quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Da sinapse à moral.

É vulgar dizer que a moral esta fora da ciência. Que não é possivel o rigor cientifico numa aboradagem à moral ou que esta nem pode ser feita.

A minha opinião é mista. Sim - para não ser possivel abordar abrangentemente a questão da moral com o rigor e metodos cientidficos. E não, para a moral ser totalmente inacessivel à ciencia.

Vou tentar desenvolver para me explicar:

Não conhecimento mais solido que o cientifico. Há é coisas que não se conseguem determinar cientificamente. Por falta de tempo, por falta de meios, ou pela própria natureza. Convenções e escolhas, estão para la do actual poder da ciência. Mas o nosso cérebro é a base física da nossa mente, e não nada que indique que o nosso pensamento não é uma coisa deste mundo. Ou seja, o nosso pensamento é um fenomeno emergente dos circuitos neuronais do nosso cerebro e das influencias fisicas que nele actuam.

E do nosso pensamento emerge a moral. Pode ser impossível descrever a moral a um nível tão baixo como o do conjunto das sinapses de todos os cerebros que nela participam. E que seja simultâneamente um modelo preditivo, capaz de ser utilizado para prever decisões, por exemplo.

Mas isso não quer dizer que, de certo modo, uma abordagem de alto nível (ao nivel de manipulação de conceitos complexos como morte, sofrimento, etc) não possa ser enquadrada numa abordagem cientifica.

quem não percebe nada de ciência e quer mistificar a mente, (e o pensamento), é que enfia o barrete do dualismo.

A ciência também não pode prever que bola vai sair primeiro no totoloto. Isso quer dizer que é um problema que transcende a ciência? Não. Quer dizer que ha demasiados imponderaveis em causa. É mais um problema de abordagem pratica que teorico.

E é algo analogo ao problema de reduzir a moral às suas unidades básicas, as sinapses. Quaquilhioes delas! Mesmo que ja soubessemos como são os circuitos neuronais de todos os seres humanos, ainda tinhamos de computar o resultado de milhoes de mihoes de circuitos, compostos por milhões de milhões de sinapses.

É impossível de abordar a este nível. Tem de ser abordado ao nivel de conceitos e trabalhar com unidades menos simples mas manipulaveis pelo esforço intelctual.

Mas uma vez compreendendo melhor quem somos, como funcionamos, porque é que sofremos com isto ou aquilo, o que é normal e saudavel desejar, etc, e usando um pensamento critico sobre os conceitos, podemos ainda usar ferramentas cientifico-matemáticas como as sondagens, estatistica, etc, para compreender melhor o que se passa com os grandes numeros das massas.

A ciencia pode pois ajudar e muito a desenvolver a moral humana. Não está completamente fora do seu alcance. E a neurologia só agora esta a dar os primeiros passos. A psicologia é hoje uma ciencia tão rigorosa como a biologia, e a sociologia para lá caminha.

O medo da ciencia que têm aqueles que dominam outras formas de conhecimento é razoavel, se não quiserem aceitar a evoluçao. Se forrem dogmáticos. Coisa que a ciencia não é, pois apressa-se a integrar novos factos quando estes emergem, mesmo que para isso se tenha de corrigir.

A ciência tem as melhores respostas possíveis, quando as tem, há é coisas que não se consegue usar a ciência. Mas a historia sugere que o futuro tem menos lacunas que o presente.

2 comentários:

Miguel Galrinho disse...

A opinião de Bertrand Russell sobre o assunto: "While it is true that science cannot decide questions of value, that is because they cannot be intellectually decided at all, and lie outside the realm of truth and falsehood. Whatever knowledge is attainable, must be attained by scientific methods; and what science cannot discover, mankind cannot know."

Barba Rija disse...

Pois, é mais ou menos isso. Acho que a ciência pode informar a moral, mas não me parece que possa ditá-la. Pelo menos ao nível da ciência actual e da ciência daqui a 50 anos.

Tens sempre o problema do "is-ought", ou "ser-dever". Uma coisa é descrever o que somos, outra coisa é descrever o que devemos ser. E posto desta maneira, compreendemos que os axiomas nos quais residem a moral são substancialmente diferentes da ciência.