É essa a conclusão preliminar de um estudo da"Nature" em que se encontrou uma correlação entre o aumento de experiências transcendentais e a lesão de uma área especifica do cérebro.
Estes pacientes estão muito mais inclinados a dizer que se sentiam em união com a natureza ou outras pessoas, que acreditavam num poder superior ou que se sentiam desprendidas do espaço e do tempo.
O que causa mais espanto, e notado no artigo, é que um aspecto aparentemente tão complexo da personalidade possa estar tão intimamente ligado com uma função especifica de uma área especifica do cérebro.
Um problema com este tipo de estudos é precisamente ter de ser baseado na auto-referencia, quero dizer, os dados são dados pela boca do próprio paciente. Na "Nature" não fala disso mas provavelmente a experiência da cirurgia e da brevidade da vida ajudam a causar as alterações de personalidade.
Mesmo assim, não podemos atribuir tudo ao stress ou ansiedade . Porque foi reduzida a identificação das alterações àqueles que tinham sido lesados numa determinada área do cérebro e não noutra.
Mais própriamente no lobo parietal inferior esquerdo. (Pelos vistos o meu está intacto).
A religiosidade é no entanto encontrada associada a uma área muito mais vasta. Tambem em termos lógicos o misticismo é uma parte mais pequena da religiosidade. Não me espanta.
Ver mais aqui:
http://www.nature.com/news/2010/100210/full/news.2010.66.html
3 comentários:
Joao,
Passei aqui para te contar que finalmente respondi a uma pergunta que vc fez em um comentário no meu blog em setembro do ano passado. Rendeu os últimos 2 posts. :-)
Abraço,
Fernanda
Correcto... Tudo aquilo que compõem um determinado universo mental parece ser uma consequência determinada pela fisiologia e pela anatomia que o cérebro disponibiliza ao ser, no entanto, uma vez mais aquilo que é essencial continua para lá de toda e qualquer suspeita ou verificação factual, ou seja, o que é a inteligência e quais são os mapas cerebrais que a determinam e caracterizam... acontece que a resposta a esta questão é impossível de ser obtida através de qualquer tipo de metodologia dogmática, pois inverte o sentido dos processos da causalidade... António Damásio empurra para a genética este problema mas afinal está a inteligência inscrita no DNA?
Uma outra questão que me sugere esta leitura é a seguinte: até que ponto pode ser o cérebro “normal” responsável pela inibição de recursos biológicos ao nível da sensibilidade, ou seja, de que modo pode uma alteração da anatomia do cérebro e não necessariamente de cariz doentia ou traumática, criar condições para que a sensibilidade possa proporcionar um nível de entendimento do objecto que se manifesta disponível na consciência de uma determinada realidade mental. De que forma, poderemos afirmar a irrealidade destas vivencias, pois assumem desta forma um carácter empírico de igual legitimidade que têm aquelas observadas através da sensibilidade comum. De novo volta à questão anterior, ou seja, o que é a inteligência e de que forma poderá ter um papel determinante na construção da mente humana.
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