sexta-feira, 27 de maio de 2011

Instituto Cético de Portugal

Não há. Mas devia haver. Com tanto instituto da treta que parece haver para aí (pelo menos é o que dizem fontes credíveis, já que eu dúvido que seja completamente verdade), um institudo que não há e fazia falta nesta sociadade de crendíces era um organismo multidisciplinar que fizesse uma observação activa e sistemática sobre quaisquer alegações que fossem tornadas públicas e que não tivessem justificação capaz.

A maior parte dos céticos compreende que na politica, na ética e na moral existem questões que não é possível discernir entre qual é a melhor justificação sem que algures haja uma escolha. A maioria dos cépticos dedica especial atenção àquelas coisas que são matéria de facto e ao que elas siginificam. São pessoas que procuram saber qual a melhor resposta possível, desde que não sejam questões normativas. Por isso aceitam vulgarmente a ciência como a melhor explicação para a realidade seja ela o que for, e não misturam essas questões com problemas puramente filosóficos. Por outro lado são naturalmente criticos, qualquer que seja a sua formação, e são pessoas que procuram. Estão naturalmente inclinados a procurar a assunções erradas numa alegação. São por isso as pessoas adequadas para proteger a sociedade da especulação selvagem e por vezes oportunista que representam as várias crendices.

Naturalmente que  a oposição de tal instituto à crença injustificada seria apenas verbal e sem natureza legal. A quem estiver preocupado com a parcialidade (que é algo que existe sempre) que tais pareceres possam ter fica a nota de que seriam apenas a oposição à outra parcialidade que já existe a  favor da crendice.  Seria mais como um servidor de conselhos para os cidadões tomarem de sua livre vontade e que lutaria pela sua credibilidade pelo próprio trabalho produzido. Deveria no entanto ter visibilidade  e credibilidade "à priori" para  ser consultado pelos massmedia e ouvido pelos politicos. Estas condições provavelmente exigiriam numa fase inicial um investimento económico em pessoas e em divulgação relativamente avultado. O objectivo é que depois de ser apresentado ao público o seu trabalho pudesse ser a razão da sua procura. Em relação à credibilidade é natural que seja preciso investir em pessoas idoneas e reconhecidamente trabalhadoras para estarem à frente de tal institudo. Ocorrem-me alguns nomes entre os professores universitários portugueses e se pudessemos ter convidados estrangeiros tanto melhor.

Era a maneira de concentrar a critica sistemática de todo o alegado conhecimento num unico organismo para poder dar-lhe a competencia de abordar diversas areas. E dar-lhe caracter oficial e promovendo as pessoas certas.

Não obstante tal instituto por si só não poder ter qualquer poder executivo ou legislativo (é dificil de explicar mas é obvio que tem de ser um organismo puramente académico, deixando as decisões para outros), seria desejável e devia ser um dos objectivos que esta organisação fosse houvida e procurada por tribunais, parlamentares, professores, etc, não substituindo o papel de especialistas  - quando não os tivesse entre os seus colaboradores (mas sendo capaz de apontar as pessoas certas).

Porque cada um é livre de acreditar no que quizer mas não é livre de fazer aos outros o que quizer, a burla e fraude são crimes. Têm de ser. Mas esse não deve ser um problema de tal instituto, isso é um problema para Juizes e Deputados e para outro debate. As consequencias e a intenção das asneiras impostas aos outros importam num julgamento mas isso não é a questão para o ceptico. Eu preocupo-me em exclarecer já estas limitações porque normalmente são as principais preocupações das pessoas e umas que importam salvaguardar. O direito à crença desde que não magoe ninguém.


Tem é de haver um organismo que vigie, lance alertas, e possa justificar as suas próprias afirmações. E que se consiga fazer ouvir. Penso que só aqueles que queiram abafar a discussão livre, o debate publico e não querem por em causa aquilo em que acreditam se podem opor a esta ideia de formar um instituto com estes objectivos. Mais informação leva a melhores escolhas. Isso é também uma medida de liberdade. Não saber escolher, não ter informação para escolher é limitante.

Adiante... Rentabilidade iria ser um problema sério. Naturalmente que teria de ser uma coisa sem fins lucrativos, mas seria um sorvedouro económico com poucas possibilidades de gerar dinheiro. Talvez vendendo uma revista, talvez vendendo palestras e congressos, trazendo autores estrangeiros a portugal, administrando cursos de pensamento crítico, etc. Pelo menos amenizava os custos, para evitar ser mais um fardo para um estado tão carente.

Bem, uma pessoa pode sonhar, não é? Era para o bem de todos.

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