A acupunctura continua com uma
popularidade notável, arrastando consigo o resto da medicina tradicional
chinesa. Na altura em que na china não se praticava medicina cientifica, a esperança média de vida era péssima, o que não abona muito a favor da eficácia destas práticas tradicionais. Além disso, muitas das doenças que elas se propõem hoje tratar são doenças crónicas, típicas de uma civilização com longevidades elevadas. Ainda a notar nas inconsistências da acupunctura está a capacidade de produzir agulhas finas e estéreis como as usadas hoje - não era possível há centenas de anos atras - o que torna a acupunctura atual uma coisa muito mais recente do que é alegado. A electroacupucntura então já nem se fala. Há de
facto muita coisa que não faz sentido nas afirmações dos defensores da acupunctura
mas a mais forte a apontar é a falta de plausibilidade cientifica e o mau desempenho em testes bem desenhados. Todas as
afirmações devem ser avaliadas de acordo com a qualidade da justificação que têm. E a verdade, é que se não fosse Mao, e uma história mal contada, esta pratica estava esquecida e enterrada.
E
essa justificação tem de incluir tudo o que se sabe acerca da realidade, e
naturalmente do que é pertinente para avaliar a afirmação. Por isso temos de
considerar a plausibilidade à priori antes de fazermos qualquer teste. Senão, estamos a descartar tudo o que já foi estabelecido como conhecimento como se não valesse nada, e
isso não faz sentido. A matemática que permite fazer cálculos usando a
plausibilidade de uma afirmação perante um determinado teste, ou seja, a probabilidade à priori, é a estatística
bayesiana. Porque testes positivos aparecem sempre que se repetir uma experiência vezes suficientes,
e não é por isso que se manda tudo o resto que se sabe às urtigas. A ciência
funciona porque aposta na consistência, não na quantidade de explicações que
aceita, só porque alguém acredita ou porque tiveram sucesso em poucos testes, testes mal
desenhados e escolhidos apenas entre os que deram o resultado que se queria (vulgo "cherry picking"). Por isso se diz que "afirmações extraordinárias requerem provas extraordinárias".
Encontrei um calculador bayeziano on-line para quem quiser experimentar. Tenho uma explicação simplificada do que é a estatística
bayesiana aqui.
Então, decidi ver qual era o estado da atual
pesquisa cientifica sobre a acupunctura. E parece que até os mais exigentes investigadores andam à procura de "qualquer coisa onde isto possa ser útil" dado a
quantidade de coisas em que têm tentado avaliar a sua eficácia. Mas o panorama é o esperado e de acordo com as conclusões anteriores. Os testes são mal desenhados, insuficientes, e não permitem
concluir eficácia excepto nalguns casos que sugerem, na mesma, ser pouco significativo. Neste
cenário, e perante a falta de plausibilidade cientifica, a probabilidade que
devemos dar à eficácia da acupunctura é perto de nenhuma. Ou seja, pouco mudou no mundo cientifico quando à validação da acupunctura desde que a investiguei a ultima vez.
Aqui está uma compilação da avaliação de testes a que a acupunctura foi submetida, (pela Cochrane). Clique no link por favor, e veja caso a caso. Foi praticamente o que fiz (saltei um ou outro, admito, porque estava a ficar monótono).
Dado o resultado dos estudos sistemáticos (e revisão das metodologias dos testes) em face de tudo o que se sabe sobre a realidade, a a minha conclusão é: A acupunctura continua a ser pseudociência e não tem lugar na medicina. A minha justificação é: A acupuncura não prova ser capaz de ter um efeito significativamente superior ao placebo na esmagadora maioria das situações estudadas, não apresenta uma justificação cientifica, e leva a um campo de investigação regressivo onde continua a ter de ser defendida por evidencia escassa, anedótica e baseada na popularidade e crença pessoal.
A humanidade viveu baseado nesse tipo de conhecimento durante 200 mil anos em que pouco ou nada evoluiu. A escrita permitiu o nascimento de uma forma de registo e divulgação, e o nascimento da ciência aconteceu sob esta nova aptidão, passado mais uns milhares de anos, um pouco por todas as civilizações, embora muitas vezes apenas pontualmente. Há cerca de 600 anos, na Europa deu-se a revolução cientifica. O poder que nos trouxe foi incomparável com o que tínhamos até agora. O mundo entrou em rápida mudança. Quando é usado para o bem permite as longevidades actuais tão elevadas, a baixa mortalidade infantil e até a erradicação de algumas doenças. Permite que as classes médias vivam melhor que lordes medievais. O caminho a seguir é claramente outro do que o da pseudociência.
Aqui está uma compilação da avaliação de testes a que a acupunctura foi submetida, (pela Cochrane). Clique no link por favor, e veja caso a caso. Foi praticamente o que fiz (saltei um ou outro, admito, porque estava a ficar monótono).
Dado o resultado dos estudos sistemáticos (e revisão das metodologias dos testes) em face de tudo o que se sabe sobre a realidade, a a minha conclusão é: A acupunctura continua a ser pseudociência e não tem lugar na medicina. A minha justificação é: A acupuncura não prova ser capaz de ter um efeito significativamente superior ao placebo na esmagadora maioria das situações estudadas, não apresenta uma justificação cientifica, e leva a um campo de investigação regressivo onde continua a ter de ser defendida por evidencia escassa, anedótica e baseada na popularidade e crença pessoal.
A humanidade viveu baseado nesse tipo de conhecimento durante 200 mil anos em que pouco ou nada evoluiu. A escrita permitiu o nascimento de uma forma de registo e divulgação, e o nascimento da ciência aconteceu sob esta nova aptidão, passado mais uns milhares de anos, um pouco por todas as civilizações, embora muitas vezes apenas pontualmente. Há cerca de 600 anos, na Europa deu-se a revolução cientifica. O poder que nos trouxe foi incomparável com o que tínhamos até agora. O mundo entrou em rápida mudança. Quando é usado para o bem permite as longevidades actuais tão elevadas, a baixa mortalidade infantil e até a erradicação de algumas doenças. Permite que as classes médias vivam melhor que lordes medievais. O caminho a seguir é claramente outro do que o da pseudociência.
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