quarta-feira, 13 de abril de 2011

Crianças curadas para cegueira não reconhecem formas aprendidas pelo tacto.

Um grupo de crianças a quem foi cirurgicamente devolvida a vista, não foi capaz de identificar visualmente formas que tenha conhecido antes pelo tacto.

Isto responde a algumas questões acerca do modo como integramos a informação proveniente dos vários sentidos, sobretudo acerca do modo como esse problema deve ser abordado.

É também esclarecedor do modo como construimos ideias abstractas. Nomeadamente que torna muito mais plausível que conceitos relacionados com formas sejam adquiridos e não inatos. Não só são aprendidos pela experiência como se não houver uma boa integração dos sentidos o conceito criado é inútil para novas aplicações.

Isto lança também mais uma pedra no charco lamacento do mundo das ideias de Platão, que apesar de largamente esquecido pela comunidade cientifica, ainda permanece suavemente incrustado nas ideias de muita gente, sob a forma de um essêncialismo crónico.

Os conceitos são mapas, não são as coisas em si. E o conceito de  uma forma, digamos de um circulo não é o circulo em si, muito menos o circulo perfeito como dizia Platão. É preciso separar o mapa e o território, pelo menos não esquecermos que o que sabemos é sempre mapa que pode ou não descrever território.

Mas a mim também me surpreende um ou dois aspectos deste estudo.  Não pensei que o córtex visual não fosse usado de todo quando se apalpa um objecto e se tenta construir uma abstracção da forma. Por um lado. Por outro esperava que a evolução tivesse deixado algumas formas pré-programadas, inatas, apenas à espera de serem chamadas a uso.

Para saber mais seguir a ligação:

http://news.sciencemag.org/sciencenow/2011/04/formerly-blind-children-shed-lig.html

ou

http://www.nature.com/neuro/journal/vaop/ncurrent/full/nn.2795.html

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