Algumas ervas têm princípios activos. Foi assim que começou a farmacologia cientifica, a agora chamada convencional ou tradicional.
Os princípios activos têm esse nome porque reagem com coisas no corpo. Alteram funções, matam micróbios, mudam pontos de equilibrio, etc. E Podem fazer bem ou mal. E interagem uns com os outros.
Até agora a lei permitia que se vendesse qualquer produto de ervanária desde que se disse-se que era natural. Sem observar que princípios activos lá vinham dentro, em que doses, e sem ter de se fazer estudos de eficacia ou segurança.
A União Europeia vai agora introduzir uma lei que obriga pelo menos a que se façam testes de segurança. É meio caminho andado. Mas deixa coisas importantes de fora.
Como é que algo tão importante como a eficacia pode ficar-se pelo diz que disse?
Apesar da legislação agora apontar para que tenha de haver um "especialista em ervanária" a receitar a dita erva, deixa de fora de qualquer um a reponsabilidade sobre a eficacia do produto.
E questiono o que significa ser um perito em ervas, já que faltam estudos que demonstrem eficacia e segurança sobre uma grande parte delas, quase todas - e estas são as questões que tal especialista devia saber responder. Estamos de facto perante uma industria milionária que falhou em investir na investigação rigorosa das suas alegações.
Acho que esta legislação é melhor que o que havia antes. É de qualquer modo um passo em frente. Mesmo se sem sombra de dúvida que é fazer as coisas pela metade, e talvez, deixar uma mensagem implicita de que a eficacia não está em causa, só a segurança.
Mas segurança mesmo, só quando estes produtos tiverem de ser submetidos às mesmas exigencias de todos os outros ( e que mesmo assim tem falhas), em vez de tentarem passar a ideia de que isso não acontece por causa das grandes farmacêuticas e de que são perseguidos por estas.
Mas isso não faz sentido nenhum, já que as grandes farmacêuticas se quisessem prejudicar esse negócio podiam exigir legitimamente e justamente que se submetessem esses produtos às mesmas exigencias que se submetem os seus. As pessoas deviam antes questionar-se porque é que os produtos de ervanárias conseguem ter um estatuto tão especial fundamentado numa falácia conhecida.
A falácia do naturalista. Nem tudo o que é natural é bom. A doença é natural. A morte também.
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