domingo, 29 de maio de 2011

O Rei vai nú

Existe uma historia que em inglês se chama "The Emperors New Clothes" e em português "O Rei Vai Nu" que era suposto ser uma metáfora para situações reais.

Nesta história, um comerciante engenhoso consegue convencer o Rei que as suas roupas são as melhores que há e de tão formidáveis que são, que os tecidos de que são feitas apenas podem ser vistas pelas pessoas mais excepcionais. Mas não existem roupas nenhumas, nem tecido nenhum. O Rei fica incapaz de dizer que não vê as roupas quando todos os presentes são igualmente incapazes de dizer que não vêem as roupas. O Rei finalmente aparece em público, perante todo o povo, com as tais roupas vestidas, ou seja, despido, e todos ficam quietos e calados... Até que uma criança grita que o "Rei Vai Nú." Na história original toda a gente acaba por assentir que o rei vai nu entre a galhofa total.

Mas isto está longe do que acontece na realidade. Na realidade o que acontece é o miúdo levar um correctivo. Qualquer um que diga o equivalente a "o rei vai nu" será alvo de chacota, acusação de mente fechada e claro está imbecilidade... Porque não vê as roupas.

E quando se exige perante tal certeza alheia provas que as roupas existem como terem massa, projectarem sobra ou poderem pendurar corpos, vêm as acusações de arrogância, má educação, de não respeitar as opiniões dos outros e de... Imbecilidade... Porque não vemos as roupas.

Quem já disse uma vez na vida que o rei vai nú, sabe do que eu estou a falar. Quem diz muitas vezes, sabe ainda melhor. A liberdade de expressão só existe para as coisas que se podem dizer... E por mais bonita que a história seja, a verdade é que não se pode dizer que o rei vai nu. Mas devia.

Devia, porque a quantidade de reis que vão nus são mais que os súbditos. E enquanto andarmos a pagar tecidos inexistentes por serem melhores ou tão bons como os outros os outros não vamos a lado nenhum.

É preciso para isso a coragem de defender as posições honestamente e sem passar a ataques pessoais.


A todos os que quiserem dizer o rei vai nú, mesmo que estejam enganados, os meus votos de um bom debate. E que não deixem o medo dos ataques pessoais que se seguem (oh sim, eles vêm! em todas as cores e formas)  impedir-vos de dizer o que está correcto e pensam poder justificar. Todos fizemos asneiras numa altura ou outra (errar é humano e pelo que leio dos deuses acho que também não se safam assim tão bem). Mas temos de discutir os problemas um por um sem misturar a vida ou a personalidade de quem diz o quê com aquilo que diz. Se perceberem que estão engandos cabe-vos admitir. Quem procura a verdade não está preocupado em ganhar discussões apenas por si. Acima de tudo está preocupado  em avançar no que se sabe e clarificar assuntos.

1 comentário:

Diego disse...

Caro João,
Hoje mesmo brincava com um amigo de trabalho da mesma forma que o comerciante com o Rei. Somos desenvolvedores de software e trabalhamos para o Exército Brasileiro. O caso foi o seguinte, o General perguntou se ele estava deixando comentários no código do programa, para que quem viesse depois pudesse enteder o que o código fazia. Meu amigo disse que sim e depois veio me perguntar seu eu estava deixando os comentários. Respondi que não, que o meu código já era tão claro que qualquer um entederia sem precisar de comentários, e mostrei o que estava fazendo... e logo comecei a rir... meu código é intelígivel... e aí ficamos conjecturando sobre estas situações.
Enfim, nesta história, temos alguns sentimentos que nos afastam da verdade. A ganância e a astúcia, a soberba e o orgulho e a subserviência. Mas temos a inocência da criança, sem os hábitos sociais, para Gritar... O Rei vai nú.
Parabéns pelo Post...
Vou gritar mais: O Rei vai nú!