Não. Não chega.
Mas é o que diz um meta-estudo recente sobre a acupunctura que conclui que ela deve ser recomendada para determinados tipos de dor crónica (o tipo de dor que devia ser raro na china há uns séculos atrás).
A diferença entre fazer a falsa acupunctura ou a verdadeira acupunctura, neste mesmo estudo, foi de 5% na redução da dor. Redução essa avaliada subjetivamente - não há outra maneira. Ou seja, a dor é sempre uma questão de percepção e logo bastante variável de acordo com outros factores que afetem os pacientes. Donde, uma redução de 5%, é bastante perto de nada. Clinicamente não é relevante, ninguém iria dar por isso.
Estatisticamente, também não chega para provar que a acupunctura é mais que placebo; embora seja neste meta-estudo estatisticamente significativo para os valores de P usuais, é importante notar que se estamos a usar valores de P iguais aos que usamos para coisas bastante bem explicadas, então estamos a colocar um "bias" forte no sentido da acupunctura.
Alegações extraordinárias requerem provas extraordinárias, por isso não podemos aceitar um valor de P vulgar.
Porque não podemos esquecer que não há um mecanismo plausível para a acupunctura ultrapassar o efeito placebo e não há evidência que funcione para mais nada do que alguma vez se alegou que poderia funcionar - aliás como não me canso de notar, a dor cronica é desde algum tempo o ultimo reduto desta pseudociência .
De resto o "bias" dos autores é bem notável ao concluir que a acupunctura deve ser recomendada, quando o grau de melhora que teve relevância estatística foi 5%. Eles devem saber que relevância estatística e relevância clinica não são a mesma coisa, mas talvez se tenham esquecido...
Aliás, "bias" como o identificado aqui, pode bem ser a origem dos tais 5%. Ou aqui.
O que é certo é que isto se traduz agora em desinformação do público.
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