sexta-feira, 24 de junho de 2011

Leveduras - 1 , Criacionistas 0

As leveduras, organismos unicelulares, mostram ser capazes de evoluir para organismos multicelulares caso haja pressão evolutiva para isso.

O achado cientifico vem colocar sob uma nova perspectiva esse momento crucial da evolução das formas de vida.

Afinal, talvez não tenha sido assim tão complicado.

Selecionando para reprodução as leveduras que sedimentavam mais depressa (numa solução) começaram a aparecer flocos formados por várias coladas umas às outras.

Os flocos começaram a dar origem a mais flocos e em breve começaram a aparecer funções típicas de organizações multicelulares, tais como a morte programada de células (coisa que em seres unicelulares não faz sentido nenhum). 

Mesmo que isto seja porque as leveduras tiveram um passado multicelular (como apontado por alguns críticos) e possam "relembrar" como é ser multicelular, a interpretação deste achado é sempre feita dentro do modelo evolutivo.  Isto se quisermos que tenha algum sentido racional, claro.

A única saída que estou a ver para os criacionistas é voltarem para a sua negação de racionalidade e dizer que continuam a ser leveduras e dizer "há e tal, isso de passar para ser multicelular não quer dizer nada já que não é possível acumular mais diferenças para os ancestrais."

É que se acumulam mais umas quantas coisas vai deixar de fazer sentido dizer que ainda são leveduras. E eles não querem aceitar que podemos somar 1000 juntando uma unidade de cada vez. Sugere a conversa deles que algures há um mecanismo que impede uma pressão selectiva de levar ao acumulo de mutações que respondam a essa pressão - mas tal mecanismo nunca foi descrito de melhor maneira que dizer " é o que diz a bíblia".

Mas isso parece estar na linha de outras coisas que a bíblia diz e que (no mínimo) não se devem levar à letra, como a aceitação implícita da escravatura, o geocentrismo ou a ideia que a terra é plana, ou de que não nos devemos preocupar com planos para o futuro.



Via New Scientist:

http://www.newscientist.com/article/mg21028184.300-lab-yeast-make-evolutionary-leap-to-multicellularity.html

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Vudopuntura.

Após milhares de milésimos de segundo de pesquisa, desenvolvi uma tecnica que irá revolucionar o mundo da pseudociência médica. A "Crónica da Ciência" em exclusivo único pública a revelação que irá revolucionar o modo como se faz pseudomedicina.

Usando pela primeira vez a produção de conhecimento acumulado nas pseudociencias, unindo pela primeira vez a Acunpunctura com a arte Vudo, heis que surge a Vodupuntura.

Somando Misteriosamente* o conhecimento asiático da Acupuntura com o conhecimento caribe do Vodu, a pseudomedicina do futuro emerge triunfante num mundo de conspiração tecnológica contra a sua saúde. Quando a medicina ocidental conspira para que passe os dias em casa com baixa, heis que pode voltar ao trabalho graças à Vudopunctura.

Não precisa de se deslocar ao consultório. Não tem riscos de infecções ou pneumotorax e essas tretas que foram relatadas na acunpuncura. E acima de tudo não causa dor.

É tudo feito no boneco Vudo e depois por Energias Misticas, o tratamento é comunicado ao Xi do seu corpo.

Não negue à partida uma pseudociencia só porque ela não faz sentido.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Era uma vez um oceano...

Há muitos milhares de anos houve um aquecimento rápido que causou a perda de muitas espécies nos oceanos.

Nessa altura, todos os anos foram bombeados para a atmosfera 2,2 Gigatoneladas de CO2. Isso terá acontecido num ciclo vicioso em que mais CO2 dá origem a maior temperatura e mais temperatura faz haver mais CO2 na atmosfera.

Mas no momento actual libertamos todos os anos 25 Gigatoneladas de CO2 para atmosfera. Isso coloca o anteriormente referido ciclo de retroalimentação positiva como uma brincadeira.

E como previsto, a velocidade com que estamos a aquecer não parece ter precedentes.

Aqui:

http://www.newscientist.com/article/dn20595-earths-oceans-on-course-for-mass-extinction.html

"the biggest problem is the rapid pace of climate change, which is "virtually unprecedented". The closest comparison is the Paleocene-Eocene Thermal Maximum of 55 million years ago, when 2.2 gigatonnes of carbon dioxide was released every year for millennia and many deep-sea species were wiped out. Today we release over 25 gigatonnes every year."

Os denialistas continuarão sem mudar de ideias. Primeiro era que não havia aquecimento, depois era que havia mas não podia ser devido ao CO2, agora parece dizem que até pode ser que o CO2 aqueça mas é só um bocadinho e até é bom.  Pois. Mas errado.

Esse bocadinho está a dar cabo das coisas que damos como certas para ter o ambiente que precisamos. Enquanto não souberem explicar convincentemente porque é que lançar CO2 para a atmosfera não é responsável pelo aquecimento verificado (e tudo o resto que estava previsto no pacote) não merecem mais respeito que qualquer outra teoria da conspiração. E quer me parecer que isso pode bem ser para sempre.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Interpretar a linguagem da pseudociência médica.

Pseudociência médica
Tradução
Holístico
Sem saber o que se passa  "por dentro". Que não compreende o funcionamento. Ver "abordagem de caixa preta".
Milenar/ antiga/ tradicional
Conhecimento fóssil. Pouco evoluída. Ver "apelo à antiguidade".
Funciona com outra filosofia.
Não funciona neste universo natural. Talvez noutro. Ver "pensamento mágico"
Que a ciência não explica.
Que a ciência refuta. Que não tem suporte nenhum para as suas afirmações. Ver "apelo à Ignorâcia".
E cada vez mais pessoas recorrem...
Que "não temos testes rigorosos que suportem isto mas estamos a conseguir convencer muita gente, seja mais um". Ver "apelo à popularidade".
"reprimidas pelo sistema de saúde moderno “científico”"
Ultrapassadas. Desacreditadas. Sem suporte empírico metodológico ou perigosas. Ver também  "teorias da conspiração".
"As medicinas alternativas também sao sistemas científicos culturalmente específicos que merecem respeito e também pesquisa"
Que "Na nossa visão do universo não há contradições já que basta acreditar para ser científico". Assim ciência e pseudociência são a mesma coisa. Significa algo como "Vale tudo, junte-se a nós que vai ser uma farra."

 Este quadro  - a coluna da esquerda - foi feito com recurso a páginas reais de internet de proponentes destas teorias para me "avivar a memória". As referencias das origens são omitidas porque são argumentos recorrentes, que não são usados apenas uns poucos.
Infelizmente a realidade não é aquilo que nós queremos que seja. É preciso muito trabalho para nos aproximarmos de uma descrição capaz. Querm um bom apelo emocional? Mas verdadeiro?
A Ciência Salva. Quase tudo o resto é placebo (há coisas que ainda não sabemos, e que podem ser uteís, mas essas... ainda não sabemos quais são, não é. Depois há é uns que acham que adivinham...)

domingo, 29 de maio de 2011

O Rei vai nú

Existe uma historia que em inglês se chama "The Emperors New Clothes" e em português "O Rei Vai Nu" que era suposto ser uma metáfora para situações reais.

Nesta história, um comerciante engenhoso consegue convencer o Rei que as suas roupas são as melhores que há e de tão formidáveis que são, que os tecidos de que são feitas apenas podem ser vistas pelas pessoas mais excepcionais. Mas não existem roupas nenhumas, nem tecido nenhum. O Rei fica incapaz de dizer que não vê as roupas quando todos os presentes são igualmente incapazes de dizer que não vêem as roupas. O Rei finalmente aparece em público, perante todo o povo, com as tais roupas vestidas, ou seja, despido, e todos ficam quietos e calados... Até que uma criança grita que o "Rei Vai Nú." Na história original toda a gente acaba por assentir que o rei vai nu entre a galhofa total.

Mas isto está longe do que acontece na realidade. Na realidade o que acontece é o miúdo levar um correctivo. Qualquer um que diga o equivalente a "o rei vai nu" será alvo de chacota, acusação de mente fechada e claro está imbecilidade... Porque não vê as roupas.

E quando se exige perante tal certeza alheia provas que as roupas existem como terem massa, projectarem sobra ou poderem pendurar corpos, vêm as acusações de arrogância, má educação, de não respeitar as opiniões dos outros e de... Imbecilidade... Porque não vemos as roupas.

Quem já disse uma vez na vida que o rei vai nú, sabe do que eu estou a falar. Quem diz muitas vezes, sabe ainda melhor. A liberdade de expressão só existe para as coisas que se podem dizer... E por mais bonita que a história seja, a verdade é que não se pode dizer que o rei vai nu. Mas devia.

Devia, porque a quantidade de reis que vão nus são mais que os súbditos. E enquanto andarmos a pagar tecidos inexistentes por serem melhores ou tão bons como os outros os outros não vamos a lado nenhum.

É preciso para isso a coragem de defender as posições honestamente e sem passar a ataques pessoais.


A todos os que quiserem dizer o rei vai nú, mesmo que estejam enganados, os meus votos de um bom debate. E que não deixem o medo dos ataques pessoais que se seguem (oh sim, eles vêm! em todas as cores e formas)  impedir-vos de dizer o que está correcto e pensam poder justificar. Todos fizemos asneiras numa altura ou outra (errar é humano e pelo que leio dos deuses acho que também não se safam assim tão bem). Mas temos de discutir os problemas um por um sem misturar a vida ou a personalidade de quem diz o quê com aquilo que diz. Se perceberem que estão engandos cabe-vos admitir. Quem procura a verdade não está preocupado em ganhar discussões apenas por si. Acima de tudo está preocupado  em avançar no que se sabe e clarificar assuntos.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Instituto Cético de Portugal

Não há. Mas devia haver. Com tanto instituto da treta que parece haver para aí (pelo menos é o que dizem fontes credíveis, já que eu dúvido que seja completamente verdade), um institudo que não há e fazia falta nesta sociadade de crendíces era um organismo multidisciplinar que fizesse uma observação activa e sistemática sobre quaisquer alegações que fossem tornadas públicas e que não tivessem justificação capaz.

A maior parte dos céticos compreende que na politica, na ética e na moral existem questões que não é possível discernir entre qual é a melhor justificação sem que algures haja uma escolha. A maioria dos cépticos dedica especial atenção àquelas coisas que são matéria de facto e ao que elas siginificam. São pessoas que procuram saber qual a melhor resposta possível, desde que não sejam questões normativas. Por isso aceitam vulgarmente a ciência como a melhor explicação para a realidade seja ela o que for, e não misturam essas questões com problemas puramente filosóficos. Por outro lado são naturalmente criticos, qualquer que seja a sua formação, e são pessoas que procuram. Estão naturalmente inclinados a procurar a assunções erradas numa alegação. São por isso as pessoas adequadas para proteger a sociedade da especulação selvagem e por vezes oportunista que representam as várias crendices.

Naturalmente que  a oposição de tal instituto à crença injustificada seria apenas verbal e sem natureza legal. A quem estiver preocupado com a parcialidade (que é algo que existe sempre) que tais pareceres possam ter fica a nota de que seriam apenas a oposição à outra parcialidade que já existe a  favor da crendice.  Seria mais como um servidor de conselhos para os cidadões tomarem de sua livre vontade e que lutaria pela sua credibilidade pelo próprio trabalho produzido. Deveria no entanto ter visibilidade  e credibilidade "à priori" para  ser consultado pelos massmedia e ouvido pelos politicos. Estas condições provavelmente exigiriam numa fase inicial um investimento económico em pessoas e em divulgação relativamente avultado. O objectivo é que depois de ser apresentado ao público o seu trabalho pudesse ser a razão da sua procura. Em relação à credibilidade é natural que seja preciso investir em pessoas idoneas e reconhecidamente trabalhadoras para estarem à frente de tal institudo. Ocorrem-me alguns nomes entre os professores universitários portugueses e se pudessemos ter convidados estrangeiros tanto melhor.

Era a maneira de concentrar a critica sistemática de todo o alegado conhecimento num unico organismo para poder dar-lhe a competencia de abordar diversas areas. E dar-lhe caracter oficial e promovendo as pessoas certas.

Não obstante tal instituto por si só não poder ter qualquer poder executivo ou legislativo (é dificil de explicar mas é obvio que tem de ser um organismo puramente académico, deixando as decisões para outros), seria desejável e devia ser um dos objectivos que esta organisação fosse houvida e procurada por tribunais, parlamentares, professores, etc, não substituindo o papel de especialistas  - quando não os tivesse entre os seus colaboradores (mas sendo capaz de apontar as pessoas certas).

Porque cada um é livre de acreditar no que quizer mas não é livre de fazer aos outros o que quizer, a burla e fraude são crimes. Têm de ser. Mas esse não deve ser um problema de tal instituto, isso é um problema para Juizes e Deputados e para outro debate. As consequencias e a intenção das asneiras impostas aos outros importam num julgamento mas isso não é a questão para o ceptico. Eu preocupo-me em exclarecer já estas limitações porque normalmente são as principais preocupações das pessoas e umas que importam salvaguardar. O direito à crença desde que não magoe ninguém.


Tem é de haver um organismo que vigie, lance alertas, e possa justificar as suas próprias afirmações. E que se consiga fazer ouvir. Penso que só aqueles que queiram abafar a discussão livre, o debate publico e não querem por em causa aquilo em que acreditam se podem opor a esta ideia de formar um instituto com estes objectivos. Mais informação leva a melhores escolhas. Isso é também uma medida de liberdade. Não saber escolher, não ter informação para escolher é limitante.

Adiante... Rentabilidade iria ser um problema sério. Naturalmente que teria de ser uma coisa sem fins lucrativos, mas seria um sorvedouro económico com poucas possibilidades de gerar dinheiro. Talvez vendendo uma revista, talvez vendendo palestras e congressos, trazendo autores estrangeiros a portugal, administrando cursos de pensamento crítico, etc. Pelo menos amenizava os custos, para evitar ser mais um fardo para um estado tão carente.

Bem, uma pessoa pode sonhar, não é? Era para o bem de todos.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Tradução de linguagem cientifica para o significado equivalente de termos comuns.

Linguagem científica
Significado em linguagem comum
... sugere que...
... podes apostar que ...
...existe evidência que...
...podes apostar que...
...não existe evidência que...
...podes apostar que é treta...
...suportado por evidências fracas...
...é treta...
... existem fortes evidências que...
... é verdade que...
... é uma teoria...
... é verdade que...
... o consenso cientifico neste assunto é...
... é verdade que...
... são precisos mais estudos...
Em linguagem comum esta frase não tem sentido