Um estudo com o virus Ebola do Zaire mostrou que o virus pode ser recuperado de superficies secas, a 4ºC, durante vários dias [1]. Em liquidos idem. Uma das amostras secas ainda tinha virus ao fim de 50 dias [1]. O mesmo estudo mostrou que o virus pode ser transportado em particulas suspensas no ar, isto é, pode ser transmitido por aerossois [1].
Não é o unico estudo que aponta para a possibilidade não remota de transmissão indirecta. Outro estudo [2] corrobora a resistencia do virus, desta vez testada no escuro (com luz ultravioleta a resistencia é diferente [3]) e a temperatura ambiente. Neste outro estudo o virus "aguentou" cerca de 6 dias em superficies secas de vários materiais [2].
Em relação ao facto do virus poder ser transmitido por aerossois também há mais estudos. Por exemplo foi mostrado que porcos transmitem o virus a primatas "via aerea" [4]
Tudo isto parece explicar o problema do contágio aos trabalhadores de saúde. Agora sabemos que não acontece apenas em Africa em condições supostamente propícias. Acontece pelos outros paises especiais do primeiro mundo também. Os relatos dos trabalhadores de saúde infectados, são consistentes na dificuldade que refletem em indicar como se deu a infecção. Isto só por si devia levantar algumas bandeiras vermelhas.
Em relação ao facto do virus poder ser transmitido por aerossois também há mais estudos. Por exemplo foi mostrado que porcos transmitem o virus a primatas "via aerea" [4]
Tudo isto parece explicar o problema do contágio aos trabalhadores de saúde. Agora sabemos que não acontece apenas em Africa em condições supostamente propícias. Acontece pelos outros paises especiais do primeiro mundo também. Os relatos dos trabalhadores de saúde infectados, são consistentes na dificuldade que refletem em indicar como se deu a infecção. Isto só por si devia levantar algumas bandeiras vermelhas.
Embora o contágio directo seja provavelmente o modo mais comum de transmissão do Ebola, há razões para acreditar que a transmissão indirecta do virus acontece com alguma frequência.
Isto torna as medidas de protecção um bocado mais complicadas. O virus é destruido pela lexivia (10 minutos) e talvez por aí passe a solução - factos impermeaveis completos com mascara lavados na totalidade antes de serem despidos. Mas é um berbicacho.
Por estas e por outras não compreendo artigos como o que aparece no Público dizendo que o problema do Ebola "é um embuste". O autor é um médico.
Sem querer alarmar demais, longe disso, não é embuste nenhum, as mortes e a taxa de infecção são bem reais - não posso estar mais em desacordo com o autor. Existem razões para se levar esta ameaça a sério e divulgar a melhor informaçao que existe para o bem de todos.
Outra coisa preocupante que o artigo diz é que basta fazer transfusões e rehidratar e está tudo bem. E as vasculites? E a necrose hepatica? E a imunodepressão? E quando a hemorragia é nos pulmões? Também se tratam com transfusões e fluidoterapia apenas ou a taxa de mortalidade é alta? Claro que é. Mesmo com soro hiperimune não temos grandes garantias.E de onde se vao buscar tanto soro para os milhares de infectados, reais e potenciais?
Este tipo de menosprezo do problema não me parece sequer uma maneira capaz de desinquietar a população. Não com informação tão enviezada quando se pode ver que as coisas não são bem assim.
Por fim nota que são poucos os casos num determinado espaço de tempo. Mas como noutros problemas, o sinal de alerta não é dado pelo numero absoluto de casos num determinado espaço de tempo, mas sim pelo crescimento destes. E aqui temos razões de sobra para levarmos a coisa a sério: o numero de infectados duplica a cada 3 ou 4 semanas [5]. É exponencial.
Na realidade temos é razões para pensar e agir - chamar a isto embuste não ajuda nada. O "embuste", a este ritmo, vai chegar aos 20 000 casos em Novembro, quando terá um ritmo de 5000 a 10000 novos casos por semana.
Isto torna as medidas de protecção um bocado mais complicadas. O virus é destruido pela lexivia (10 minutos) e talvez por aí passe a solução - factos impermeaveis completos com mascara lavados na totalidade antes de serem despidos. Mas é um berbicacho.
Por estas e por outras não compreendo artigos como o que aparece no Público dizendo que o problema do Ebola "é um embuste". O autor é um médico.
Sem querer alarmar demais, longe disso, não é embuste nenhum, as mortes e a taxa de infecção são bem reais - não posso estar mais em desacordo com o autor. Existem razões para se levar esta ameaça a sério e divulgar a melhor informaçao que existe para o bem de todos.
Outra coisa preocupante que o artigo diz é que basta fazer transfusões e rehidratar e está tudo bem. E as vasculites? E a necrose hepatica? E a imunodepressão? E quando a hemorragia é nos pulmões? Também se tratam com transfusões e fluidoterapia apenas ou a taxa de mortalidade é alta? Claro que é. Mesmo com soro hiperimune não temos grandes garantias.E de onde se vao buscar tanto soro para os milhares de infectados, reais e potenciais?
Este tipo de menosprezo do problema não me parece sequer uma maneira capaz de desinquietar a população. Não com informação tão enviezada quando se pode ver que as coisas não são bem assim.
Por fim nota que são poucos os casos num determinado espaço de tempo. Mas como noutros problemas, o sinal de alerta não é dado pelo numero absoluto de casos num determinado espaço de tempo, mas sim pelo crescimento destes. E aqui temos razões de sobra para levarmos a coisa a sério: o numero de infectados duplica a cada 3 ou 4 semanas [5]. É exponencial.
Na realidade temos é razões para pensar e agir - chamar a isto embuste não ajuda nada. O "embuste", a este ritmo, vai chegar aos 20 000 casos em Novembro, quando terá um ritmo de 5000 a 10000 novos casos por semana.
[1] T.J. Piercy, S.J.
Smither, J.A. Steward, L. Eastaugh and M.S. Lever "The survival
of filoviruses in liquids, on solid substrates and in a dynamic aerosol "
: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-2672.2010.04778.x/full
[2]Jose-Luis Sagripanti1, Amanda M. Rom and Louis E.
Holland,"Persistence in Darkness of alphaviruses" Ebola virus, Lassa
Virus deposited on solid surfaces,
http://link.springer.com/article/10.1007/s00705-010-0791-0/fulltext.html
[3] C. David Lytle and Jose-Luis Sagripanti "Predicted
Inactivation of Viruses of Relevance to Biodefense by Solar Radiation",
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1280232/
[4] Hana M. Weingartl, Carissa Embury-Hyatt, Charles Nfon,
Anders Leung, Greg Smith & Gary Kobinger " Transmission of Ebola
virus from pigs to non-human primates",
http://www.nature.com/srep/2012/121115/srep00811/full/srep00811.html
[5] WHO Ebola Response Team