segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ervas prejudiciais na gravidez.

É errado considerar que um produto só porque tem origem directa das plantas e "é natural", é inofensivo. Algumas plantas possuem moléculas com capacidade de modificar processos metabolicos existentes. Para o bem e para o mal isto são princípios activos. Podem de facto ter efeitos benéficos, mas também podem ter efeitos prejudiciais. Ou os dois. Ou ser dependente da dose.

Um estudo efectuado em Itália pela Universidade de Verona mostrou que quase um terço das grávidas (109 em 392 mulheres) usaram destes  medicamentos considerados "naturais" por considerarem que são mais seguros que os de medicina cientifica convencional, tendo sido quase sempre uma decisão individual - não médica.


Entre os mais frequentemente aplicados pelas grávidas encontravam-se, entre outros, os preparados de aloe vera, propolis, valeriana, camomila, oleo de amêndoas e... cranberries.

As mulheres que usaram destes produtos, tiveram mais problemas relacionados com a gravidez e bebés com menor peso.

Se a decisão de tomar princípios activos deveria ser sempre acompanhada por quem sabe pesar as vantagens e desvantagens associadas a determinadas moléculas - porque o que faz alguma coisa são moléculas, nada de forças mágicas que andem aí aos pulos - isto ainda é mais importante na gravidez devido à fragilidade do ser humano em desenvolvimento. Particularmente crítico costuma ser o primeiro trimestre.

Quer tenham origem em plantas ou fungos, ou sejam já derivados de síntese produzidos em laboratório, o problema é o mesmo.

É importante conhecer bem as moléculas, o que elas fazem e que problemas podem criar. Que doses devem ser utilizadas e que interacções podem ter.  Quando nem a eficácia está muitas vezes comprovada ao menos deveriam ser exigentes em relação ao estudo dos efeitos adversos.



Aqui:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20872924

7 comentários:

Fernanda Cavassana disse...

O mundo possui uma biodiversidade de fauna e flora que na minha opinião é infinitivamente finita. E somos nós brasileiros, o mais que mais detém dessa biodiversividade.
Acho unanimamente impossível diante de toda essa variedade, fazer um banco de dados em que possamos prever todos os malefícios e benefícios de um produto floral, por isso, é essencial que as pessoas não se iludam com produtos que se dizem "naturais", pois como vc mesmo disse, ele pode causar problemas sérios, até mesmo morte, como recentemente teve o caso de intoxicação hepática de uma jovem moça de GO, se não me engano.

João disse...

Ola, Fernanda Cavassana:

Sim, pode ser muito complicado ter um registo completo dos efeitos de todas as moleculas em todas as plantas. Mas por isso é preciso uma abordagem sistematica, começando com um pequeno screening in vitro.

Não ha de facto nessecidade de ir a correr tomar sem se saber nada feito cobaia alegre. :P

NG disse...

Não são só extractos de plantas não testados que podem fazer mal à saúde.
Medicamentos autorizados também.

"http://noticias.pt.msn.com/Internacional/article.aspx?cp-documentid=155585539"

João disse...

Nuno Gaspar:

Sim, mas esses nós temos maior conhecimento sobre o que podem fazer e o que esperar deles.

Quase tudo o que poes em contacto com o teu corpo te pode fazer mal, por isso é preciso equilibrar muito bem o que entra e porque via e a necessidade que tens dessa molecula.

Se queres fazer de cobaia então não discrimines. Se não queres a melhor aposta é no conhecimento cientifico.

NG disse...

"a melhor aposta é no conhecimento cientifico".

Às vezes.
Os dois mil mortos que tomaram esse medicamento "cientificamente testado" talvez não tenham a mesma opinião.
A melhor aposta é o cepticismo, sobretudo em relação a quem se afirma dono de um conhecimento, científico ou outro.

João disse...

Não. É sempre. Mesmo que erre, apostares no que não se sabe é sempre mais arriscado.

Cepticismo como propões seria não tomar nada. O que obviamente pode não ser a melhor escolha.

Cepticismo como o meu é optares pela via mais bem documentada e mais testada.

Falhas ha sempre. Na ciencia há menos. Mas é sempre muito mais publicitada. Mas os resultados falam por si, temos esperanças médias de vida incriveis, impensaveis antes da medicina se ter tornado uma ciencia.

Preferes apostar no Diz que disse? É lá contigo, mas espero que essa teimosia seja só palavreado.

João disse...

Nuno:

Repara no entanto que apesar de se poderem ter podido evitar aquelas mortes todas se o "apelo dos 3 médicos" tivesse sido ouvido, no fim de tudo o produto acabou de ser retirado antes que se soubesse que era causador de tantas mortes.

So um estudo cientifico à posteriori permitiu saber isso. Achas que o "diz qeu disse" é capaz de avaliar estas coisas?