As críticas ao livro de Lawrence
Krauss com este nome estão previstas logo na introdução.
Aquilo a que ele chama
nada já não é aceite como sendo nada. Porque já é algo, nomeadamente espaço, de
onde surgem as coisas. Ele no entanto argumenta que espaço vazio é um
nada tão nada quanto é possível ser nada. É um nada tão bom como sempre foi.
Nem porque haja já as leis que
permitem que exista espaço vazio e de onde por sua vez as partículas possam
começar a pular dentro e fora da existência, isso já é algo - insistem os
críticos.
Mas por este andar, se nada é
definido como sendo mesmo nada, sem sequer existirem possibilidades de virem
existir coisas, então nunca existiu nada. Porque estamos cá.
Muito menos um nada cheio de
deus. Seja o que for que seja o nada mais nada a que nos podemos referir, com
ou sem deuses, tem de incluir a possibilidade de sofrer a entrada na existência.
Voltamos atrás. É que nada em
termos absolutos, não existe. É o que diz a palavra. Nada. Por definição e por
lógica. Se o nada não existe, algo deve pelo menos manter a possibilidade de
vir a existir. Se não houver nesse nada essa possibilidade, (com ou sem deuses), então não estaríamos aqui. E é plausível que estejamos aqui, mesmo que tudo
seja uma ilusão. Como dizia Descartes "penso logo existo".
Se disserem, não foi o nada que
tinha esse potencial de entrada na existência. Foi Deus. Então é caso para
dizer que se Deus não é nada então nada não serve para descrever o momento
anterior à existência ter surgido. Antes havia Deus e não nada. Estaremos então
de acordo que havia algo. Tem sempre de ter existido algo.
Insisto: Porque nada, nada não
existe. Nunca pode ter existido, a não
ser que ainda hoje exista. Mas é como dizer o não-existe existe. Não serve
para... Nada. E como negação da existência de outras coisas, como conceito relativo,
como em "nada de nada" ou "nada de tudo", vamos ter sempre
de chegar a um ponto onde não podemos negar a possibilidade da entrada na existência
de algo. E creio que é nesse ponto que o livro de Krauss nos deixa.
Isto tudo para dizer que temos
sempre de ter cuidado com o que queremos dizer com o conceito de nada. Que a
nada faz referencia...
O universo nasce da possibilidade
de uma flutuação quântica. Daí surgem partículas.
Claro que é um grande pontapé no sobrenaturalismo (tal com diz Dawkins). É uma
afirmação bem sustentada pela teoria cientifica e aponta para um principio onde
estamos bastante perto de não haver nada. Acrescentar um deus para um principio
tão simples é complicar as coisas. Bastante. Para a simplicidade de existirmos porque
apenas podemos existir não precisamos de juntar nada ao kit de construção que
seja complexo e com vontade própria. Isso é bastante mais longe de ser nada.
Talvez venhamos a descobrir
porque temos estas leis que permitem que apareçam partículas do espaço puro. E
depois porque existem essas leis que permitem as outras leis. E por aí fora. Mas nesse sentido vai ter de haver sempre
algo.
Mas ao que tudo indica não
estamos a caminhar num sentido de precisar de nadas omnipotentes e
omnipresentes, nem que estamos a caminhar num sentido em que nada possa
significar realmente nada.
Ou então, pura e simplesmente,
algumas coisas acontecem sem causa. Só porque podem. Mas esse é o nada de que estamos a descrever cientificamente. E não precisa de ser divinal, ao tudo indica. Não precisa de ser consciente e intencional. É apenas uma possibilidade.
O que estamos a fazer ao impor
uma criação divina é dizer que só Deus pode vir do nada sem causa inicial, mais
nada pode. Como sabemos isso já é um problema em si. Mas que assim estamos a dizer que a possibilidade de haver algo já existe desde sempre,
já estamos.
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