quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A anti-vacinação "A"

Nos ultimos dias constatei ter-se instalado em Portugal a desconfiança contra a vacina da gripe A. A primeira evidencia foi uma noticia no jornal Público a relatar a falta de vontade de profissionais de saúde como médicos e enfermeiros em tomar a vacina, e depois foi o contato com pessoas no dia-a-dia (eu atendo ao público) a contarem-me que "parece que esta vacina é perigosa". Evidência anedótica, mas à falta de melhor, até haver sondagens, parece-me que ilustra o que se passa. Não me parece no entanto que seja uma coisa anti-vacinação à americana, em que o medo da vacinação se instalou com histórias de conspiração da "big farma" por trás. Importámos tão somente a desconfiança face à vacinação especifica contra a gripe A.

Falei com um médico  e alguns estudantes de medicina (conheço alguns)  que me disseram que entre a classe médica isso não é provavelmente verdade. Não sei se é ou não, mas pelo menos percebe-se que não é uma coisa assim tão generalizada. Entre os enfermeiros não faço a minima ideia se têm ou não medo de se vacinar. Seja como for, foi a desconfiança em relação à vacina, de pessoas do meio, que transpareceu para a opinião pública, e que me parece, está a ter consequências.

São pois, pessoas informadas e atentas que estão a ser o receptor de esta desconfiança. Quem não lê jornais e não leu como se teve de desenvolver a vacina "à pressa", quem não sabe do movimento antivacinação americano, quem não leu a noticia do Público, não deve estar muito preocupado. 

Seja como for, é pena. Estão enganadas. Há poucas vacina e o seu uso deve ser usado criteriosamente. Deve ser vacinado quem precisa de ser protegido por estar mais exposto e por poder contagiar um maior numero de pessoas. As vacinas também servem de "almofada" para proteger terceiros, aquilo que se chama nos animais "protecção de rebanho". Além disso, existem profissoes que estando diretamente ligadas a resolver problemas relacionadas com a doenças, não podem faltar por causa dessa mesma doença, se tal puder ser evitado. 

Tanto quanto se sabe, a vacina é segura. E sabe-se bastante. O bastante para dizer que é mais seguro tomar a vacina do que não tomar. Se o risco de morrer de gripe A nem é muito elevado, o de morrer da vacina é várias vezes mais pequeno, e se o risco de desenvolver uma doença grave causada pelo virus também não é estremamente elevada, ainda menos elevado é o risco de desenvolver uma doença relacionada com a vacina da gripe A.

A vacina da gripe A é feita do mesmo modo que as anteriores vacinas para a gripe. Aliás isso foi uma concequencia do pouco tempo que houve para a desenvolver. Assim, a unica coisa nova na vacina é a estirpe viral usada e para a qual ela se destina. Não é grande problema. Nada que levante bandeiras vermelhas de alarme. 

Relatos de problemas realcionados com a vacina em questão, também não apontam para que esta vacina seja mais perigosa que as outras. Não é. E no meu post sobre os mitos à volta da gripe A já tinha dito isso. As vacinas não são perigosas. A informação colhida de maneira rigorosa e sistemática permite concluir que são de facto a solução e não o problema. Por uma larga margem!

O problema é haver mesmo poucas vacinas. Se eu pudesse vacinava-me. Mas compreendo que haja gente que tem de estar antes de mim. Que se diga que não se querem deixar vacinar surpreende-me. É irracional. Talvez não seja bem verdade o que se disse de médicos e enfermeiros, mas a opinião pública também é importante. Espero que não seja o único a chamar a atenção para o facto de que a vacina para a gripe A não é perigosa. 

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