. Just as Earth's global ocean circulation transports water and heat around the planet, the Sun has a conveyor belt in which plasma flows along the surface toward the poles, sinks, and returns toward the equator, transporting magnetic flux along the way.

The key for explaining the long duration of cycle 23 with our dynamo model is the observation of an unusually long conveyor belt during this cycle," Dikpati says. "Conveyor belt theory indicates that shorter belts, such as observed in cycle 22, should be more common in the Sun."
logo minimos de actividade não previstos e que não entraram no termodinamic budjet (enganei-me9
no balanço termodinâmico do sistema terra
e isto é um entre muitos