quinta-feira, 25 de julho de 2013

Vermes mantêm a memoria após eliminação do cérebro. Uma explicação.

Michael Levin e Tal Shomrat da Universidade de Tuft, "ensinaram" planarias a procurar a luz.

Os vermes eram recompensados com comida e punidos quando ficavam no escuro. Depois do treino estar completo, cortaram-lhes a cabeça, que por sorte, cresce de volta.

O cérebro destes vermes foi assim destruído e substituido por outro, que cresce naturalmente de volta. Isso é algo que dá sempre jeito, mas o que é marcante neste estudo é que estes vermes mantiveram a memória de como lidar com a luz.

Eu penso que a melhor explicação para este fenómeno é encontrada nos trabalhos do Prof. António Damásio. Segundo este neurologista, as emoções são respostas orgânicas. Os sentimentos são como que sensações dessas emoções.

Neste quadro teórico, o que pode acontecer com os vermes é que a resposta orgânica é a mesma para o mesmo sinal vindo do cérebro. Ou seja, o cérebro processa o ambiente e envia a informação simplificada mas inequívoca para o corpo. O corpo produz uma resposta, que é regulada por feed-back com o cérebro, acabando por associar boas e más emoções a acontecimentos e fenómenos. O corpo não tem necessariamente a memória do que deve fazer. Nem faz a mínima ideia de algo como luz ou escuro. Apenas de como reage caso o cérebro envie determinada informação, provavelmente consistindo num conjunto de sinais variados para vários órgãos.

O cérebro depois dá ordens motoras de acordo com as emoções que recebe do corpo.

Deste modo, o que encontramos aqui, é a demonstração de que as emoções são reguladores comportamentais sendo mesmo capazes de mimetizar a memória, e são mesmo quadros organicos. Memórias que por tudo o que sabemos, apenas são possíveis com aparato neurológico mais complexo que só existe no cérebro. E por isso, ao substituir o cérebro, se o novo sistema nervoso central for igualmente capaz de processar a informação ambiental de modo a enviar a mesma sinalização ao corpo, a resposta do corpo é a mesma porque o corpo é o mesmo. E o cérebro será capaz de enviar a mesma informação ao corpo porque esta informação será produzida de modo lógico.

Se isto estiver correcto, esta interpretação, este trabalho não prevê que a memória dos humanos possa estar no corpo. Ou que haja uma alma onde o verdadeiro espectáculo do Eu funciona. Factos, números, imagens, terão de ser guardados no cérebro. Por isso, pessoas com o cérebro desligado do corpo mantém memória normal. Estamos a falar de coisas diferentes.

Estamos a falar de emoções e de uma demonstração da sua utilidade em seres muito simples e de um modo muito simples. A memória tal como a temos será uns quantos furos acima na sua capacidade de gerar "facts and figures" ou imagens. Será no entanto ainda capaz de gerar respostas emocionais associadas, como todos sabemos.


2 comentários:

george disse...

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João disse...

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