Se tivessemos mais opções à escolha, mas também se essas opções fossem todas más e apenas considerádas viaveis por ignorancia, será que isso deve ser considerado mais liberdade também?
Ou se por outro lado, o conhecimento nos reduzir o leque de opções contempladas mas nos orientar para outras, isso será uma diminuição da liberdade?
Eu penso que a resposta é que, no minimo, a qualidade da liberdade melhora com o conhecimento. No extremo, podemos até abrir e mesmo criar opções que não estavam abertas antes.
Isto ainda vem na sequencia da discussão sobre a regulação das pseudomedicinas, (mas é na verdade uma questão bastante abrangente, já lá vamos). Afinal se as pessoas escolhem um tratamento deve ser-lhes dado um tratamento e não um placebo. Se elas escolherem o placebo deve ser-lhes dado o placebo. Dar o placebo a quem escolhe tratamento, porque não sabia ver a diferença, parece-me uma diminuição da liberdade. Porque as pseudomedicinas são apenas uma opção porque as pessoas acreditam nelas. E nesse aspecto estão a ter as mesmas opções que alguém perante um "con artist" qualquer. A opção não é o que parece. Em boa verdade, não seria uma opção se houvesse uma melhor compreensão de questões básicas de epistemologia, ciência, fisiologia, patologia, etc. Nada que muita gente não pudesse compreender se não se dedicasse a isso umas valentes horas. Mas a maioria das pessoas não se lembra sequer que isso pode ser importante fazer.
Este problema é o mesmo que eu vejo levantado pelos teologos quando nos dizem que deus não nos dá mais provas da sua existencia para nos dar liberdade. Que essa mesma razão é a razão pela qual nos deixa fazer tantos disparates.
Tirando as medicinas alternativas e a religião, não vejo este critério ser considerado em mais nada. Médicos e advogados são julgados em caso de negligência, assim como em boa verdade, qualquer cidadão.
Por exemplo. Existem crianças estropiadas por pisarem minas de campo. Quem não avisaria a criança que está na direcção da mina a escolher outra direção se pudesse? E quem pensaria bem de alguém que pudendo fazê-lo, permancia calado. E se além disso ainda viesse depois argumentar que o fez para não tirar liberdade à criança?
A minha opinião é que a liberdade de ser aldrabado, pisar minas de campo, ou de facto cair em qualquer escolha desastrosa por falta de conhecimento e capacidade de previsão, é uma liberdade fraca, para usar um eufemismo. É realmente uma liberdade da treta.
Uma liberdade forte, será aquela que nós temos devido a um conhecimento básico das nossas opções. Tanto mais forte quanto mais capaz de fazer previsões correctas nós formos.
Esse é o tipo de liberdade que procuram dar a ciência, a moral e a ética. Pelo menos é o que deviam procurar dar. A liberdade de Deus e das pseudomedicinas é a liberdade da ignorancia, da escolha aleatória e da potencial desgraça.
Claro que Deus pode compesar tudo depois de nós estarmos mortos. Mas no caso das pseudomedicinas eu não vejo a coisa tão sorridente...
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